Alta de paciente submetido a ECMO é comemorada com alegria e emoção no HU-UFMA
A pandemia da Covid fez com que os profissionais da área da saúde tivessem que travar uma guerra com um inimigo invisível e o Hospital Universitário da UFMA, gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HU-UFMA/Ebserh) como centro de ensino, pesquisa e assistência não poderia se furtar de entrar nessa luta. Nessa perspectiva, e como uma medida de combate e uso de toda a ciência em prol da vida, o hospital passou a utilizar a técnica de oxigenação do sangue por membrana extracorpórea, mais conhecido por ECMO, em pacientes acometidos pela Covid. E hoje, 07/05, celebra a alta de um paciente que precisou ser submetido a essa técnica por nove dias.
O HU-UFMA é o primeiro hospital público no Maranhão a utilizar a ECMO em pacientes Covid e no final de abril teve o grande êxito de retirar o paciente do Francisco das Chagas Fontenele, 40, da máquina. Internado no hospital no dia 13 de abril, o administrador precisou ser submetido a essa técnica logo no dia seguinte, 14. Ela consiste na retirada do sangue pouco oxigenado que passa por uma membrana artificial que exerce a função do pulmão. A técnica ajuda a eliminar o gás carbônico e a oxigenar o sangue e depois devolve o sangue oxigenado para o paciente. Ele passou pelo processo de retirada no dia 23 de abril, sendo motivo de muita alegria para a equipe e familiares, pela vitória em mais uma etapa na luta contra o coronavírus.
A esposa do paciente, Renata de Cássia Pires, descreve como foram intensos os dias até a chegada da tão esperada notícia que ele apresentava melhoras “Vivemos um processo muito longo e difícil, não só com a questão da saúde, mas também o emocional dele e da família pela forma como tudo foi acontecendo, o risco que ele passou e agora o processo de recuperação. O início dos sintomas foi em 20 de março e de lá para cá grandes batalhas foram sendo vencidas. Após o agravamento dos sintomas e a confirmação da covid ele foi internado em um hospital de Santa Inês no dia 04 de abril. Quatro dias depois precisou ser transferido para um hospital da capital e foi direto para a UTI no qual iniciaram algumas tentativas de reabilitação da função pulmonar”.
No dia 12 de abril o quadro piorou muito rápido e mesmo com a ventilação mecânica ele não respondia. Foi decidido a transferência dele para o HU-UFMA. Como o quadro persistia com a dificuldade de manter a saturação, decidiram iniciar a técnica da ECMO na qual ele ficou por nove dias.
O chefe da Unidade de Cuidados Intensivos Cirúrgicos, Marko Antônio Santos, explica em quais situações se aplica a utilização dessa técnica “Pode funcionar para dar suporte tanto para o pulmão que não esteja funcionando adequadamente com uma oxigenação extremamente baixa como também para dar suporte ao coração quando o mesmo estiver muito fraco, enquanto aguarda se o paciente vai se recuperar, se vai transplantar ou se precisará tomar outra decisão”.
O médico acrescenta ainda que os benefícios são de uma melhora rápida da oxigenação e da manutenção do pulmão repousando para que ele se recupere da agressão causada pelo vírus. “A ECMO se torna uma alternativa para os pacientes com covid que permanecem com uma oxigenação muito baixa, apesar de todas as manobras já realizadas para melhorar, mas ainda assim, não obtiveram resultado positivo”.
Para a família foi um sopro de esperança “Cada dia na ECMO era uma vitória, pois sabíamos que era o último recurso para manter e resgatar a vida dele. Nós enxergamos uma luz no fim do túnel porque ele começou a responder muito bem ao tratamento, desde a instalação e durante todo o processo ele se manteve bem, estável e começamos a escutar notícias melhores através do boletim médico. A situação estava melhorando, ainda se tratava de um quadro muito grave, porém estava reagindo ao tratamento”, reforça Renata de Cássia.
O sentimento de gratidão pelo restabelecimento da saúde do administrador é enfatizado por ela “Gostaria de agradecer a toda equipe da ECMO e da UTI Covid 2 pelo suporte incansável que foi oferecido ao meu esposo, por ele ter tido essa oportunidade, por ter tido uma chance a mais. Sabíamos o quão crítico era o seu estado de saúde. Começamos uma corrente de oração, pedindo muito a Deus pela vida dele, foi a forma que encontramos para ajudar. Ele foi considerado um milagre e está sendo também uma vitória para a equipe de saúde. Os nossos agradecimentos serão enquanto vivermos. Não temos palavras, não temos formas de demonstrar essa gratidão que nós temos. Muito obrigada”.
A superintendente do HU-UFMA participou do singelo momento organizado para celebrar a alta do paciente e enfatizou o papel do hospital “Nos alegramos em poder fazer parte das histórias de superação dos nossos pacientes. Sempre primamos pelo investimento de tecnologias de ponta, pela qualidade do ensino e da assistência prestada para que a sociedade possa ter no Sistema Único de Saúde o melhor atendimento e o mais humanizado também. Toda a equipe do hospital está muito feliz por mais essa vitória alcançada.”
Muito emocionado o Francisco fez questão de deixar uma mensagem para a equipe “Quero agradecer a esses anjos que estiveram comigo durante todos esses dias. Não posso ter outro sentimento que não seja o de gratidão por cada um de vocês. Vocês são maravilhosos. Foi a melhor coisa que fiz na minha vida, foi ter saído da minha cidade para ter tido uma chance aqui com vocês. Me deram a chance de estar vivo, falando, agradecendo. E tenham a certeza que vou levar todos vocês no meu coração.
Saiba mais
O hospital recebeu a primeira máquina para esse tipo de suporte em março de 2010 utilizado em pacientes internados na UTI Cardio do HU-UFMA, que apresentavam problemas graves no pulmão ou no coração, com indicação para realizar oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO).
O hospital conta com dois médicos intensivistas certificados como especialistas desde junho de 2
O intensivista acrescenta que entre os casos atendidos no HU-UFMA a maioria foi de suporte pulmonar. “O primeiro caso que usamos foi em uma paciente que tinha infecção pelo H1N1 que estava com o pulmão muito debilitado. Foi em 2010, quando se aumentou significativamente o número de casos de H1N1.”
Atualmente, o hospital conta com dois aparelhos para desenvolver essa técnica.