A ingratidão de Flávio Dino e do PT

Brasil 247* com edições

A professora, escritora e doutora em Educação e Psicologia da Educação, Wilse Arena da Costa, traz uma reflexão importante para o campo da política: “A ingratidão, mais que um sentimento é uma atitude que comprova a falta de caráter de uma pessoa que para resguardar e elevar a si próprio é capaz de negar a ajuda de alguém quando mais necessitou para que pudesse chegar onde chegou”.

Essa máxima poderia servir ao governador Flávio Dino (PCdoB), por ter forçado o ex-aliado, ex-governador e agora ex-amigo José Reinaldo Tavares (sem partido), a romper politicamente com ele. Poderia servir também ao deputado Raimundo Cutrim (PCdoB), por ter feito duras críticas ao colega de partido e Secretário de Segurança pública do Maranhão Jefferson Portela (PCdoB). Mas não, é endereçada ao PT – Partido dos Trabalhadores.

É inegável a importância histórica da atitude do deputado federal Waldir Maranhão (Avante), diante do bizarro golpe contra a democracia praticada no país no ano de 2016. Com o apoio da maioria congressista, da mídia golpista e do poder Judiciário, que foi amparou o processo de impeachment sem crime de responsabilidade, sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff.

Waldir foi muito corajoso, naquele fatídico dia 09 de maio de 2016, onde anulou as sessões do dias 15, 16 e 17 de abril, quando os deputados federais aprovaram a continuidade do processo de impeachment da presidenta Dilma, acatando um pedido feito pela Advocacia-Geral da União (AGU). Confira aqui:

http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-05/waldir-maranhao-anula-votacao-do-impeachment-na-camara

Naquela oportunidade, Waldir Maranhão foi o herói nacional que representou os 54,5 milhões de votos, conquistados de maneira legítima, em uma eleição que desde a divulgação do resultado, foi contestada pelo candidato derrotado Aécio Neves (PSDB), o político mais blindado e invisível da polícia e justiça brasileira.

Nem Dilma, nem Lula, nem Rui Falcão, nem Zé Dirceu, nem Genoíno, nem Mercadante, nem Lindberg e muito menos Gleisi Hoffmann, fizeram tanto pelo PT nesses 38 anos de existência e no momento mais crítico que o partido atravessou na história, do que o então Presidente da Câmara Federal Waldir Maranhão; e quem renegar esse legado, é um completo alienado político ou possui sérios problemas de Alzheimer.

Waldir serviu muitíssimo bem ao PT naquele momento e em troca, como tudo nessa vida, só queria a promessa de apoio ao senado federal, que aconteceria dois anos mais tarde. Então, pela falta de compromisso de Renan Calheiros (MDB), que rejeitou sem nem ler o conteúdo da anulação, ele (Waldir), para salvar o seu mandato, devido a 3 representações no Conselho de Ética da Câmara, precisou recuar e anular a sua própria anulação. O deputado maranhense não teve a retaguarda jurídica prometida por José Eduardo Cardoso (Ministro da Justiça e ex-AGU) e nem do governador do Maranhão Flávio Dino (Ex-Juiz Federal), para sustentar a decisão e quiçá ter o seu mandato cassado pela corja que foi comprada por Michel Temer(MDB).

O Golpe não foi um simples “tropeço na democracia“, como prenunciou o Ministro do STF Ricardo Lewandowski. Assim também a atitude do deputado Waldir em recuar da anulação não foi uma trapalhada jurídica, como alguns desinformados pensam. Naquele exato momento, sem o apoio preponderante de Cardozo e de Dino, Waldir não tinha outra opção legal para salvar o seu mandato.

Pois bem, a fidelidade de Waldir ao governador do Maranhão e ao projeto político do PT, incomodou e ainda incomoda muita gente. Como ninguém é perfeito, ele votou a favor da Reforma Trabalhista, um erro necessário para conseguir algumas emendas importantes. Mas votou sempre seguindo a orientação do PT em todas as principais e mais importantes votações, como o voto a favor do afastamento de Temer e seu processo no STF e contra a intervenção no Rio de Janeiro, acompanhado somente pelo colega Zé Carlos da Caixa (PT-MA), no contexto total da bancada maranhense.

O que fez Waldir Maranhão? Em diversas oportunidades procurou o presidente Lula e dele teve a reafirmação do apoio ao Senado maranhense, sacramentado ainda em 2016, durante o Golpe que tirou o PT do poder.

Será que o ex- Presidente Lula irá voltar atrás da sua palavra e concordar com o modus operandi de uma corrente do PT (principalmente estadual), que tem medo do potencial político de Waldir em ser eleito pelo partido e dar substância contribuição a bancada no Senado federal?

Será que o ex-Presidente irá se esquecer do longo acordo firmado num hotel de Brasília às vésperas da anulação do Golpe?

O PT no Maranhão não se entende, uma corrente enxerga em Waldir a única possibilidade do PT conseguir uma vaga real no Senado na atual conjuntura. Porém tem outra, que comprometeu-se com o deputado federal e pré-candidato firmando compromisso, mas que por pressão da ala mais radical, trabalha nos bastidores para inviabiliza-lo.

Fontes ligadas ao Palácio dos Leões, dão conta que o governador Flávio Dino, que emprega o Presidente Estadual do PT Augusto Lobato em seu gabinete, está trabalhando para inviabilizar qualquer candidatura pelo partido majoritariamente, para como um “Salvador da Pátria”, sair candidato pelo PT à reeleição e aí sim, dominar o partido no estado.

Outros descontentes trabalham para que o PT, lance candidatos próprios como Raimundo Monteiro para o governo e outros candidatos para o Senado, que estariam entre Waldir Maranhão, Márcio Jardim ( ex-secretário de Esportes escorraçado do governo Dino) e o professor Chocolate. De todos eles, o único que reúne condições reais para se viabilizar e conquistar uma vaga no Senado é senão Waldir Maranhão, que está fechado com aproximadamente 100 prefeitos e centenas de lideranças políticas no estado do Maranhão.

“Não é possível que Lula e Flávio Dino juntos, irão descumprir o acordo feito comigo lá em 2016. Seria um duplo golpe, a quem sempre foi fiel a eles”, disse o deputado federal.

O presidente estadual do PT, Augusto Lobato, em diversas vezes disse, que manteria o acordo firmado com Lula e apoiaria Waldir para Senador. Mas a sua filiação no PT, “teria de ser decidida numa plenária ou ser decidida pela executiva nacional, onde a ordem viria de cima pra baixo”. Disse ele : “Se Lula disse que Waldir será candidato pelo PT, quem poderá ser contra?”

Será que o PT Nacional irá ser desleal com o pré-candidato a senador Waldir Maranhão ou Lula manterá a sua palavra e virá ao Maranhão para abonar a sua filiação numa grande festa?

Alguns apostam que tanto Dino, quanto Lula irão cumprir o acordo firmado com Waldir. Mas outros juram que o PT esquecerá tudo o que foi feito pelo partido e indicará outro nome. O mais importante é que sem sombra de dúvida se Waldir não for o candidato do PT na disputas pelo Senado do Maranhão, a direita conseguirá as duas vagas desse pleito.

Ou a palavra de Lula e da alta cúpula do PT nacional tem valor, ou teremos que criar um novo partido de esquerda que seja comprometido com os seus aliados.

Fake News descabidas tentam inviabilizar a pré- candidatura de Waldir Maranhão ao Senado. Mas não será o deputado federal que irá romper com Dino ou Lula, serão eles que terão de romper com Waldir.

O desejo de milhares de brasileiros que votaram em Lula e Dilma, é que o ex-presidente retorne ao poder para lutar pelos trabalhadores e menos favorecidos. Mas como disse Lula no dia da entrevista que o site Brasil 247 fez com ele, no fim de sua caravana pelo nordeste, no Hotel Pestana em São Luís (MA): “Ninguém vence as eleições sozinho, temos que fazer alianças para poder ganhar”.

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