Barbosa não descarta disputar a Presidência

Do Correio Braziliense

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, admitiu, a possibilidade de se lançar candidato à Presidência da República e disse que deve analisar o assunto em “médio prazo”. Em palestra ministrada na Conferência Global de Jornalismo Investigativo, no Rio de Janeiro, Barbosa disse que não enfrentará qualquer disputa eleitoral enquanto estiver na Corte, mas afirmou que ainda tem tempo para refletir sobre o assunto. Aos 59 anos, o ministro revelou que deve deixar o STF antes dos 70, quando teria que se desligar compulsoriamente, mas não quis delimitar datas.

Mesmo ressaltando que nunca havia cogitado a possibilidade de disputar uma eleição presidencial, o ministro deixou claro que a alternativa não está descartada. O posicionamento difere do adotado até então. Em julho, quando atingiu 15% das intenções de votos em pesquisa do Datafolha, o dobro do que havia alcançado em um levantamento anterior, Barbosa se disse “lisonjeado”. Na ocasião, no entanto, afirmou que não tinha “a menor vontade” de se lançar candidato. Na saída do evento, ao ser perguntado pelos jornalistas sobre o assunto, o magistrado despistou: “Não tenho partido nem dinheiro”.

Durante a palestra, Barbosa falou sobre os atuais pré-candidatos à Presidência: “Muito difícil (ter simpatia por algum). O modelo político partidário não me agrada nem um pouco”. Barbosa abriu o debate fazendo críticas ao atual sistema político, em especial ao voto obrigatório, à impossibilidade de lançamento de candidatura avulsa, ao que ele chamou de “excesso assombroso de partidos”, à mercantilização e ao coronelismo. Ele criticou, mais uma vez, o Judiciário, citando problemas como a lentidão e a “mitigância exarcebada”. O ministro preferiu não falar sobre o mensalão, justificando que o caso ainda está em curso, mas acredita que o julgamento dos embargos infrigentes deve durar quatro meses.

Sobre a polêmica em relação à publicação de biografias não autorizadas, Barbosa ressaltou que não existe censura prévia no Brasil. O ministro não concorda com a retirada dos livros de circulação, mas defendeu indenizações pesadas quando houver violação aos direitos do biografado. “Sinto certo desconforto na seguinte situação: um grande artista, ainda vivo, subitamente se vê diante de uma biografia devastadora. Eu defendo, em casos como esse, uma indenização pesada. Publica-se, mas assumam os riscos, o autor e a editora.” Barbosa, inclusive, comentou que comprou um exemplar da biografia não autorizada do cantor Roberto Carlos e deu de presente. O artista conseguiu a retirada de circulação dos livros.

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