Flávio Dino participa hoje de reunião de Dilma com governadores e deve ser um dos destaques do encontro
Correio Braziliense*
Visando evitar que a crise política paralise ainda mais o Brasil e montar um pacto federativo de ajuda mútua sem recursos disponíveis para retomar o crescimento econômico, a presidente Dilma reúne nesta quinta-feira (30), os governadores de 26 unidades da Federação — Mato Grosso estará representado pela vice, em exercício, já que o tucano Reinaldo Azambuja está em viagem ao exterior. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), deve alcançar lugar de destaque na reunião e após o encontro.
O comunista esteve desde quarta-feira (29), reunido com o presidente do PT, Rui Costa (PT), onde juntos realizarem reuniões paralelas com governadores da região nordeste. A conversa ocorrida entre esse grupo, possibilitou a produção de uma carta de intenções que será entregue na tarde desta quinta-feira a presidente Dilma.
Flávio Dino é um dos maiores defensores do governo Dilma. Desde o inicio do ano, ele sai em defesa da petista e sempre criticando as ações do PSDB e oposição que batem forte na presidente. Entre os aliados dos dois, o comentário que surge é a intenção de Flávio ser o sucessor de Dilma na disputa presidencial em 2018 ou se preparar para futuras eleições presidenciais.
Apesar da boa relação com Dilma e com uma ala do PT, Flávio Dino não tem a mesma sintonia com o ex-presidente Lula, que mantém laços estreitos com o ex-presidente José Sarney e seus aliados.
Quanto o encontro com os governadores, a situação caótica dos caixas estaduais da União dificulta ainda mais a busca do consenso. Os governadores fizeram diversas reuniões prévias para fechar um entendimento. Os administradores da Região Norte promoveram encontro na semana passada, em Manaus. Nesta quinta-feira, os governadores tucanos devem se reunir em Brasília, e outros encontros paralelos podem ocorrer antes da reunião com a presidente, marcada para as 16h.
“Neste momento conturbado, os governadores querem a retomada de um pacto federativo, especialmente via unificação das alíquotas interestaduais do ICMS”, afirmou o senador Jorge Viana (PT-AC), irmão do governador acriano, o também petista Tião Viana. Um dos impasses é que o governo federal aceita a aprovação do projeto que trata do tema — em tramitação no Senado —, mas, como não tem recursos para a criação de um fundo de compensação aos estados que perderem com a unificação do imposto, atrela o debate da matéria à aprovação do projeto que repatria recursos do exterior. A tributação a esses recursos serviria para abastecer esse fundo.
Nesse momento, são os governadores que ficam reticentes, pois não há certeza quanto ao êxito do repatriamento dos recursos. Por tabela, não há como mensurar quanto de verba virá para o fundo. “É melhor ser fanho do que não ter nariz. Mas por que não buscar alternativas caso à repatriação não atinja os valores desejados?”, indagou o representante de um governador nordestino.
Pedaladas
Para amenizar um pouco a questão dos estados, Dilma confirmou que não vetará a chamada emenda Serra (proposta pelo senador José Serra, do PSDB de São Paulo), que autoriza estados e municípios a utilizar 70% dos recursos de depósitos judiciais para investimentos, pagamentos de precatórios e fundos previdenciários. Embora tenha desistido de qualquer menção às pedaladas fiscais do governo federal, que serão julgadas no inicio de agosto no Tribunal de Contas da União (TCU), Dilma pedirá um pacto pela governabilidade política. Também pedirá apoio contra a aprovação das chamadas pautas-bombas no Congresso, como as que aumentam gastos com reajustes salariais, ou com a mudança do indexador do FGTS, que, segundo ela, inviabilizaria a terceira etapa do Minha Casa, Minha Vida.
Apesar de evitar falar do julgamento das pedaladas fiscais da União — o que quase inviabilizou o encontro —, não haverá como escapar do debate sobre a Operação Lava-Jato. Durante reunião com ministros na última segunda-feira, a presidente avaliou que a Lava-Jato provocou uma queda de cerca de 1% do PIB brasileiro. “O medo é que as obras do PAC e do Programa de Logística fiquem travadas com a sucessão de empresas sendo condenadas e de empreiteiros sendo presos”, confirmou Jorge Viana. “Claro que isso impacta na economia, mas é um momento histórico que estamos passando, e temos de encontrar maneiras para enfrentar essa questão”, defendeu Rollemberg.
*Com edição