Sindicalista afirma que servidores não vão se ajoelhar para Flávio Dino

Anibal Assembleia SindjusEm assembleia geral do Sindicato dos Servidores do Judiciário (Sindjus), realizada no último sábado (09), o sindicalista Anibal Lins declarou que servidores públicos de diversas categorias estão enfrentando uma verdadeira guerra pela garantia de direitos sistematicamente negados pelo governo Flávio Dino. O comunista, que se elegeu com o discurso de mudança e valorização dos servidores, hoje trabalha de forma frenética para barrar, inclusive pela via judicial, direitos conquistados pelo funcionalismo.

Para Anibal Lins, escondendo-se sob o pano da crise financeira, Dino não honra a palavra dada durante sua campanha, não dialoga com as entidades representativas dos servidores e ainda nega direitos constitucionais do funcionalismo. “É consenso entre inúmeros órgãos sindicais que a mudança desse governo foi para pior. Antes, mesmo com dificuldades, havia a garantia de direitos cristalizados na Constituição. O que se vê hoje é que nem isso se respeita mais. Mas essa categoria é de luta e não vai se ajoelhar perante tamanha afronta à ordem constitucional”, disse.

Independência em xeque

Lins também criticou a forma passiva como o Presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Cleones Cunha, aceita a conduta do Governo comunista. “No dia de sua posse, o atual presidente do tribunal garantiu que era sensível à principal reivindicação da categoria para resolver as pendências trazidas de anos anteriores. Após seis meses o que se vê é que o órgão parece se ajoelhar para o Palácio dos Leões. Essa postura não se coaduna com uma Justiça independente e impessoal, que deve marcar a gestão de um Poder da República”, lamenta.

Essa insatisfação de Lins se deve à grande pressão que o governo do Estado vem fazendo sobre o Judiciário para conter decisões judiciais que garantiram direitos dos servidores, mas que o Governo Dino pretende agora reverter. Um dos resultados dessa pressão seria a recente votação do Incidente de Demandas Repetitivas pela corte maranhense. Conforme decisão, todos os processos de servidores que reivindicam 21,7% referente à revisão geral de vencimentos devem ficar paralisados até um entendimento final do órgão. Esse direito já foi incorporado ao orçamento de milhares de servidores maranhenses.

“O atual posicionamento da corte desrespeita as decisões de muitos juízes sérios, competentes e íntegros. Foram milhares de sentenças devidamente fundamentadas, cada uma delas garantindo essa reposição as perdas inflacionárias a pais e mães de família. Famílias essas que hoje, graças às articulações do senhor Flávio Dino, correm o risco de ter seus salários reduzidos. Isso é uma ameaça à qualidade de vida e à sobrevivência dos verdadeiros servidores que trabalham todos os dias, cumprindo fielmente suas jornadas de trabalho, para oferecer um serviço de qualidade ao povo maranhense”, desabafou.

Anibal Lins ressaltou que a categoria não deve hostilizar aqueles que ocupam cargos comissionados ou os postos da magistratura, mas ressaltou a valorização, também, dos servidores efetivos. “Não devemos ser contra comissionados, não devemos ser contra os magistrados. Devemos ser contra essa política de desvalorização do servidor que hoje impera nos três poderes do Estado. Nós somos parte desses poderes. Nós construímos a cada dia, com nossos esforços, esses poderes. Os juízes são importantes, mas quem está, todos os dias, nos balcões atendendo nosso povo somos nós. Precisamos ser respeitados”, pontuou.

Avaliação de cabresto

Na contramão da valorização dos servidores de carreira, que são aqueles que ingressaram no serviço público mediante concurso, Dino determinou a convocação de todos os servidores que ocupam altos cargos comissionados –que são posições políticas – para participar de uma reunião de avaliação de seu governo. O encontro acontece nesta terça-feira (12), a partir das 14h, no Centro de Convenções da UFMA e não conta com a participação dos servidores efetivos.

Agindo por conveniência

Pec 190Se na qualidade de governador Dino instituiu uma verdadeira guerra contra os direitos dos servidores do Judiciário, vale lembrar que há pouco tempo, quando era deputado, Dino foi autor da Proposta de Emenda à Constituição 190 (PEC 190), cujo texto, sob o argumento de que o Judiciário é uno e indivisível, deveria ser um só, igualando-se os vencimentos das justiças estaduais ao do Judiciário federal.

Como ainda tramita na Câmara Federal, o comunista dos Leões ainda corre o risco de ter que lidar com uma situação talvez inédita no cenário político brasileiro: descumprir uma norma de sua própria autoria. Tudo em razão das conveniências palacianas que, ao que parece, segue uma lógica própria além Maquiavel de que para os amigos do rei tudo, enquanto para os inimigos sequer a lei, já que esta não é respeitada.

2 thoughts on “Sindicalista afirma que servidores não vão se ajoelhar para Flávio Dino

  1. Excelente texto, nobre jornalista. Corrobora o sentimento de mais de 5600 e seiscentos servidores do Judiciário, ou melhor, o sentimento de mais de 5600 famílias desses mesmos servidores.

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