Por Daniel
Blume,

Conselheiro Federal da OAB pelo Maranhão

A quizila entre esquerda e direita, que monopoliza o Brasil e desarmoniza os seus poderes, tem ameaçado os rumos da Ordem dos Advogados do Brasil. As prioridades da OAB não podem ser conduzidas pelo maniqueísmo político que açambarca o país.

É necessário foco na sua defesa, especialmente em tempos de CPI da COVID-19, quando colegas advogados, no exercício de nosso múnus, têm sido reiteradamente desrespeitados em suas prerrogativas e honra — fato público e notório explicitado na mídia e nas redes sociais, em detrimento inclusive da imagem de nossa atividade profissional. Advogados de investigados e de testemunhas têm sido silenciados, constrangidos e até expulsos das sessões.

É preciso atenção ao fenômeno denominado de proletarização da advocacia. Há advogados que, efetivamente, por meio de seu trabalho, conquistam, única e basicamente, a sobrevivência. Decorre da desajustada qualidade e quantidade dos cursos de Direito no país. Urge o controle dos ímpetos ideológicos, incompatíveis com a natureza da Instituição que não pode permitir o catastrófico desvirtuamento de suas prioridades, especialmente em um momento pandêmico de polarização política, por vezes, irracional. A OAB precisa escapar destas armadilhas político-partidárias. Não convém uma guerra fria institucional.

Atualmente, algumas lideranças da Ordem têm perdido o rumo. Seguem pelas curvas da política sem o necessário respeito aos princípios jurídicos próprios do equilíbrio. Não somos defensores da direita ou da esquerda, mas da necessária prudência da OAB diante do aparato político-partidário. Quando o governante cometer um deslize, devemos reprová-lo dentro dos critérios de racionalidade, sem partir — de chofre — para as medidas mais traumáticas de que dispomos.

A melhor medida não é acirrar debates ou tomar partidos, mas praticar o diálogo, próprio de quem tem a intermediação como requisito de suas finalidades. Caso contrário, a OAB será envolta por uma tempestade sem precedentes. Afinal, melhor rever os riscos que a instituição pode estar correndo diante dos sinais de inconsequências.

A Ordem precisa avançar nas pautas positivas para a Advocacia, com olhos não apenas em seu passado glorioso, mas também no futuro de importante profissão, que possui a responsabilidade de ser o caminho do povo ao Judiciário, em busca de seus direitos ameaçados ou ofendidos. A violação das prerrogativas de um advogado é a ofensa aos direitos de toda a advocacia e o comprometimento de seus objetivos sociais.

Precisamos de calma e temperança, bem assim de uma mensagem de luta e de esperança. Uma mensagem de que o pior já passou e de que a vida pode retornar cuidadosamente ao normal. Uma mensagem de que há atitudes e discussões na OAB para além do radicalismo político que estagna o Brasil, porque, quando os poderes públicos travam, cabe à Ordem agir pela ordem.

3 thoughts on “A Ordem pela ordem

  1. Sim, concordo plenamente no sentido de que algumas lideranças de OAB têm perdido o rumo. Conduzem através de facetas políticas sem a cautela do respeito aos princípios jurídicos próprios e até mesmo garantismo constitucional. Infelizmente. Parabéns pelo artigo!

  2. Sim, concordo plenamente no sentido de que algumas lideranças de OAB têm andado por caminhos tortos. Conduzem através de facetas políticas sem a cautela necessária para respeitar os princípios jurídicos próprios e até mesmo o garantismo constitucional. Infelizmente. Parabéns pelo artigo!

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