Aumento de doenças respiratórias em São Luís é por conta da ampliação da frota de veículos, aponta vice-presidente da FIEMA
A qualidade do ar de São Luís está piorando, isso é um fato. Porém a Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema) e o Centro das Indústrias do Estado do Maranhão (Ciema), esclarecem que os números não são tão ruins como os divulgados pela Rede de Monitoramento de Qualidade do Ar do DISAL (Distrito Industrial). O vice-presidente da FIEMA, Claudio Azevedo, diz que há estudos da UFMA, apontando que o aumento de 70% da frota de veículos da capital, junto com as mudanças climáticas é uma das explicações para a variação das doenças respiratórias na capital maranhense.
Números do DETRAN/MA, apontam que a Ilha de Upaon-Açu possui quase 600 mil veículos registrados, sendo 497.398 em São Luís, 57.558 em São José de Ribamar, 36.384 em Paço do Lumiar e 7.263 na Raposa. Em percentual mais de 25% da frota do estado está concentrada na Grande Ilha. O Maranhão possui 2,176,339 milhões de veículos registrados.
De acordo com a FIEMA e CIEMA, a empresa Tetra Tech foi contratada para avaliação da Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar (RamoAr) do Distrito Industrial de São Luís, em virtude da discordância dos dados divulgados pela Secretaria de Estado de Indústria e Comércio do Maranhão (Seinc), em 2023.
O estudo observou requisitos e recomendações técnicas nacionais e internacionais, constatando que o relatório da
secretaria é incompleto e impreciso.
Na avaliação foi apurado que das 36 estações compactas que deveriam ser instaladas em toda a cidade, apenas 06 foram implantadas nos bairros Anjo da Guarda, Santa Bárbara, Vila Maranhão, Vila Sarney, Pedrinhas e Coqueiro. Sendo que a unidade de referência móvel, de alta precisão para medição não foi instalada e nem disponibilizada para o monitoramento.
Conforme o relatório da Tetra Tech, os equipamentos utilizados na Rampa do Distrito Industrial não correspondem aos métodos de referência ou equivalentes para o monitoramento do ar, conforme recomendado pelo Guia Técnico do Ministério do Meio Ambiente. Ademais, as estações estão em locais com presença de obstáculos ou árvores, o que
prejudica a circulação de ar na entrada dos dispositivos, contribuindo para erros nos dados apresentados. O documento ainda cita que não há evidências de calibrações nos dois anos subsequentes a instalação dos aparelhos, prejudicando assim a garantia de precisão dos dados.
Em relação aos resultados gerados pela RamoAr avaliou-se que os números brutos possuem aumentos e reduções
expressivos, mostrando a discrepância dos resultados ora com valores altíssimos e ora com valores abaixo do limite de detecção.
Para o vice-presidente executivo da Fiema e presidente do Ciema, Cláudio Azevedo, não há referências que comprovem a exatidão dos resultados divulgados pela Seinc.
“Até a maneira como a plataforma da Secretaria divulga os dados do monitoramento não corresponde ao formato
estabelecido na Resolução Conama e no Guia do Ministério do Meio Ambiente. Com o estudo técnico ficou evidente que eles são dados brutos, sem devida verificação e a validação da Sema”, afirmou.
O índice de Qualidade do Ar fornecido pela plataforma é constituído por médias horárias ao invés de médias de 24h e médias móveis de 8h, adequado aos poluentes SO2, MP10, MP2,5, CO e O3. Médias horárias são muito maiores que as médias de 8h ou 24h, resultando em um Índice de Qualidade do Ar superior ao que deveria ser informado.
“Vale ressaltar que a Usina Itaqui da empresa Eneva, por exemplo, está desligada desde 2021, sem gerar nenhum tipo de lançamento na atmosfera. Inclusive quero destacar que todas as indústrias são monitoradas pela SEMA e enviam mensalmente seus relatórios, requisito indispensável para o licenciamento”, declarou Cláudio Azevedo.
Doenças respiratórias – Um estudo sobre Doenças Respiratórias na cidade de São Luís, oriunda da pós-graduação da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), constatou que o aumento de 70% da frota de veículos da capital, junto com as mudanças climáticas é uma das explicações para a variação das doenças respiratórias. Inclusive a distribuição do agravo em São Luís, apresentou-se com maior concentração na área urbana.
Isso contradiz as afirmações recentemente divulgadas na imprensa, de que a população dos bairros localizados próximos as indústrias estão mais vulneráveis, devido ao alto índice de poluição.