Michel Temer está pronto para tomar posse como presidente em definitivo

micheltemernovaCorreio Braziliense

Coincidência ou não, o chá servido ontem no Palácio do Planalto foi de camomila, erva famosa pelas propriedades calmantes. Na véspera do julgamento final da presidente afastada, Dilma Rousseff, a sede do Poder Executivo estava em compasso de espera, aguardando o desfecho da votação do processo de afastamento pelo Senado. Apesar de o tom ser de cautela, o presidente em exercício, Michel Temer, rascunhava o discurso da posse e ensaiava minirreforma ministerial.

Temer deve discursar antes de embarcar para a China, onde participará da reunião do G20. Há a possibilidade, mais remota, de ele adiar o pronunciamento para a comemoração do 7 de Setembro, e ainda há a chance de um pronunciamento ser transmitido em rede nacional. O maior desejo do peemedebista, contudo, é se apresentar na Ásia como chefe de Estado definitivo, o que teria motivado pedidos para que senadores concluam a votação com a maior brevidade possível.

A expectativa é de que, no discurso de posse, que deve ocorrer no meio da tarde, ele reforce a mudança de governo interino para um governo definitivo e defenda a legitimidade do processo de julgamento de Dilma. Temer também deve sinalizar para a sociedade e para o empresariado os rumos de seu mandato.

O governo também estuda mudanças nos ministérios, a depender do resultado das votações no Senado e das negociações com partidos. Depois da posse, o presidente em exercício deve se reunir com ministros, mas para tratar do projeto da Lei Orçamentária Anual de 2017, que será entregue na quarta-feira ao Congresso Nacional. Logo depois, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, concederá entrevista. Com a ausência do presidente do país pela primeira vez, e sem um vice, assessores do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que assumirá o governo na ausência de Temer, foram ontem ao Palácio se inteirar sobre o funcionamento da sede do Executivo.

Retratos
Há protocolos que serão definidos somente depois de Temer retornar da China. Uma das formalidades que ficarão para depois é a foto presidencial, em que o presidente posa vestido com a faixa presidencial. A imagem seguirá o padrão oficial, mas pode ser usada alguma luz especial na produção.

Ficará a critério do presidente em exercício a escolha do local onde será fotografado. Entre as opções, estão o Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República; o Palácio do Planalto; ou até mesmo o Palácio do Jaburu, onde ele mora atualmente. Por enquanto, o retrato de Dilma permanece na maioria dos gabinetes, embora tenha “sumido” de algumas salas.

Temer chegou ao Palácio do Planalto ontem às 9h32. A intenção era receber visitas, mas ele acabou cancelando a agenda, que previa reunião com o deputado Giacobo (PR-PR), às 10h. O entendimento foi de que, às vésperas do resultado do impeachment, seria mais adequado se voltar para trabalhos internos. Assim, o presidente interino passou o dia despachando com assessores. Não saiu do palácio nem para almoçar.

Assessores mais próximos afirmam que Temer não acompanhou ontem a sessão do impeachment. Isso porque teria ficado mais tranquilo depois do discurso de Dilma e da avaliação de que o pronunciamento não será capaz de alterar o quadro de votações. Em compensação, televisões de várias salas e gabinetes estavam ligadas na sessão do Senado, no dia em que acusação, defesa e senadores se posicionaram sobre o processo do impeachment.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *