UFMA: o ensino superior precisa seguir avançando no Maranhão
Chegou a hora! A comunidade acadêmica da Universidade Federal do Maranhão vai escolher hoje (quarta-feira-27/05), os nomes para gerir a principal instituição de ensino superior do estado pelos próximos quatro anos. No entanto nesse processo está em avaliação o modelo de gestão que deve ser seguido. Quem assumir o posto, a partir de outubro vai gerenciar uma universidade moderna.
Tenho apenas 26 anos, porém conheço a UFMA, desde quando ainda tinha pouco mais de dez anos, quando a minha mãe cursava Química, me levava para as aulas noturnas da sua graduação, por não ter com quem me deixar. Esse período ficou marcado na minha vida, pois recordo que inúmeras vezes o carro da minha mãe fora furtado no estacionamento do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas. Lembro-me das aulas de um professor chamado Nestor em uma das últimas cadeiras da graduação. Os alunos em uma sala sem as mínimas condições de aprendizado e com laboratórios sucateados.
Esse breve é relato faz referência ao ano de 1999 quando Othon Bastos era reitor. De lá para cá, acompanhei o segundo mandato de Bastos, o inicio da desastrosa gestão de Fernando Ramos e retornei a UFMA como estudante, quando já estava sob administração do professor Natalino Salgado.
Quem viveu a UFMA dos anos 90 e inicio dos anos 2000, parece viver uma viagem no tempo ao frequentar a instituição nos dias atuais. Aquela universidade que estava sucateada, desprezada, esquecida etc, hoje vive um novo momento.
Para começar, o ensino superior federal no Maranhão foi expandido para outros seis municípios, antes a UFMA só funcionava em São Luís e precariamente em Imperatriz e Chapadinha. Hoje, as cidades de Bacabal, Balsas, Codó, Grajaú, Pinheiro e São Bernardo, podem dizer com todo orgulho que possuem um campus da Universidade Federal do Maranhão.
Porém a UFMA não cresceu de forma desordenada. A expansão chegou com qualidade e principalmente com inclusão social. Natalino Salgado inaugurou no antigo vestibular tradicional da universidade, as modalidades de cotas para negros, sociais, portadores de necessidades especiais e indígenas. Até hoje, essas cotas estão garantidas, mesmo a instituição tendo aderido ao ENEM. Com a adoção dessa política, acabou a história de que o ensino superior público e federal do Maranhão era para os filhos das famílias ricas e tradicionais do estado. A atual gestão deu a oportunidade do “filho do trabalhador virar doutor”.
Mas de nada adianta melhorar a infraestrutura e abrir vagas para estudantes, se não houver as condições necessárias para a permanência dos estudantes na universidade. Por isso, um investimento maciço foi feito na assistência estudantil. Os discentes em condição de vulnerabilidade social tem a garantia de residências universitárias, bolsa para ajudar custear os estudos e isenção no pagamento do Restaurante Universitário (RU). Inúmeros sãos os relatos de graduandos, que atribuem a essa política o sucesso nos estudos.
Todos os estudantes da Universidade Federal do Maranhão foram beneficiados por conta da política de assistência estudantil da atua gestão. Não à toa, o preço do RU está congelado em R$1,25 por anos, apesar do custo por aluno superar os R$11, ou seja, a universidade subsidia praticamente 100% do valor do almoço ou jantar dos discentes.
Melhorias sensíveis também são perceptíveis na oferta de material bibliográfico. A UFMA passou a ter acervo virtual, hoje são mais de um milhão de títulos disponíveis. Já o acervo da biblioteca conta com mais de 374 mil unidades.
Ao citar números faz-se necessário, destacar a quantidade de pessoas que hoje tem a oportunidade de estudar de forma presencial na UFMA, atualmente são quase 25 mil estudantes matriculados.
Estes discentes quando concluírem seus cursos, se quiserem, podem não ter mais a preocupação de terem que sair do seu estado para garantir uma pós-graduação. A UFMA já oferece 35 mestrados e 9 doutorados. Antes da gestão de Natalino Salgado eram apenas 13 no total. A pós-graduação não está centralizada em São Luís, também é oferecida nos campi do continente.
É impossível imaginar que esses avanços possam chegar ao fim e também necessário frisar que ainda é preciso fazer mais. Natalino Salgado está deixando um legado para a população maranhense. Ao longo dos oito anos a frente da UFMA, não há nenhum outro gestor que tenha feito tanto pelo Maranhão, como o atual reitor. Natalino promoveu desenvolvimento, através da educação. Estimulou a ciência, através de pesquisas. Formou profissionais, através do ensino de qualidade.
Diante desse contexto, a comunidade acadêmica chega nesta data com a necessidade de fazer uma reflexão: dar continuidade a esses avanços ou aventurar em um novo modelo de gestão. Escolher Nair Portela e Fernando Carvalho para reitor e vice-reitor da UFMA, respectivamente, é garantir a continuidade do desenvolvimento do ensino superior do Maranhão.
*Diego Emir é jornalista. Graduando do curso de Psicologia da Universidade Federal do Maranhão e Ciências Sociais da Universidade Estadual do Maranhão. Membro do Conselho Superior da Universidade Federal do Maranhão.
Fui aluno da UFMA e presenciei todas as significativas mudanças ocorridas na Universidade a partir da Administração de Natalino Salgado, primeiro, como aluno do curso de filosofia. Posteriormente, como servidor público no Ministério do Esporte em Brasília, quando conheci um reitor ávido por conseguir recursos e projetos a serem implementados na UFMA. Natalino sempre buscou em todos os lugares tudo o que fosse possível conseguir para a universidade. Sou testemunha disso. Espero que a próxima gestão seja comprometida da mesma forma que foi a presente. Parabéns ao Reitor Natalino Salgado, pela brilhante gestão que nos apresentou. Sai com a certeza do dever cumprido de forma exemplar.
Correto. No entanto, deve-se ponderar que os anos 90, época do governo FHC, foi um período difícil para as universidades federais, com corte de verbas. Não duvido da audácia do Natalino, mas será que ele conseguiria estas realizações naquela época?
Os anos 90, foram um período difícil. Corrigindo.