João Castelo rompe o silêncio: “o PSDB nunca teve dono”

O ex-prefeito João Castelo (PSDB), desde que perdeu a eleição para prefeito de São Luís pouco apareceu na mídia. Em 2014, ele esteve envolvido em uma disputa com Roberto Rocha (PSB), pela vaga no Senado Federal. Após isso, fez uma campanha tímida, o que garantiu a sua vitória para deputado federal. Vez por outra ele aparece em eventos, mas sempre econômico nas palavras. Porém o tucano rompeu o silêncio.

Em meio a uma polêmica que atinge o PSDB, João Castelo respondeu algumas perguntas relacionadas ao partido, governo estadual, sucessão municipal, 2018 e pela primeira vez de forma exclusiva, ele faz uma avaliação da administração de Edivaldo Holanda Júnior (PTC).

Diego Emir – O Brandão deu a versão dele sobre a sua situação no PSDB, procede essa informação?

João Castelo – Qualquer um tem o direito de dar a sua versão sobre os fatos. Isso faz parte do processo. É importante deixar claro, porém, que o PSDB nunca teve dono ou foi tutelado por versões pessoais. Essa é a verdadeira história do partido.

Desde o começo o PSDB maranhense sempre foi um partido democrático e plural. Foi comandado por líderes com visões diferentes, caso do Roberto Rocha, Sebastião Madeira, Jaime Santana, eu mesmo e outros. Mesmo assim manteve unidade e contemplou as expectativas de seus líderes e filiados.

Nessa época não existiam boatos e nem mal-entendidos porque as pessoas se respeitavam e tinham noção da grandeza do partido. E quem estava de fora percebia isso.

Hoje o que existem são apenas versões do que acontece e de como o partido deveria ser. Deixa eu falar uma coisa para você: o PSDB é muito maior do que as ambições pessoais, do que o carreirismo deliberado.

O senhor acha que falta respeito a sua história no PSDB?

De maneira nenhuma. A militância do partido me reconhece e me parabeniza em todos os encontros. O mesmo fazem os líderes que tem história na legenda aqui no Maranhão. Deles, de quem realmente importa, eu tenho respeito.

Sempre desfrutei de grande consideração dentro do meu partido, desde quando nele ingressei há cerca de 20 anos. O próprio presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, fez o convite para que eu entrasse no PSDB. Minha solenidade de filiação foi realizada em Brasília com as principais lideranças nacionais do partido.

Hoje na Câmara Federal sou consultado em todas as decisões das bancada. O PSDB, os verdadeiros tucanos, respeitam minha história.

Ainda existe clima para continuar no PSDB? Qual será o seu futuro partido político?

Enquanto o partido seguir sua história, a de seus líderes e respeitar a própria grandeza, existe clima sim. Ocorre que em política tudo é muito dinâmico e algumas coisas mudam de rumo. Mesmo que de forma equivocada e sem a nossa concordância.

Sou um político de posições muito claras, não aceito ziguezague. Sinto-me muito à vontade, portanto, para acompanhar essa dinâmica da política.

Como o senhor analisa a participação do PSDB no governo Flávio Dino?

O governador Flávio Dino assumiu agora o governo e as medidas por ele já anunciadas – especialmente o pacote de ações apresentado logo no dia da posse – correspondem aos anseios do povo maranhense. A luta de Flávio Dino por um Maranhão mais próspero e com justiça social tem todo o meu apoio, como cidadão e como político. E o nosso partido compartilha desse sentimento de esperança.

O PSDB não está representado no governo de Flávio Dino por um cargo ou outro, mas por políticas públicas efetivas de transformação social. Participação não se dá apenas por meio de cargos ou fisiologismos. O que importa é o projeto, e o projeto do Flávio contempla o PSDB.

As minhas relações com o governador são as melhores possíveis, de respeito mútuo. Jamais fiz qualquer pedido ao governador, e estou contribuindo, nestes primeiros meses do ano, com emendas que já trouxeram R$ 5 milhões para a saúde do Maranhão e R$ 2 milhões para recuperação do centro histórico de São Luís.

Participar é ajudar e não apenas ficar fazendo pose em foto, cobrando ou sendo carregado.

O senhor acredita que o PSDB pode estar em 2018 com o Flávio?

Claro que sim. Como disse, o governador tem um projeto ousado de transformação do Maranhão, estado que hoje ocupa as últimas posições em quase todos os indicadores sociais e econômicos do País. Caso ele siga o projeto de trabalhar e melhorar o Maranhão, por que o PSDB iria deixar de apoiá-lo?

Este é um partido de história baseada na coerência de seus representantes. O PSDB nacional apoia essa cruzada de Flávio Dino por mais dignidade aos maranhenses e vai continuar apoiando desde que ela se mantenha viva.

Em relação à disputa nacional. O Castelo seguirá apoiando o Aecio Neves ou vai para a base aliada do PT?

Sou uma pessoa conhecida por minhas posições. No ano passado fiz campanha para o Aécio e se a eleição fosse hoje faria de novo. A atual situação do país impulsiona ainda mais esse desejo.

Só quero lembrar que ainda restam 4 anos para a próxima eleição. Muita coisa ainda vai acontecer. O Brasil pode continuar do jeito que está, pode melhorar ou piorar. E o próprio PSDB pode mudar sua opção.

Sendo assim, acho melhor esperar até o momento certo. Mas, se a eleição fosse hoje eu estaria sim com o Aécio.

O Luís Fernando está tentando lhe convencer a permanecer no PSDB? Ele tem chances de disputar uma prefeitura de São Luís?

Eu e Luís Fernando nunca conversamos sobre a minha permanência ou não no PSDB. Jamais houve qualquer diálogo nessa direção. Respeito-o muito como técnico.

Em relação ao pleito do ano que vem, a decisão cabe a ele. Eu vejo muita gente tentando falar pelos outros ultimamente e isso me causa certa estranheza. Política se faz quando um indivíduo decide agir em benefício do público. Essa história de sair por aí dando opinião sobre as escolhas dos outros não é comigo. Eu não me presto a esse papel.

Só quero dizer que quando fui governador, convidei Luís Fernando para assumir o seu primeiro cargo público, a diretoria administrativo-financeira da então Cohab. Juntos realizamos o maior programa habitacional de que o Maranhão tem notícia. Sempre acreditei na juventude e na capacidade empreendedora dele. Acredito que Luís Fernando, se assim o partido decidir, tem chances de disputar um mandato de prefeito de São Luís ou de São José de Ribamar.

Castelo, qual análise que o senhor faz da atual administração municipal? Avaliando esse cenário o que o senhor não teria feito, o que repetiria e o que poderia fazer de melhor?

O povo é quem melhor pode fazer esta avaliação sobre a administração de São Luís. Ele sabe o que está passando. Mas, isso não me impede de comparar as coisas. Comparar o que aconteceu com o que não está acontecendo.

Logo no primeiro ano de nossa gestão entregamos a nova avenida Santos Dumont. Uma obra grande que acabou com décadas de sofrimento do povo daquele local. Depois fizemos a Mauro Bezerra, que resolveu outro problema crônico no Caratatiua. Ainda no começo da gestão veio o Leite na Escola, o fardamento gratuito para os estudantes, a diminuição da passagem aos domingos para as pessoas poderem ter mais lazer e o Bom Peixe. Quero frisar: tudo já no começo da gestão. Não fiquei esperando e nem culpando os outros. Assumi as responsabilidades que um prefeito deve assumir.

Desde o começo trabalhamos em problemas que já se arrastavam por décadas e o empenho seguiu durante a gestão. Foi assim na avenida Mário Andreazza, no Parque Vitória, Barramar, mercados da Cohab e Liberdade e com o prolongamento da avenida Litorânea.

Do meio para o fim da gestão recuperamos todas as grandes avenidas da cidade e asfaltamos vários bairros, especialmente a Cidade Olímpica e o Conjunto São Raimundo. Na zona rural, que era esquecida, foram 46km de asfalto. Todas obras que estão aí sendo desfrutadas pela população.

E o que essa gestão fez depois de quase três? O que eu ouço do povo é que não fez nada. E o próprio prefeito confirma isso ao dizer que “não fez porque foi perseguido pelo governo”. Minha gestão apanhava dia e noite dos meios de comunicação dos sarneys e não tinha um mínimo de suporte do governo. Isso não me serviu de desculpa para ficar choramingando ou ficando preso no gabinete. Só existe um caminho contra a adversidade que é o enfretamento. E nós enfrentamos os problemas.

Já o novo prefeito, quando assumiu, disse que não podia trabalhar por causa de “herança maldita” e depois diz que não trabalhou porque foi perseguido. Depois de todo esse tempo a única coisa que ele fez foi apontar culpados pelo fracasso de uma gestão que é comandada por ele.

Eu vou falar aqui apenas alguns exemplos da herança que ele recebeu e como agiu: O Programa Bom Peixe ele fechou, a Domingueira ele acabou, a Blitz Urbana ele sucateou, a passagem de ônibus ele aumentou e o programa do Corredor Urbano, que iria render milhões de reais para melhorar o trânsito, ele abandonou e o governo do estado teve que assumir.

Nem a simples ocupação da nova sede da prefeitura esse rapaz conseguiu fazer. Deixamos o prédio prontinho e três anos depois ele está lá abandonado. Se fosse ocupado iria poupar centenas de milhares de reais de aluguel por mês.

O que temos é uma gestão que já se aproxima do seu quarto, e último, ano de mandato e o povo ainda não viu sequer a cor de uma obra.

Na eleição passada ele disse que seria a mudança. De fato, o cidadão que me encontra na rua diz que mudou, que a cidade mudou muito nos últimos três anos. Mudou para pior.

Para finalizar, eu queria responder a pergunta sobre o que eu acho que deveria ser feito. Eu acho que o Edivaldo deveria começar a ser prefeito da cidade, sabe? O principal problema dessa gestão, sem dúvida alguma, é que ela está esse tempo todo sem prefeito.

O senhor ainda tem desejo de voltar a ser prefeito de São Luís?

Sou um político movido pelo desejo do povo. O eleitor é o dono do meu destino. Na maioria das vezes que saí candidato foi atendendo a chamados, não impondo desejos pessoais. Sempre fiz questão de frisar que, na minha vida política, abaixo de Deus quem me comanda é o povo.

Fora da disputa pela prefeitura, o sr pode vir a apoiar algum candidato?  Edivaldo, Eliziane ou outro?

São Luís sempre foi a minha principal base eleitoral e estou em permanente sintonia com os anseios das grandes lideranças comunitárias da Ilha, inclusive da zona rural. Então, são essas lideranças, o povo e a classe política de uma maneira geral que me cobram uma participação ativa no processo eleitoral.

Como político atuante, com mandato delegado pelo povo, não posso me eximir de qualquer processo eleitoral no meu estado e na cidade que sempre me deu votação expressiva. Portanto, jamais estarei de fora de discussões e eleições que envolvam São Luís. Seja como na linha de frente ou dando suporte a algum outro nome.

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