Lula e ex-primeira-dama vão depor como investigados por suspeita de lavagem de dinheiro

Correio Braziliense
O Ministério Público de São Paulo intimou ontem pela manhã o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a mulher, Marisa Letícia, a prestarem depoimento em 17 de fevereiro na condição de investigados em inquérito criminal por suspeita de lavagem de dinheiro. Também deverão ser ouvidos nessa condição o presidente afastado da empreiteira OAS, José “Léo” Adelmário Pinheiro, e o engenheiro Igor Pontes.
A suspeita da Promotoria Criminal de São Paulo é que a empreiteira e o casal ocultaram a propriedade do tríplex 164-A, uma cobertura no Condomínio Solaris, na praia das Astúrias, no Guarujá (SP). O edifício era administrado pela Cooperativa dos Bancários (Bancoop), dirigida pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, mas foi repassado à OAS depois da falência da entidade ligada ao sindicato da categoria. Na Operação Lava-Jato, o empreendimento é alvo da 22ª fase, apelidada de “Triplo X”.
O procedimento investigatório criminal (PIC) é conduzido pelo promotor da 103ª Promotoria Criminal de São Paulo, Cássio Roberto Conserino, que já afirmou que vai denunciar o ex-presidente à Justiça. A assessoria do Ministério Público de São Paulo disse ao Correio que a presença dos quatro investigados é obrigatória. Eles deverão prestar depoimento na promotoria, que funciona no Fórum da Barra Funda, às 11h, do dia 17.
Conserino afirmou ao jornal O Globo que não existe razão para considerar que a família do petista não seja dona do tríplex. “Isso é balela”, iniciou. “Temos provas documentais, circunstanciais e testemunhais de que a família era dona do imóvel, que foi, inclusive, reformado pela OAS e recebeu elevador privativo para beneficiar o ex-presidente. Depois que o apartamento foi entregue, tanto Marisa quanto um dos filhos de Lula, o Lulinha, chegaram a passar alguns dias no imóvel, que foi desocupado depois.” E continuou: “Os móveis foram retirados”.
Ontem, o Instituto Lula refutou as suspeitas levantadas pelo Ministério Público e disse que não recebeu a intimação do MP. “São infundadas as suspeitas do Ministério Público de São Paulo e são levianas as acusações de suposta ocultação de patrimônio por parte do ex-presidente Lula ou seus familiares”, informou a entidade em nota publicada no fim da tarde.
O instituto insiste que o ex-presidente foi dono de “cota de participação referente a um apartamento” no Solaris, mas afirma que isso não significa que ele era dono de qualquer imóvel. Apesar disso, um sócio de construtora, um porteiro e um zelador depuseram na investigação informando que o Lula, a mulher e o filho Fábio Luis Lula da Silva visitaram o tríplex quando ele era reformado pela OAS, com a presença de Leo Pinheiro, condenado a 16 anos de prisão por corrupção em contratos da Petrobras, e Igor Pontes. Uma engenheira acrescentou que soube da presença de Marisa no local e acrescentou que desconhece negociação para que o apartamento 164-A fosse vendido a outra pessoa. O tríplex é avaliado em cerca de R$ 1,5 milhão e está registrado em nome da OAS.
Segundo o Instituto Lula, depois de agosto do ano passado, quando o caso já havia se tornado público, a família decidiu não ficar com o apartamento, mas reaver o dinheiro investido. Na quarta-feira, a assessoria do ex-presidente afirmou que ele não havia recebido de volta os valores da OAS. “Para ter o apartamento, de fato e de direito, seria necessário pagar a diferença entre o valor da cota e o valor do imóvel, com as modificações e acréscimos ao projeto original. A família do ex-presidente não exerceu esse direito.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *