Um ano após a tragédia: família e amigos de servidor público assassinado clamam por justiça

Familiares e amigos do servidor público Fabrício Rodrigues dos Santos, assassinado pelo policial militar Jone Elson Santos Araújo no dia 15 de fevereiro de 2023, irão realizar uma manifestação pública, na próxima quinta-feira, 15, a partir das 9h, para lembrar a passagem de um ano de morte de Fabrício e clamar por justiça.

Fabrício Fernando Rodrigues dos Santos, de 38 anos, foi morto a tiros em uma loja de conveniências de um posto de combustíveis na Cohama, vítima do ataque repentino e violento do PM Jone Elson, que escolheu Fabrício para fazer dele o seu alvo.

Após efetuar vários disparos dentro da conveniência, com diversas pessoas dentro, Jone Elson mandou Fabrício sair do banheiro, onde ele se protegia dos tiros. A câmera interna da loja mostra Fabrício saindo do banheiro com as mãos para cima, em sinal de rendição. Ainda assim, o policial Jone Elson esperou Fabrício chegar próximo da porta, onde o alvo seria impossível de errar, mirou e atirou. O servidor público, cambaleando, passou pela porta da conveniência e caiu. Ainda lutando por sua vida, Fabrício tentou se mexer, mas, apenas conseguiu virar o corpo para cima, morrendo no local.

As Câmeras mostram o policial Jone Elson, sair da conveniência 11 minutos após ter atirado em Fabrício, verificar se ele realmente estava morto e, só então, correr com a arma em punho.

Jone Elson Santos Araújo fazia parte, na Polícia Militar, da ROTAM – Ronda Ostensiva Tática Móvel, uma corporação que, ironicamente, tem o objetivo de combater e prevenir ocorrências de crimes. Os policiais que integram a ROTAM passam por um curso de formação específico que inclui treinamentos intensivos em técnicas de abordagem, defesa pessoal e preparação para atirar. Um civil comum nem de longe teria chance contra um policial da corporação.

Fabrício era funcionário da Secretaria de Governo do Estado do Maranhão e estava à disposição do ITERMA. O governador Carlos Brandão, em suas redes sociais, lamentou a morte do servidor.

“Toda a equipe do gabinete de Governo se consterna com o falecimento do nosso servidor e amigo Fabrício dos Santos, vítima de uma tragédia. Não há palavras para descrever nosso pesar. Minha solidariedade aos familiares e amigos”, postou o governador.

Um ano após o crime, o policial militar Jone Elson segue esperando julgamento, preso, no Comando Geral da Polícia Militar, no Calhau. A condenação, além de resultar na sua expulsão da polícia, remete o policial a responder ao processo civil de 12 a 30 anos de prisão. A família de Fabrício, que nunca entendeu o motivo da violência do policial, vem acompanhando os passos da justiça no caso e exige pena máxima.

Desde que está preso, Jone Elson foi submetido a várias perícias. A primeira (em 12/04/2023) foi solicitada pela defesa e pela família do policial e sugeriu que o ato criminoso foi cometido em decorrência de um transtorno psicótico agudo causado pela bebida; a segunda perícia (em 30/08/2023) realizada por determinação judicial, constatou no policial postura, gestos, falas e atitudes teatrais não condizentes com transtornos psicológicos, além de atitudes de dissimulação. A terceira perícia (em 08/01/2024) também por determinação judicial sugere paciente portador de esquizofrenia e encaminhamento para tratamento por equipe multiprofissional.

Na tentativa de amenizar uma condenação do policial, a sua defesa tem alegado surto psicótico e sugerido transtorno esquizofrênico. Com o laudo que aponta esquizofrenia, a defesa de Jone Elson requereu a suspensão do processo administrativo que tramita na Polícia Militar. A família de Fabrício, por sua vez solicitou a anulação do laudo em questão.
Na última quinta-feira, 01/02, o juiz José Ribamar Heluy Júnior, da 3ª Vara do Tribunal do Júri, se manifestou pela anulação do laudo psiquiátrico que apontou esquizofrenia e informou que será feito novo laudo.

Ainda consternados pela morte de Fabrício e com um processo criminal ainda por ser concluído, amigos e familiares farão mobilização de protesto em frente ao Comando Geral da Polícia Militar, onde o policial Jone Elson está preso, para pedir um julgamento justo, em processo civil, com pena máxima.

A manifestação será realizada em frente ao quartel da Polícia Militar, na rotatória do Calhau, na próxima quinta-feira, 15, a partir das 9h.

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