“Não existe crise no governo, mas sim uma turbulência”, diz Joaquim Haickel
O IMPARCIAL
Deputado estadual, deputado federal e experiência de vários governos, Joaquim Haickel é conhecido como um dos melhores estrategistas do grupo governista. Em entrevista exclusiva a O Imparcial, ele fala sobre o que vem ocorrendo. Descarta uma crise, mas é inegável uma turbulência por conta de algumas mudanças.
Comparando cenário político com um tabuleiro de xadrez ele diz: “havia peão querendo ser bispo, cavalo querendo ser torre e torre querendo ser rei. Só a rainha desse tabuleiro estava desde sempre falando a verdade”. Porém ainda acredita na vitória do seu grupo e que Lobão Filho é melhor nome no momento.
Sobre a oposição, diz que eles só tem a mudança no discurso e nos rostos que estão sendo oferecidos a população, mas que nada se diferem da maioria dos políticos, tanto que chega a comparar deputados e lideranças governistas com oposicionistas.
Confira na íntegra a entrevista:
O Imparcial – Existe uma crise no grupo governista neste momento?
Joaquim Haickel – Desconhecer que há problemas seria um contra censo. Só não chamaria o que está acontecendo de crise, mas sim de turbulência, ocasionada por uma mudança brusca na direção dos ventos, na temperatura e na pressão atmosférica. Nada que seja insanável. Algo que incomoda, mas que não chega a ser ruim. O que está acontecendo são coisas que mudam o panorama para o qual estávamos nos preparando. Agora vai ter que haver um reordenamento das coisas.
O que o senhor acha que pode ter ocasionado esse momento?
Em minha opinião, o que consolida um grupo é a convivência, é o conhecimento do outro, o companheirismo verdadeiro. Neste intuito jogar conversa fora é a coisa mais produtiva que se pode fazer na vida. São dessas conversas que parecem improdutivas que saem as mais importantes decisões que os homens tomam em suas vidas. Sair para almoçar ou jantar, jogar bola, ir ao teatro ou ao cinema juntos. São coisa como essas que fortalecem um grupo, que o torna unido, coeso.
Faltou também planejamento estratégico, político, eleitoral, uma coisa que a falta desse hábito e de sua boa prática acabou em nosso grupo há muito tempo, foi coisa colocada em desuso devido ao sucesso de outra forma de fazer política, que até deu muito certo por algum tempo, mas, que demostrou ter vida curta. O que se tentou na verdade foi renovar nosso grupo e a forma encontrada para fazer isso foi equivocada. Resolveram que deveriam mudar o estilo e junto com ele, praticas “obsoletas”, só se esqueceram de colocar no lugar destas, outras que fizessem suas funções, indispensáveis ao funcionamento da política.
A nossa sorte é que nossos adversários também não possuem essa convivência, esse companheirismo, eles não são coesos. Eles têm um chefe, estão indo no mesmo caminho.
Mais recentemente faltou ação enérgica e definição clara por parte de algumas peças desse intrincado jogo de xadrez. Havia peão querendo ser bispo, cavalo querendo ser torre e torre querendo ser rei. Só a rainha desse tabuleiro estava desde sempre falando a verdade. Ninguém acreditou que ela realmente fosse sair do jogo. Acredito que ninguém tentou realmente demovê-la desse intento. Caso seja verdade o fato de que alguém tentou convencê-la, não o fez em tempo, não foi capaz de sensibilizá-la ao ponto de fazer com que ela realizasse o sacrifício de fazer algo que não desejava.
Está faltando uma liderança no grupo?
Não! De maneira nenhuma. Nesse grupo o que mais tem é líder. E bons lideres. O que está faltando mesmo é motivação. Qualitativamente e quantitativamente o grupo ao qual faço parte é de longe melhor que os grupos adversários. Caso se fizesse um estudo minucioso, ou mesmo uma simples comparação o que se veria seria que nós somos melhores que nossos adversários.
Sobre a oposição, diz que eles só tem a mudança no discurso e nos rostos que estão sendo oferecidos a população, mas que nada se diferem da maioria dos políticos, tanto que chega a comparar deputados e lideranças governistas com oposicionistas.
Confira na íntegra a entrevista:
O Imparcial – Existe uma crise no grupo governista neste momento?
Joaquim Haickel – Desconhecer que há problemas seria um contra censo. Só não chamaria o que está acontecendo de crise, mas sim de turbulência, ocasionada por uma mudança brusca na direção dos ventos, na temperatura e na pressão atmosférica. Nada que seja insanável. Algo que incomoda, mas que não chega a ser ruim. O que está acontecendo são coisas que mudam o panorama para o qual estávamos nos preparando. Agora vai ter que haver um reordenamento das coisas.
O que o senhor acha que pode ter ocasionado esse momento?
Em minha opinião, o que consolida um grupo é a convivência, é o conhecimento do outro, o companheirismo verdadeiro. Neste intuito jogar conversa fora é a coisa mais produtiva que se pode fazer na vida. São dessas conversas que parecem improdutivas que saem as mais importantes decisões que os homens tomam em suas vidas. Sair para almoçar ou jantar, jogar bola, ir ao teatro ou ao cinema juntos. São coisa como essas que fortalecem um grupo, que o torna unido, coeso.
Faltou também planejamento estratégico, político, eleitoral, uma coisa que a falta desse hábito e de sua boa prática acabou em nosso grupo há muito tempo, foi coisa colocada em desuso devido ao sucesso de outra forma de fazer política, que até deu muito certo por algum tempo, mas, que demostrou ter vida curta. O que se tentou na verdade foi renovar nosso grupo e a forma encontrada para fazer isso foi equivocada. Resolveram que deveriam mudar o estilo e junto com ele, praticas “obsoletas”, só se esqueceram de colocar no lugar destas, outras que fizessem suas funções, indispensáveis ao funcionamento da política.
A nossa sorte é que nossos adversários também não possuem essa convivência, esse companheirismo, eles não são coesos. Eles têm um chefe, estão indo no mesmo caminho.
Mais recentemente faltou ação enérgica e definição clara por parte de algumas peças desse intrincado jogo de xadrez. Havia peão querendo ser bispo, cavalo querendo ser torre e torre querendo ser rei. Só a rainha desse tabuleiro estava desde sempre falando a verdade. Ninguém acreditou que ela realmente fosse sair do jogo. Acredito que ninguém tentou realmente demovê-la desse intento. Caso seja verdade o fato de que alguém tentou convencê-la, não o fez em tempo, não foi capaz de sensibilizá-la ao ponto de fazer com que ela realizasse o sacrifício de fazer algo que não desejava.
Está faltando uma liderança no grupo?
Não! De maneira nenhuma. Nesse grupo o que mais tem é líder. E bons lideres. O que está faltando mesmo é motivação. Qualitativamente e quantitativamente o grupo ao qual faço parte é de longe melhor que os grupos adversários. Caso se fizesse um estudo minucioso, ou mesmo uma simples comparação o que se veria seria que nós somos melhores que nossos adversários.
Sabe por que até hoje eles ainda não ganharam de nós? Porque nós ainda somos menos piores, ou como queiram, melhores que eles.
Qual é a diferença entre Paulo Marinho e Humberto Coutinho? E de Paulo Marinho Junior para Léo Coutinho? Qual a diferença de Filuca para Zé Genésio ou dos filhos de ambos que já palmilham a vida política?
Vai haver quem diga que um é melhor e outro é pior. Isso é questão de opinião. Haverá quem ache que são todos iguais.
Mas me diga uma coisa. Se compararmos Gastão Vieira, Pedro Fernandes, Sarney filho e Pedro Novais com Weverton Rocha, Waldir Maranhão, Simplício Araújo e Hélio Santos… O que você me diz?
Talvez o que esteja faltando seja um apascentador desse rebanho. Não falo de algo nada messiânico, mas alguém que dê novo animo ao grupo. Quem sabe não será agora?
O senhor ainda acredita na vitória do grupo governista em outubro?
Qual é a diferença entre Paulo Marinho e Humberto Coutinho? E de Paulo Marinho Junior para Léo Coutinho? Qual a diferença de Filuca para Zé Genésio ou dos filhos de ambos que já palmilham a vida política?
Vai haver quem diga que um é melhor e outro é pior. Isso é questão de opinião. Haverá quem ache que são todos iguais.
Mas me diga uma coisa. Se compararmos Gastão Vieira, Pedro Fernandes, Sarney filho e Pedro Novais com Weverton Rocha, Waldir Maranhão, Simplício Araújo e Hélio Santos… O que você me diz?
Talvez o que esteja faltando seja um apascentador desse rebanho. Não falo de algo nada messiânico, mas alguém que dê novo animo ao grupo. Quem sabe não será agora?
O senhor ainda acredita na vitória do grupo governista em outubro?
Se não acreditasse na vitória seria um derrotista, coisa que não sou e não serei jamais. Sou um otimista. Procuro ver as coisas pelos melhores ângulos. Sou conhecido por ser uma pessoa coerente e gosto de ser assim. Muita gente me procura para conversar, para saber a minha opinião, logo, tenho que ter responsabilidade com as coisas que digo. Dizer que a eleição deste ano é fácil seria outro absurdo. Não seria fácil com Luis Fernando como candidato e não será com Lobão Filho.
Por todos os motivos, essa é uma eleição difícil. Porém, o fato dela ser difícil não quer dizer que não vamos vencê-la!
Acredito na vitória. Muito precisa ser feito, mas ainda há tempo para fazê-lo e temos toda a capacidade necessária para isso.
Por todos os motivos, essa é uma eleição difícil. Porém, o fato dela ser difícil não quer dizer que não vamos vencê-la!
Acredito na vitória. Muito precisa ser feito, mas ainda há tempo para fazê-lo e temos toda a capacidade necessária para isso.
Lobão Filho é o candidato ideal para o grupo? Se não, quem seria?
Nessas condições acredito que ele seja nosso melhor candidato. Não o era antes, pois, ninguém jamais havia cogitado outro nome que não o de Luis Fernando, nome da escolha pessoal da governadora Roseana que foi absorvido imediatamente por todo o grupo.
Haveria outras pessoas que também poderiam figurar entre os possíveis candidatos a governador. O próprio ministro Lobão, o senador João Alberto, os deputados Gastão Vieira e Pedro Fernandes, o presidente da Assembleia Arnaldo Melo, dentre outros, todos bons políticos, mas Luís Fernando tendo desistido e Lobão não desejando ser, por muitos motivos não há em nosso grupo melhor nome que o de Lobão Filho.
Ele alia sua juventude, seu carisma, sua competência e sua garra ao fato de seu pai ter sido um dos maiores governadores de nosso Estado, dele ser um dos homens públicos mais queridos e respeitados pelos políticos e pela população do Maranhão. Outros dois pontos bastante positivos é o dele ter feito um excelente trabalho como o senador relator do orçamento da União, e o fato de sua candidatura ter sido de pronto, bem aceita por todos de nosso grupo e por boa parte da população, alem de ter recebido respaldo entusiasmado do Palácio do Planalto.
O senhor concorda com a busca de nomes como o de Castelo para voltar a integrar o grupo?
Concordo que se busquem todas as condições que forem necessárias para que possamos vencer as eleições. Condições essas que devem respeitar rígidos critérios éticos e morais.
Ora, se Luis Carlos Prestes aceitou um acordo com Getúlio Vargas que possibilitou a ele eleger-se senador na constituinte em 1946… Não esqueça que o governo Vargas deportou Olga Benário, a mulher de Prestes, para Alemanha, aonde ela veio a morrer… Porque não aceitaríamos um acordo político com Castelo para elegermos o nosso candidato a governador?
Acredito que se tivéssemos apoiado Castelo em sua reeleição para prefeito de São Luís, hoje as coisas seriam um pouco diferentes, nossas condições eleitorais seriam melhores.
Em relação à base governista, parece estar dispersa, falta diálogo?
Há muito tempo falta diálogo em nosso grupo. Não que não haja conversa. Os deputados conversam entre si. Os prefeitos conversam entre si. Os partidos conversam entre si. O que ocorre e é grave, é que eles não conversam conjuntamente e principalmente não conversam com o comando do grupo, de forma aberta, plenária.
Uma figura foi muito importante nos últimos tempos nesse cenário: João Abreu. Ele se dispôs a conversar, a servir de ponte, a buscar soluções e como tinha a confiança e o respaldo da governadora passou a ser o interlocutor do grupo, peça fundamental nas construções que foram feitas mais recentemente.
O governo como instituição é muito forte e este é um ativo que não se pode desconhecer.
Meu pai dizia que estava sempre do lado dos governos porque apenas eles eram capazes de levar o progresso aos seus eleitores, em seus municípios.
Alguém pode falar que isso é clientelismo. Não, isso é pragmatismo. O mesmo aconteceu na eleição de Zé Reinaldo e depois na de Jackson Lago. Já se esqueceram disso?
Aquela verdade de meu pai, de quarenta anos atrás, continua atual e não se iluda, ela continuará sendo atual quem quer um que seja o grupo que vença as próximas eleições.
Sobre a oposição o senhor acredita que eles representam de fato a mudança?
Caso a oposição vença as eleições, no princípio ela representará uma mudança sim. O que tem que ser analisado é a profundidade dessa mudança. Será uma mudança apenas de nomes? Sim será uma mudança somente de nomes. Será uma mudança de hábitos de atitudes e de ações? Em alguns casos sim, em outros talvez e na maioria, não. Zé Reinaldo vai mudar seus hábitos, suas atitudes e suas ações? Humberto Coutinho, Tema, Dedé Macedo vão mudar? Weverton Rocha e Waldir Maranhão vão deixar de agir do jeito que agem? Não, claro que não. Só não vê isso quem não quer.
No começo haveria mudanças, mas com o passar do tempo, veríamos cada vez mais as semelhanças que existem nos seres humanos que nesse caso são os políticos.
E suas previsões para este ano. Já tem uma ideia de quem serão os favoritos para vencer as eleições proporcionais?
Quero deixar bem claro que nunca fiz previsões de nomes de eleitos ou derrotados para eleições proporcionais. Faço estudos de coeficiente eleitoral. Esses estudos indicam a quantidade de vagas que devem ser conseguidas por um partido ou uma coligação. Feito esses estudos, relaciono os nomes dos candidatos desses partidos ou coligações, segundo informações confiáveis de suas performances eleitorais. Daí surge naturalmente os favoritos aos pleitos.
Dizer que um partido ou uma coligação deve obter uma certa quantidade de votos válidos não é trabalho difícil, basta se ter o conhecimento e a informação política e eleitoral de cada um e saber fazer as contas do coeficiente.
Nos estudos que tenho feito, em todos esses anos, tenho acertado o numero de cadeiras proporcionais de partidos ou coligações em quase 90% dos casos. Quando se coloca nesses cenários as informações sobre os candidatos, esse percentual de acerto cai para a faixa dos 80%.
Esses estudos só podem ser feitos depois de definidas as coligações. Vamos esperar…
O senhor deseja disputar algum cargo eletivo este ano?
Não disputarei nenhum cargo eletivo este ano. Talvez não dispute nenhum nunca mais. Elegi-me deputado pela primeira vez em 1982, e em 2010 resolvi não mais me candidatar. Nesse intervalo fui Deputado Estadual, Deputado Federal Constituinte, Secretário de Estado. Acredito já ter contribuído com o meu Estado e com o meu País, acredito já ter feito a minha parte. Por outro lado tenho apenas 54 anos de idade e às vezes acho que posso ainda ajudar um pouco mais, mas o processo eleitoral como está hoje me desmotiva muito. Precisamos de uma profunda reforma política e eleitoral. Depois disso, quem sabe…