Em entrevista, Roseana joga responsabilidade de parceria para o prefeito Edivaldo Holanda Júnior

De O Estado do Maranhão


Governadora, que balanço a senhora faz da área da cultura em 2013 e que projetos devem ser desenvolvidos em 2014?

Demos um grande passo na área da cultura desde 2012, com o PAC das Cidades Históricas, que foi lançado há 15 anos, no meu primeiro governo. Isso estava sem realizações há algum tempo e agora o Governo Federal decidiu fazer. O que era necessário para o Maranhão? São Luís é uma cidade histórica, talvez a mais importante do Brasil, porque aqui nós temos o maior sítio histórico do país, mais de 2.300 prédios tombados. Nós temos toda uma história e somos Patrimônio Histórico da Humanidade, adotado pela Unesco. Nós tínhamos preparado São Luís para este momento e tínhamos trazido historiadores do mundo inteiro para transformá-la em Centro Histórico. Eram três especialistas: um da Universidade de Lisboa, um norte-americano e um da Unesco. Depois disso, com o estudo que foi feito por eles e a recomendação deles, nós começamos a fazer uma restauração do nosso sítio histórico. Começamos pela Praia Grande. Tinha sido feita uma coisa muito pequena pelo governador Cafeteira, 10 quarteirões. Então, os especialistas escolheram 50 quarteirões para que a gente fizesse a restauração, embutíssemos toda a parte de telefonia, toda a parte elétrica, restaurássemos também alguns prédios históricos, déssemos vida ao Centro Histórico. Nós restauramos os 50 quarteirões e transformamos prédios que eram do Governo do Estado em residências para funcionário público, fizemos a Casa do Maranhão, a Casa do Artesanato, a Casa do Artista, enfim, restauramos toda a parte dos museus, que eram 28 casas de cultura. Saí do governo, em março de 2002, e quando retornei, em maio de 2009, para minha surpresa tudo o que nós tínhamos feito continuava como estava, não foi dada uma sequência. Parou ali e ficou sete anos sem ser feito nada. E tudo que é antigo, se você não dá uma revisão sempre, não está sempre restaurando, vai embora. Então, foi isso. A gente teve de preparar tudo novamente. E com esse PAC das Cidades Históricas, o Iphan não tinha recursos para contratar uma gerenciadora para fazer projetos, e o Governo do Estado entrou com essa parte, que é em torno de R$ 16 milhões. Contratamos, e agora estamos fazendo os projetos com o Iphan. Estamos dando sequência a esse grande projeto que foi feito lá atrás e ficou parado durante sete anos. Essa restauração que está sendo feita na Igreja da Sé e no Museu de Arte Sacra nós já tínhamos feito, mas, como não foi preservado, temos que fazer de novo. Estes casarões precisam sempre de manutenção, e é isto que nós estamos fazendo para ser um Centro Histórico respeitado no Brasil.

E além desses projetos, governadora?
Claro que na área de cultura popular a gente continua dando força para as festas populares do Maranhão para preservar nossas raízes. Estamos fazendo livros de editoração, revitalizando as casas de cultura. Algumas já estão sendo colocadas nos sites para ter visitação, já fizemos a biblioteca (Pública Benedito Leite), que está bem modernizada, e estamos fazendo ações no interior também.

Governadora, neste ano tivemos grande destaque no cinema, com alguns filmes maranhenses tendo destaque nacional. Há algum projeto de cursos de aperfeiçoamento para revelar esses novos talentos na área cinematográfica no Maranhão?
Nós fizemos a Lei de Incentivo à Cultura, que eu acho que é uma das coisas mais importantes na área da cultura, que vai possibilitar, na área do cinema, do teatro, em qualquer área, a captação de recursos e empregar na área que for aprovada pelo comitê que sanciona esses projetos.

Governadora, a Lei de Incentivo ao Esporte, instituída recentemente, ajuda muito o esporte amador, mas o futebol profissional, que tem destacado o Maranhão nacionalmente, ficou de fora. E recentemente houve uma mudança no texto, que foi aprovada, e está faltando a sanção da senhora para ela entrar em vigor em 2014. Qual a previsão para esta sanção?
Esta é uma coisa que a gente está discutindo. Eu acho, claro, que é preciso dar uma força para os esportes profissionais, mas eu creio que a gente precisa dar uma maior força ainda para os esportes amadores. Se a gente está fazendo uma lei que é para ajudar a incentivar o esporte do nosso estado, ela não precisa ter para o esporte profissional. O esporte profissional é dos clubes. Eles são independentes e têm o dinheiro deles. Eu já fiz o Nota na Mão, que ajuda bastante os clubes profissionais. O que eu quero é desenvolver o esporte amador do nosso estado, porque não adianta você ter um clube de futebol e ter de pegar jogadores de outros do país para montar um time. Eu quero que atletas maranhenses joguem nos nossos times. Eu quero que a gente possa ter representatividade também no nosso esporte. Como hoje a gente já vê uma atleta de handebol, que acabou de ser campeã, no basquete. Eu acho que a gente tem de incentivar nossos atletas. Essa mudança no texto pode até abrir uma fatia desse dinheiro para os clubes, mas eu vou fazer uma limitação. Eles já têm dinheiro e ingresso. Vendem camiseta. O amador é que não tem de onde tirar.

Já foi reformado o Castelão e agora o Estádio do Moropoia, em parceria com a Prefeitura (de São José de Ribamar), mas o Costa Rodrigues, que é um templo do esporte amador, ainda não ficou pronto. A senhora pode dar uma previsão de quando a obra será concluída?
Nós conseguimos uma emenda do Governo Federal na qual nós demos uma contrapartida, e esta emenda era até certo limite. Então, foi feita uma primeira licitação até esse limite. Foi entregue até esse limite e agora o Estado vai assumir sozinho. O resto nós vamos entregar até o fim do ano. Isso tudo porque receberam o dinheiro e deram como concluído e nós atrasamos a obra porque quem iria responder por essa obra que não foi feita, que foi recebida como se fosse feita, seria eu. E aí eu estaria corroborando uma coisa que não era correta. Como é que a pessoa gastou R$ 5,5 milhões numa obra, disse que estava toda pronta e a obra estava toda no chão? Então, conseguimos uma emenda. Passamos dois anos para que o Ministério Público tomasse conhecimento e nos autorizasse a fazer a obra. A partir do momento em que o Ministério Público disse que podíamos continuar, nós fizemos a licitação, e dentro dessa primeira parcela de R$ 2,3 milhões ou R$ 2,8 milhões, não lembro o valor exato, foi feita a primeira etapa. Como acabou o dinheiro federal, o Estado vai entrar para concluir a obra, e eu já disse que não saio sem essa obra estar concluída.

Governadora, o que a senhora acha que faltou para São Luís ser uma subsede da Copa do Mundo? Isto está descartado?
Não, não está descartado ainda. Mas a gente tentou porque nós temos estádio. Eu disse inclusive que a gente poderia ceder o estádio. O nosso estádio é completo. A Alemanha pegou um terreno na Bahia e vai construir uma sede. Eu cedo o estádio porque dentro dele tem lugar para fazer tudo. Até cozinha tem lá. Então, se eles fizerem, se a gente fizer, não tem problema. Eu estou tentando, porque Fortaleza vai sediar quatro jogos, não serão fixos, e nós estamos muito distantes das outras sedes. A mais próxima é Fortaleza. Então, para eles pegarem um avião vai se cansar muito. Eles querem ficar no mesmo hotel durante a Copa e só se deslocar para o local dos jogos. Se tivesse aqui, Belém, mas São Luís, Manaus, são três horas de voo. É difícil mesmo.

Recentemente, a senhora apareceu com a camisa do Sampaio. A governadora torce pelo Sampaio?
A vida inteira. Eu tenho um tio falecido, irmão de minha mãe, que foi presidente do Sampaio Corrêa, José Carlos (Macieira). Era médico, foi presidente. Então, eu ia lá, conheço o campo, eu ia em jogo no Nhozinho Santos e ele era Sampaio Corrêa. Os meninos não eram e as mulheres lá de casa, eu e minha mãe, ficamos Sampaio Corrêa. Os meninos são Maranhão, e meu neto agora é Moto Clube.

Muito se comenta sobre a demanda de médico por habitante no Maranhão, que ainda está aquém disso, mas o governo está agindo, inclusive construindo hospitais na capital e no interior. Nesse aspecto, em que avançou seu governo em 2013?
O maior avanço, na realidade, vai ser em 2014. Em 2013, a gente avançou um pouco mais. A gente tinha proposto a entrega dos 62 hospitais de 20 leitos, mas não conseguiu entregar os 62. Nós entregamos 29 dos de 20 leitos. Mas já foi um avanço para onde não tinha nada, pois entregamos com médicos, equipamentos, com tudo. Do restante, nós já temos totalmente concluídos mais 18, faltando alguns equipamentos e alguns faltando médicos. Então, nós estamos reformulando os hospitais de 20 leitos, que são nas cidades menores, estamos reformulando o conceito, que é oferecer a saúde básica. Não serão hospitais de média ou alta complexidade. Vai ser um hospital de atendimento básico, coisas que, para resolver, se pegava uma ambulância e ia para outro hospital. Se tiver um caso mais complicado, a pessoa será levada para um hospital maior. Antes, o projeto previa salas de cirurgia. Hoje, nós as estamos tirando porque há uma obrigatoriedade em termos de anestesista permanente em cada um desses hospitais. Nós estamos tendo problemas com anestesistas permanentes. Nós temos uma equipe de anestesistas. Então, nestas minhas viagens para o interior pelo Governo Itinerante, nós fazemos alguns mutirões de cirurgias. Teve dias em que operamos 30 pacientes de hérnia, fizemos operações de catarata e outras cirurgias. Isso serve como um adiantamento. Nos casos mais complexos, os pacientes terão de se deslocar para um centro maior. Todos estes hospitais que nós estamos inaugurando têm um centro de atendimento onde, se existe uma situação emergencial e complicada, imediatamente outro hospital que possa atender será disponibilizado e o paciente deslocado.

O programa no interior vai bem?
Dos 72 hospitais, nós fizemos uma reformulação. Dos que não estavam na programação, já começamos o de Bacabal, o de Santa Inês, o de Pinheiros, o de Balsas, o de Imperatriz, o de Viana. São hospitais que não estavam na programação e nós estamos fazendo. Por que nós reformulamos? Por que em cada lugar vai ter um hospital de média e alta complexidade, com UTI e tudo. Outra coisa: estamos fazendo um convênio com as prefeituras, dando R$ 60 mil para pagar o médico e os enfermeiros. Até março, a gente inaugura o PAM Diamante, e aí vai valer a pena a demora. O povo merece um serviço de qualidade. Eu fui a Lago dos Rodrigues, onde inaugurei o primeiro hospital, e está tudo igual a quando entreguei. O povo conserva o local. Agora, tem muitos hospitais que não foram entregues porque os prefeitos não querem, porque tudo isso foi assinado com prefeitos (que não se reelegeram). Eu estou muito otimista. Otimista é minha palavra de ordem. Acho que 2014 vai ser o coroamento de todas essas ações que nós fizemos. No fim do meu mandato, nós vamos deixar o Maranhão bem estruturado.

Governadora, o prefeito de São Luís (Edivaldo Júnior) fala muito em parceria e o Governo do Estado não parece contrário a isso. Como a senhora vê essa situação?
Não somos contrários. Ele fala em parceria, mas só quer dinheiro. Parceria é outra coisa. Por exemplo, uma parceria na área de sustentabilidade, quando eu faço a Avenida do Quarto Centenário, quando eu faço a Via Expressa, quando eu estou duplicando a Holandeses, é uma parceria, ou não é? Mas ele não aceita aquilo como parceria. Ele quer dinheiro. Eu tenho parcerias com a União nas quais eu não recebo um tostão, mas eu tenho a parceria com ela. Agora, nós vamos fazer essa parceria, mas estou desde os protestos esperando uma resposta dele a um telefonema meu, mas ele nunca veio. Ele quer uma parceria na saúde, mas essa parceria é para a gente sustentar o Socorrão. Isso é inviável, porque eu não tenho dinheiro. Até faria, se eu tivesse. Parceria não quer dizer dinheiro e sim cooperação. Eu faço esse serviço, ele faz aquele. Ou eu tomo conta dessa avenida, ele toma daquela. Ou você faz uma parceria no Carnaval, no São João, numa festa da cidade. Eu estou à disposição. Eu sempre fiz parceria, até porque eu sempre trabalhei pela cidade, porque quando você trabalha por qualquer cidade está fazendo uma parceria com o prefeito. Ou não é? E se ele quiser vir falar comigo, tudo bem. Eu já chamei, ele mandou uma equipe, o chefe de gabinete veio falar com João Abreu (chefe da Casa Civil), mas ele não vem conversar. Isso não é uma crítica, eu não estou fazendo crítica, mas na realidade não existe uma parceria porque parceria não é necessariamente dinheiro. No que precisar, nós estamos na parceria. Eu quero pelo menos conversar com ele, para saber o que ele pensa sobre parceria. Semana passada veio vieram aqui falar de parceria na saúde, que seria tomar conta do Socorrão, mas parceria é oferecer saúde de qualidade para a população. Mas nós já estamos com dois hospitais aqui, vamos entregar o terceiro, que é o PAM Diamante, que vai dar mais saúde para a população. Já entramos com cinco UPAs. Isso tudo é uma parceria. Com as UPAs, eu tenho certeza de que melhorou muito esse atendimento do Socorrão. Nós estamos abertos a ele ou a qualquer outro prefeito. Parceria é você trabalhar em conjunto para melhorar a situação do povo.

Governadora, a senhora falou em parcerias com o Município e um dos problemas da capital é a mobilidade urbana. Nessa área, o Governo está construindo grandes avenidas, como a Via Expressa e a Quarto Centenário. Quando estas obras serão entregues?
Já era para termos entregue a Via Expressa e a Quarto Centenário. A firma que construía a Quarto Centenário faliu. Não foi um problema nosso. Nós estamos tentando resolver para entregá-la em fevereiro. E na Via Expressa nós tivemos aquele problema do Vinhais Velho, que atrasou um pouco, mas estamos dando andamento agora sem maiores problemas. As duas avenidas serão entregues em fevereiro, assim como a urbanização do Espigão (da Ponta dAreia), que esperamos entregar em fevereiro, e a duplicação da Holandeses, além de outras obras que estamos fazendo, menores, mas que estamos fazendo em São Luís são para serem entregues agora. Mas já entregamos uma escola no Coroado, estamos fazendo a Unidade de Polícia Comunitária (UPC), já entregamos a da Vila Luizão e vamos entregar uma no Coroado. Já colocamos à disposição da população de São Luís quatro Restaurantes Populares. Enfim, são várias obras, de menor porte, que estão sendo feitas em São Luís, mas também temos obras no Maranhão todo. E uma coisa que eu estou ansiosa e que atrasou foi o Italuís. Fizemos um empréstimo na Caixa Econômica para fazermos essa obra, mas a Caixa atrasou o repasse desde setembro e os empresários estavam querendo parar. Nós estamos tentando fazer uma negociação para resolver e poder entregar o mais rápido possível. Mas tem outra coisa. São Luís é abastecida pelo Italuís, pelo Sistema Sacavém, e pelo Batatã, que está com problema porque está sem água. Se não chover logo, teremos muitos problemas.

O Governo afirma que houve avanços na educação. Foi assinado o Estatuto do Magistério, que era uma demanda antiga dos professores. Foi discutida a criação de um Plano de Estado para Educação, durante Conferência Estadual. As escolas começaram a receber tablets, entre outras conquistas. Quais são os desafios do Maranhão para continuar avançando em 2014 nesta área?
Nós temos dois grandes desafios. Um deles é conscientizar nossos professores, os alunos e a família do papel de cada um, porque estrutura nós estamos dando. Estamos abrindo agora os centros de treinamento para os professores. Então, a conscientização dos professores de que têm que ensinar, dos alunos de que têm que aprender e da família, porque ninguém vai a lugar nenhum se não tiver a família. Outro ponto é que o Maranhão ainda é o estado mais rural do Brasil. Nós temos muitos professores, mas você colocar um bom e uma escola de ensino médio em um lugarejo onde tem 30 famílias, isto nós não temos condições, nós não temos recursos, nem professores para ir. Esses dois são problemas sérios. Além disso, não temos professores nas áreas de exatas e de línguas. Por mais que se faça concursos, não conseguimos contratar professores de física, de química, de matemática e de línguas. A gente já fez um concurso para 5.500 professores e só conseguimos preencher três mil e poucas vagas.

Onde está o problema para a falta de mão de obra capacitada?

O problema é estrutural no Brasil inteiro, mas no Maranhão é maior por causa da nossa área rural.

E quanto aos avanços mais recentes na educação?Nós conseguimos passar em torno de 90% das escolas do ensino básico para as prefeituras, e isso é uma coisa boa. Estamos conseguindo montar agora o ensino médio, e estamos pensando em utilizar o ensino à distância novamente. Os avanços são estes, o treinamento dos professores, o tablet que a gente deu, as condições escolares que a gente melhorou, pegamos mais de 7 mil professores fora da sala de aula. O maior avanço foi o Estatuto do Magistério e as promoções, progressões. Tudo isto nós fizemos. Assim como nós fizemos também o Plano de Cargo e Carreiras do Servidor Estadual. Eu desconheço estado que já tenha feito isso. Ah, e o dos militares também.

Governadora, um tema que está em evidência no estado é a segurança. O que a senhora tem a dizer sobre o assunto?
Nós demos um grande avanço na área de segurança com as mudanças que fizemos. O problema são os presídios, onde nós temos deficiência, porque eram ambientes viciados. Então, quando a gente conseguiu trocar o secretário e ele colocou a mão na ferida, aconteceu que agentes penitenciários ficaram contra, porque existia um processo de anos em que não se faz isso. E quando nós botamos a mão na ferida, começaram as chantagens, as mortes, para que a gente derrubasse o secretário, para que eles pudessem ter de novo as liberdades que eles tinham, mas nós sustentamos. Nós temos hoje 2.700 presos, mas mais da metade deles não foi julgada pela Justiça. É provisória. A Justiça é lenta. Também temos esse problema. Nós gastamos R$ 3.500,00 com um preso e o Maranhão não é rico para gastar isso com ele. Estamos respondendo o relatório do CNJ, reunindo todos os dados. Hoje, temos condenados 718 presos e 1.973 à espera da Justiça. A população carcerária total é 2.704, 274% a mais à espera da Justiça. Por isso é que há essa superpopulação. Mandam todo mundo para lá. Só os que aguardam julgamento excedem a capacidade de Pedrinhas. Nós temos deficiências.

E a inspeção do CNJ?
Eu estou revoltada porque aquele vídeo não é daqui, é dos Estados Unidos. E foi avisado, o (Sebastião)Uchôa – secretário de Justiça e Administração Penitenciária – avisou, mas o juiz botou no relatório, e o Brasil inteiro achando que aquele vídeo é daqui. Não existiu estupro em Pedrinhas, mas só hoje nós conseguimos comprovar. Foi aberto inquérito, chamamos os agentes que entregaram o vídeo para serem interrogados e eles disseram que o vídeo é dos Estados Unidos. E eles (os membros da comissão do CNJ) não visitaram o local porque era dia de visita, não foi proibido. Em 2004, durante o Governo José Reinaldo, firmaram dois convênios para a construção dos presídios no sistema de pré-moldados em Pinheiro e Santa Inês, mas nada foi feito. Em 2006, o (governador) Jackson (Lago) também não fez. Em 2009, no fim do ano, o prefeito de Pinheiro orientou os vereadores a votarem uma lei proibindo a construção do presídio no município. Em 2010, foi o ano da eleição, não se andou com isso. Em 2011, eu eleita, aconteceram as decapitações daqueles presos em Pedrinhas. O ministro da Justiça esteve aqui e disse que em três meses nós teríamos dois presídios aqui. Firmamos dois convênios, Pinheiro e Santa Inês, para a construção dos presídios no sistema de pré-moldados. Quando já estava em processo de licitação, veio uma contraordem do ministério dizendo que não era possível seguir com o processo naquele modelo de pré-moldado, pois o Governo Federal não aceitaria aplicar os recursos e que eles indicariam um novo sistema. Nós perguntamos para eles antes, que disseram tudo bem fazer em pré-moldados, nos deram até os nomes de umas firmas que estavam fazendo em Salvador e outros locais. Mandamos licitar dessa forma e um promotor de Goiás dizendo que estas firmas eram inidôneas. Daí eles mandaram imediatamente uma ordem para suspender. Nós tiramos da licitação e eles pediram para modificar o projeto. Modificamos o projeto para construir da forma convencional. Mandamos para eles e eles não nos deram resposta. No dia 29 de junho, nos disseram que estava tudo ok e no dia 30 de junho eles pegaram os R$ 22 milhões de volta, alegando que havia um decreto da presidência segundo o qual, como nós não tínhamos começado a construção teria que pegar o dinheiro de volta, mas não começamos por causa desse problema. Mas agora nós estamos fazendo com o dinheiro do Estado, o que eu particularmente acho um absurdo, porque se há um departamento penitenciário, eles (os órgãos federais) deveriam nos dar o projeto. Podem fazer tudo lá, até a licitação e a execução da obra. Agora, o Estado, que é pobre, terá de construir sete penitenciárias. A gente não sabe nem se precisa, porque há 1.900 presos aguardando julgamento. Cada preso desses custa para o Estado R$ 3.500,00, e a tendência agora é terceirizar essas penitenciárias.

Além da questão penitenciária, houve avanços na segurança pública?
Nós fizemos uma reformulação na segurança pública. De qualquer forma, a violência teve um aumento no Brasil todo e no Maranhão foi proporcional. Essa violência está aumentando por causa das drogas. Nós temos participação? Temos, porque é dentro do nosso estado, mas nós deveríamos ter um reforço nas fronteiras, porque as drogas entram pelas fronteiras. A Polícia Federal deveria ser mais ágil nesse ponto, porque está sobrecarregando os estados. Nós melhoramos colocando as câmeras de videomonitoramento nas avenidas, compramos carros, motos e armas, realizamos concurso público. A segurança está melhorando. Mudamos a direção da polícia. Tem uma melhora mais sensível.

Governadora, a senhora estava falando de investimentos. A gente tem aqui no Maranhão um centro de lançamentos que é um dos mais importantes do mundo e ano que vem vai retomar o lançamento de foguetes de grande porte, que é o caso do VLS. De que forma o Governo do Estado está fazendo parcerias para que a gente possa aproveitar também esses investimentos espaciais?
Veja bem. Nós participamos quando foi feito aquele acordo com a Ucrância, com a Cyclone. Enquanto o Roberto Amaral estava na presidência, ele vinha e a gente conversava. Depois, parece que houve uma parada e nós ainda não retomamos a conversa. A princípio, o que eu pedi a eles foi que nós montássemos um centro de estudos em Alcântara. Para que a gente possa aproveitar nossos jovens lá, onde vai ser montada uma escola técnica, para que também forme os técnicos que possam trabalhar lá e também nos ajudar aqui. Então, isso está mais ou menos acertado. Nós estamos aguardando a definição do Governo Federal porque isso é uma decisão deles. Quando foi feito o acordo da Ucrânia eu estava no Senado, e fui a relatora do projeto, mas depois foi tendo modificações, e o que eu pude fazer nesse intervalo em que deu essa parada foi a ida do IFMA para lá. Eu pedi que eles montassem uma sala do ITA para pegar nossos alunos lá. Uma parceria que nós conseguimos muito forte com o Lula e a Dilma foi colocar muitos IFMAs no Maranhão. Isso é uma parceria. Eu não tive dinheiro nenhum. A parceria foi conseguir que os prefeitos dessem os terrenos, mas foram eles que montaram tudo. E eu acho que foi das melhores parcerias que nós fizemos. Quando eu estava no Senado, nós trouxemos 18 IFMAs, e depois eles fizeram mais 10. E também conseguimos com a UFMA montar mais três faculdades de Medicina no Maranhão. Uma parceria que eu acho que é excepcional para a gente.

Governadora, chegou o ano eleitoral, e a senhora comanda um grupo com 15 partidos que têm representatividade na Assembleia, no Congresso, na base do Governo. Como é que o grupo chega em 2014?
Nós estamos chegando até agora unidos. Até agora, não tivemos nenhuma grande perda de que eu tomasse conhecimento. Enfim, é um ano eleitoral. Se perde aqui, ganha ali, isso sempre acontece. Mas nós estamos chegando para disputar, com chance de ganhar, com um bom candidato, com uma estrutura forte de partido, de lideranças políticas e com trabalhos feitos para o Maranhão que nos habilitam a termos candidatos próprios não só para governador, mas para senador, deputado federal e estadual.

Qual sua avaliação sobre o pré-candidato Luis Fernando Silva?
Não é uma escolha pessoal. É uma escolha do grupo. Recaiu sobre ele porque teve uma experiência administrativa muito exitosa. É um jovem preparado, professor universitário, e conhece a máquina do Governo do Estado. Para que isso pudesse ir adiante, todo mundo achou que precisava de alguém que tivesse experiência. O Maranhão hoje está passando por um período de mudanças muito positivas. Nós preparamos a infraestrutura necessária e hoje é um estado que se desenvolve e rapidamente está se industrializando e está crescendo mais q1ue o Brasil. Se você pega os dados do IBGE de 2009, que foi o ano em que eu entrei, com um PIB de R$ 38 bilhões e pega 2011 com um PIB de R$ 53 bilhões, você vê o crescimento estupendo do estado. Então, precisava de uma pessoa que levasse isso adiante, porque as pessoas às vezes não mudam nada e tudo vai para trás, nada vai à frente. Então, nós entramos e o que fizemos? Nós atraímos indústrias e investimentos, geramos empregos. Estamos preparando os jovens com o Maranhão Profissional. O Maranhão está efervescendo, realmente. Se você for para o interior, para Godofredo Viana, que foi um dos municípios que mais cresceram, que tem mais de 1.500 empregos diretos gerados pela mineradora; se você vai ali a Centro Novo, onde fiz a estrada, está sendo montada outra mineradora. Se você vai no centro do estado, você vê o gás lá em Santo Antônio dos Lopes. Você vai por ali tudo e não encontra uma vaga de hotel. Eu paguei em um hotel de Presidente Dutra uma diária de R$ 380,00. Quer dizer, é tudo lotado o tempo inteiro. Hoje, o Maranhão já é a capital da energia do país em energia termoelétrica. Nós já somos o primeiro estado, quando há três anos nós éramos zero. Se você vai para Paulino Neves, já tem lá um projeto para começar a exploração da energia eólica. Se vai para Imperatriz, a Suzano atraiu mais duas empresas para lá. Tem também a aciaria de Açailândia. Só nesses últimos tempos, 780 novas empresas se cadastraram no Maranhão. Então, realmente é uma coisa para a gente se orgulhar.

Semana passada, foram reabertas as conversas com o PSDB, que hoje faz parte do campo da oposição. Há uma possibilidade real de aliança com o PSDB ou outro partido oposicionista?
Eu não estou fazendo essas conversas. Quem está fazendo isso é o próprio candidato, evidentemente esta é uma atribuição do candidato. É Luis Fernando quem está fazendo estas conversas. É ele quem está mobilizando para fazer essas conversas. E é assim que tem de ser. O candidato é quem abre a conversa.

Em relação ao Senado, já há alguma definição?

Não, não tem definição para o Senado.

Que avaliação a senhora faz da relação do Executivo com o Poder Legislativo e da relação da governadora Roseana Sarney com o prefeito de São Luís, Edivaldo Junior?
Minha relação com o Poder Legislativo sempre foi muito boa. Nunca tive nenhum problema. Evidentemente que eu sou acostumada. Fui deputada federal também, fui senadora e essa relação, que às vezes muitas pessoas acham que são críticas, nós nunca tivemos nenhuma crise, e eu me dou muito bem com o Poder legislativo. E com Edivaldo (Júnior) eu também nunca tive nenhum problema com ele. Gosto dele, acho ele um rapaz bom. Acredito até que o problema não é comigo, o problema é da base dele. Acho até que ele quer vir conversar comigo. E eu me dou bem com ele. No que eu puder ajudar, evidentemente eu ajudarei.

Em relação aos secretários que devem se candidatar em 2014, quando eles se afastam, como é que o Governo vai recompor os quadros?
Isso é um problema. Eu quero que eles se afastem agora, até dia 15 de janeiro, mas talvez não vá dar tempo, porque eu tive um problema com minha mãe, que quebrou o joelho e vai ter que operar, e também porque fim de ano todo mundo tira o pé do acelerador, muita gente viaja. Então, eu estou esperando todo mundo chegar para que a gente possa conversar e entrar em um entendimento. Agora, como são muitos – tenho a impressão de que giram em torno de 10, 12 -, a gente colocar isso não é fácil porque, como é ano de eleição, muita gente vai querer ficar com sua base, e eu vou colocar técnicos nessa recomposição. Minha intenção é colocar técnicos. Eu quero que tenha uma imparcialidade no Governo porque tem muitos candidatos e todos os deputados e secretários me ajudaram. Então, que se empate o jogo, nas mesmas condições para a disputa.

Governadora, a senhora estava falando arrumando o cabelo. Dá tempo de manter a vaidade mesmo com tanto trabalho? A senhora cuida da alimentação? E como está a saúde?
Não muito, mas eu tento. Claro que mulher sempre gosta de se ajeitar. Eu não sou diferente de nenhuma mulher. Eu gosto de cozinhar, eu gosto de ser dona de casa, eu gosto de botar um arranjo de flor. Não gosto de quando fico mais gorda. Tudo isso é preocupação de mulher normal. Eu sou uma mulher normal como outra qualquer. A velhice está chegando. Então, eu tenho que me preparar, passar um creme melhor. Mas eu não tenho muito tempo. Essa é a realidade. Não sou extremamente vaidosa, mas eu sou cuidadosa comigo mesma. Não faço ginástica – uma falha que eu tenho, impressionante -, também não cuido muito da alimentação. A minha saúde não é das melhores. Até que com a velhice está melhorando, mas eu tento encarar com naturalidade, porque se não fosse assim eu seria o tempo inteiro uma pobre coitada e eu não quero ser isso.

1 thought on “Em entrevista, Roseana joga responsabilidade de parceria para o prefeito Edivaldo Holanda Júnior

  1. “Gosta de fazer tudo que uma mulher faz”, resolver o problema da falta de segurança em no Maranhão NADA!! Porque se fosse só em são luis, ja tava ruim de mais! O caso é que no interior do estado tambem rola violencia, ta complicado falar pra alguem de outro estado que somo maranhenses, é a mesma coisa que dizer, SOU BURRO!!

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