Desorganização, falta de estrutura, despreparo e o poder público frágil podem levar Barreirinhas fracassar como destino turístico
Foi em janeiro de 2002, quando a ex-governadora Roseana Sarney, inaugurou a MA-402 que fizeram a projeção que Barreirinhas seria um polo de desenvolvimento por conta das belezas naturais do Parque dos Lençóis Maranhenses, atraindo o mundo todo e impulsionando a economia. Passaram-se 21 anos, o mundo descobriu as dunas e as lagoas, mas a falta de estrutura, desorganização, despreparo e o poder público frágil e ausente, podem tornar o local em apenas mais um sonho que virou pesadelo no Maranhão.
A culpa não é somente do órgão federal, nem exclusivamente do atual prefeito Amílcar Rocha, mas sim de todos aqueles que já passaram pelo comando da cidade: Léo Costa, Alberico Filho, Miltinho e outros.
Barreirinhas se tornou o caos, o trânsito é uma bagunça generalizada; não há lei do silêncio, os paredões de som tiram a paciência de qualquer um; a sensação de insegurança é permanente; o turista não tem o que visitar na cidade etc.
São apenas alguns exemplos dos problemas intermináveis. Infelizmente Barreirinhas vem sendo mais falada por notícias tristes como mortes e acidentes do que pelas suas belezas naturais.
E olha que esse ano, os Lençóis Maranhenses estão concorrendo ao reconhecimento mundial da Unesco, que dará o título de Patrimônio Natural da Humanidade.
Mas esse título só pode aumentar o caos e a consequente decepção dos turistas que chegam a região.
Para chegar na região, a principal forma ainda é por meio terrestre, saindo de São Luís em uma viagem que pode durar mais de 4 horas.
As estradas BR-135 e MA-402, acabam se tornando um suplício e em alguns trechos uma verdadeira “roleta russa”, afinal a rodovia estadual permanece a mesma estrutura.
É uma rodovia simples. Com raros acostamentos, muitas pessoas morando às margens, animais soltos e sem fiscalização alguma da PRF ou BPRV.
Vários são os acidentes registrados e as mortes que ocorreram na estrada. Nem os políticos, responsáveis por promover melhorias escapam, a lembrar da morte do então deputado federal Luciano Moreira em 2011.
O aeroporto de Barreirinhas ainda é um sonho! Só desembarca no local, os políticos que não tem mais tempo para percorrer a precária estrada e pelo receio de perderem suas vidas. A outra classe que pousa no local, são os marajás que possuem aeronaves e/ou helicópteros ou aqueles podem pagar pelo serviço de transfer.
Há um público bem restrito que chega ao destino em um “teco-teco” da Azul que cabem sete pessoas e faz um voo “pinga pinga”, ligando São Luís a Fortaleza.
Um destino que atrai tanta gente, acaba sendo incapaz de colocar os aparelhos e a estrutura necessária para implantar uma rota regular ligando Barreirinhas a um grande centro como São Paulo para trazer os estrangeiros chegarem, mas vislumbrar isso já é algo demais, afinal nem a capital maranhense conhece o seu tão sonhado “voo internacional”.
A verdade é que Barreirinhas não é um turismo para todos e muito menos saudável. A cidade é simplesmente uma “arapuca” para acabar com a paz, sossego e infelizmente em alguns casos com a vida das pessoas.
Vale lembrar que na cidade, muitos são os políticos que possuem propriedades, mas como vivem encastelados em suas luxuosas mansões e apenas usando seus brinquedos (quadriciclos, UTV’s, lanchas) para passear nas dunas e nos rios dos Lençóis Maranhenses, dificilmente devem ter conhecimento do que acontece antes de chegar na cidade ou até mesmo pelo que os “pobres mortais” vivem.
Escreve esse texto, um jornalista maranhense apaixonado por sua terra, mas totalmente desestimulado e decepcionado por no Maranhão ser tudo mais difícil, inclusive quando estamos falando em desenvolvimento e geração de renda.
Estive em Barreirinhas há 1 mês. Fiquei impressionado com a quantidade de motocicletas sem placa de licenciamento e condutores sem capacetes. Não há fiscalização alguma. Triste realidade de uma aparente terra sem lei.