“Sou um batalhador como todo mundo”, afirma Adriano Sarney
Responsável por dar prosseguimento a linhagem da família Sarney na política maranhense e nacional, Adriano Sarney (PV), filho do deputado federal Sarney Filho (PV), é um dos postulantes a vaga de deputado estadual. Com exclusividade ele concedeu essa entrevista para falar sobre política e sobre o peso que é carregar o nome Sarney.
Adriano ainda conta que a política para ele é o destino, mas muito mais que isso é a vontade de trabalhar e colocar em práticas suas ideias, ele diz que ainda sonha com um estado mais justo.
Confira na íntegra a entrevista:
Adriano, antes de mais nada, existe uma pressão muito grande por ser neto de um dos maiores ícones da política brasileira, o José Sarney? Como você se comporta diante desse fato?
Diria que sempre existiu uma grande exposição. Não tenho mandato, mas as pessoas, as instituições, a mídia, me cobram uma postura de homem público, mesmo atuando na iniciativa privada. O Banco Central me considera uma “Pessoa Politicamente Exposta” por ser de família politica, por isto já me foi negada uma simples abertura de conta bancária para minha empresa e até mesmo um plano de previdência privada. Sou virtualmente proibido de manter qualquer relação com o setor público. Ando na corda bamba para que meus funcionários não misturem meu sobrenome com a razão social da empresa. Não existe a figura do “homem meio-público”, ou você é público ou não é. Só depois que compreendi essa incoerência foi que conquistei a calma necessária para trilhar meu próprio caminho. Ao contrário do que ronda o imaginário de muitas pessoas, não tenho a vida ganha, sou um batalhador como todo mundo, ainda bem. A política para mim não é só vocação, é destino.
O senhor vai trilhar os caminhos do seu avô? Vai entrar na política?
Já pratico há dois anos a política partidária como membro da executiva estadual do Partido Verde. Sou também pré-candidato a deputado estadual.
Por vontade própria ou uma pressão familiar?
Por vontade própria. Minha família não queria que eu entrasse na política.
O senhor concorrendo ao cargo de deputado estadual, pode colocar sua família com representatividade em todas instâncias do parlamento maranhense e brasileiro. É muito poder e responsabilidade ao mesmo tempo?
O Senador Sarney e a Governadora Roseana ainda não decidiram se vão disputar novas eleições. Já o Deputado Sarney Filho é uma liderança nacional na causa ambiental, é líder da bancada maranhense por anos e um profundo conhecedor do Congresso Nacional, tem legitimidade e competência para representar o nosso Estado em qualquer parlamento. Eu quero emprestar a minha formação, as minhas ideias e a minha juventude para o Maranhão. Meu objetivo não é o poder pelo poder, quero somar e fazer a diferença.
Em 2012 o senhor ensaiou se lançar prefeito de Paço do Lumiar, o que fez recuar?
Tinha um plano para Paço do Lumiar, inspirado na experiência do Luis Fernando em São José de Ribamar, queria fazer uma grande parceria a nível municipal, estadual e federal para salvar o município e, em especial, o Maiobão que tem graves problemas, entre eles a falta de drenagem e saneamento. Já estava em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, mas percebi, com a ajuda de pessoas mais experientes, que esse ainda não era o momento, afinal, temos o futuro pela frente.
Sua trajetória se inicia próximo ano com uma possível disputa de deputado estadual, até onde o senhor deseja chegar? Almeja uma trajetória semelhante ao do seu avô?
Meu avô é um gênio das relações humanas. Saiu do interior do Maranhão para ganhar as páginas da história. Uma liderança como a dele é uma raridade que, muito provavelmente, não vai se repetir tão cedo no Maranhão. Eu tenho uma relação muito madura com o poder, convivi com ele toda a minha vida. O poder e a política também tem ônus pesadíssimos. Eu tenho um propósito e muitas ideias, se elas forem aceitas e ganharem a simpatia dos maranhenses, não vou decepcionar.
Como o senhor avalia o cenário político no Maranhão?
A crise da representatividade política no Brasil gerou no Maranhão o surgimento de três fortes candidatos ao Governo, o Luis Fernando, que representa a renovação do grupo político no poder, o Flavio Dino, que faz oposição ferrenha ao Governo, e a Eliziane Gama que é a terceira via. O Luis Fernando é o mais experiente, mostrou ser realizador, é mão na massa. O governo está mostrando o seu trabalho e acredito que o povo vai querer dar continuidade a esses investimentos, principalmente na saúde e infraestrutura. Acho que ele leva as próximas eleições. O Flavio Dino se perdeu um pouco, as novas filiações do PC do B pegaram mal e a confusa gestão do seu aliado Edivaldo Junior mostrou que a prática é bem diferente do discurso da mudança. Afinal, quem vai votar em alguém porque acredita que a alternância de poder por si só trará desenvolvimento ao Estado? É preciso a prática. Acho a Eliziane um grande nome da oposição maranhense, pode ser a próxima prefeita de São Luis e forte concorrente ao senado ou ao governo no futuro, mas não agora.
O PV sofreu um processo de esvaziamento as vésperas do fim do prazo para trocas partidárias. Em 2014 como será a representatividade do PV?
Por enquanto todos os deputados estaduais ficam no PV, com exceção do Rigo Teles. O Victor Mendes voltou atrás e permanece. Não houve esvaziamento e acredito que nas próximas eleições estaremos ainda mais competitivos do que na última. O PV é o segundo maior partido do Estado, perdendo apenas para o PMDB.
Passado o susto do pouso forçado do seu avião no último final de semana. O senhor tem medo de algo?
O medo é um sentimento animal, instintivo, um mecanismo de defesa do nosso corpo. Nesse episódio, o medo me motivou a ajudar o piloto a fazer um pouso forçado, forçar a abertura da porta e fugir no alagado para me proteger de um provável incêndio. Talvez não me deixei abalar porque a fé que tenho em Deus é maior do que os meus medos.
O que o Adriano Sarney busca na política? Qual o legado o senhor pode relatar que a família Sarney já deu para o Maranhão?
Como já falei, quero aplicar os meus conhecimentos e as minhas ideias para fazer do Maranhão um Estado melhor. Acredito que desenvolver as aptidões de cada região é o caminho mais seguro e viável para transformarmos o Estado, reduzindo as desigualdades regionais, a dependência da máquina pública, e fortalecendo a cidadania, a inclusão e a democracia rumo a uma sociedade mais justa e sustentável. No que diz respeito a minha família, José Sarney, Sarney Filho e Roseana, acho que todos tem uma grande importância no desenvolvimento do Maranhão. É muita doação pessoal e trabalho prestado.