Relatório contra Roseana Sarney é perseguição política, diz ex-secretário Fábio Gondim
O ex-secretário de Gestão e Previdência do Maranhão Fábio Gondim, segundo notícia publicada no portal UOL (extraída do Congresso em Foco), classificou a auditoria interna da atual gestão, que acusa o governo anterior de ter omitido 57% dos seus gastos, como “perseguição política”. Gondim, recentemente escolhido para secretário de Saúde no Distrito Federal e ex-consultor do Senado, afirmou que foi responsável pela instituição de vários sistemas de controle em todo o país e que seria um contrassenso ser acusado de omissão de gastos públicos. “Isso é uma verdadeira ‘caça às bruxas’ instituída pela atual gestão. Tudo não passa de perseguição política”, declarou.
Para o ex-secretário, “o que pode ter acontecido é que alguns gastos não foram disponibilizados (no Portal da Transparência) antes de serem auditados. Mas mesmo assim, isso é apenas uma hipótese. Eventualmente pode até ter ocorrido falha ou omissão, o que sinceramente duvido. Mas, mesmo neste caso, não houve má-fé”. Gondim declarou ainda que já teria encaminhado uma defesa prévia à Secretaria de Controle e Transparência do Maranhão.
De acordo com a reportagem do UOL, relatório da Secretaria de Transparência e Controle aponta que a gestão de Roseana Sarney (PMDB) escondeu 57% dos gastos públicos em 2013. Dos R$ 12,8 bilhões executados naquele ano, apenas R$ 5,4 bilhões tiveram destinação publicada no Portal da Transparência. De acordo com a auditoria, também houve “gastos secretos” nos anos de 2012 e 2014. A secretaria não conseguiu contabilizar o total de despesas omitidas na página do governo estadual nos dois anos, quando foram realizadas eleições municipais e estaduais. O resultado da auditoria interna foi encaminhada ao Ministério Público Estadual (MPE) para instauração de inquérito por improbidade administrativa contra Roseana e mais três ex-secretários. Os procuradores ainda não se manifestaram sobre o pedido. Um dos ex-gestores citados é Fábio Gondim.
Segundo o relatório, houve a inclusão proposital de filtros no sistema do Portal da Transparência do Maranhão para que fossem ocultados vários tipos de gastos, entre os quais, despesas relacionadas à Saúde, transferências diretas a municípios e organizações-não governamentais (ONGs). “Eram essas as modalidades de gastos mais suspeitas, a evidenciar a má-fé na ocultação da publicidade”, descrevem os auditores maranhenses. “Quando você tem um Portal de Transparência omisso, passa a falsa impressão de que tudo está público. Não foi só uma despesa, um erro no sistema. O que detectamos foi a exclusão de informações que deveriam ser de domínio público”, afirmou o secretário de Transparência e Controle do Maranhão, Rodrigo Lago.
Campanha eleitoral
O relatório informa que, somente no ano passado, foram repassados R$ 217 milhões às prefeituras maranhenses sem que houvesse a publicidade dessas informações no Portal da Transparência. O município que mais recebeu “gastos secretos” foi o município de Miranda do Norte, distante a 135 quilômetros da capital, São Luís. Miranda do Norte tem como prefeito Júnior Lourenço (PTB), aliado da família Sarney, recebeu R$ 10 milhões que não foram informados no Portal da Transparência e que, segundo a secretaria, não estavam na dotação orçamentária do Estado. Metade desse valor foi repassado durante o período eleitoral, o que é proibido por lei. No ano passado, a família Sarney apoiou o ex-senador Lobão Filho (PMDB) na disputa ao governo estadual. “Ainda que as transferências fossem lícitas, o cidadão tinha o direito de acompanhá-las, especialmente em período eleitoral, quando a fiscalização contra o abuso de poder político deve ser mais intensa”, ressalta a auditoria da Secretaria de Controle.