FMI revisa projeções para a economia mundial

Por Eden Jr.* e João Carlos Souza Marques**

No seu mais recente relatório sobre a economia mundial (World Economic Outlook – WEO), lançado no dia 23 de julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisa e analisa o panorama macroeconômico internacional, além de apresentar projeções para o desempenho das principais economias do mundo. No aspecto geral, a economia do planeta deverá crescer 3,2%, em 2019, e 3,5% no ano seguinte.

As estimativas de crescimento da economia mundial deste ano e de 2020 foram revisadas para baixo em 0,1 p.p., em relação ao esperado em abril passado. No que tange às economias avançadas, ocrescimento foi ajustado para 1,9% neste ano (+0,1p.p. em relação às projeções anteriores) e para +1,7% em 2020. Portanto, a revisão negativa para o desempenho global deveu-se basicamente à fraca performance dos países emergentes, cujas as apostas de crescimento caíram de +4,4% para +4,1%, em 2019, e de +4,8% para +4,7%, em 2020.

Nas principais economias desenvolvidas, o crescimento derivou, sobretudo, das revisões para os Estados Unidos (+0,3.p.p em 2019), que devem crescer 2,6% em 2019 e +1,9% em 2020. Essa melhora surpreendeu, pois, foi registrada em meio a um novo conjunto de tarifas comerciais imposto à China, o que reduziu as importações. Em paralelo, o país vem aumentando a produção e acumulando estoques, visando o mercado interno – que cresceu abaixo do esperado – e as exportações, que aumentaram significativamente no segundo trimestre deste ano. Esse modelo de crescimento americano, porém, deve se esgotar em breve. As demais economias avançadas mantiveram projeções de desempenho estáveis, variando em torno de 0,1p.p. para cima ou para baixo em 2019.

No que diz respeito à expansão dos países emergentes, quase todos sofreram reavaliações negativas. Os de maior peso apresentaram o seguinte prognóstico: China (-0,1p.p. em 2019 e 2020); Brasil (-1,3 p.p. em 2019 e -0,1 p.p. em 2020); Rússia (-0,4 p.p. em 2019 e -0,2 p.p. em 2020) e Índia (-0,3 p.p. nos dois anos).

Na China, a queda da perspectiva de crescimento resulta dos impactos da imposição pelos EUA de tarifas sob a importação de produtos chineses. Tal fato pressiona o país asiático, que já passa por dificuldades estruturais para manter altas taxas de crescimento. Dentre os entraves para a economia chinesa, destacam-se: a necessidade de fortalecimento regulatório e normativo, combate aos “shadow banking” (empréstimos feitos por instituições não habilitados legalmente para essas operações) e redução da dependência da dívida. O recuo da economia chinesa impacta negativamente os investimentos na Índia, onde a demanda caiu no último trimestre e forçou para baixo as estimativas de crescimento deste país.

Na América Latina (AL), a atividade econômica arrefeceu significativamente em 2019. Essa queda adveio de inúmeros equívocos originários do próprio processo de desenvolvimento dos países, que geraram problemas em suas contas públicas. No Brasil, principal vetor da revisão negativa para a AL, a mudança adveio da expectativa pessimista quanto ao texto da reforma previdenciária e à reformulação estrutural de que o país necessita. Assim, o mercado internacional não conseguiu visualizar mudanças substanciais que redundassem no avanço do Brasil, e os embaraços do setor político aparentemente ficaram mantidos, sem que houvesse a introdução de políticas econômicas que possam alterar as previsões.

Já no México, os investimentos continuam fragilizados, sobretudo devido às políticas instáveis dos Estados Unidos – seu principal parceiro comercial –, o que reduz a confiança dos empresários,investidores e consumidores. Cenário que atrapalha a performance da nação.

Argentina e Chile sofreram reduções na demanda nesse primeiro semestre, o que pode dificultar o crescimento dos dois. Contudo, a expectativa é de que, por intermédio de políticas públicas, as duas economias consigam se estabilizar e crescer mais em 2020. Por outro lado, a crise da Venezuela se mantém gravíssima, indo além da esfera econômica, afetando, inclusive, o atendimento das necessidades mais básicas do ser humano. Com a crise humanitária, o país deve ter redução – lamentavelmente – de 35% do seu Produto Interno Bruto em 2019.

Esses são os mais recentes prognósticos do FMI para a economia global.

*Conselheiro do Conselho Regional de Economia/MA (CORECON-MA), Doutorando em Administração, Mestre em Economia e Economista ([email protected])

**Conselheiro do Conselho Regional de Economia/MA (CORECON-MA), Superintendente de Assuntos Fiscais/SEPLAN-MA, Mestrando em Economia ([email protected])

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *