Dr Yglésio Moises comenta entrevista de presidente do PT a O Imparcial
O médico e suplente de deputado estadual, Yglésio Moises, entrou em contato com este blog, requerendo um espaço para comentar a entrevista de Raimundo Monteiro (leia aqui), publicada no último domingo (18).
O Imparcial – Monteiro como vocês avaliam a eleição do PT no Maranhão?
Raimundo Monteiro – Elegemos dois deputados estaduais e um federal no Maranhão. Mas nosso foco e preocupação principal era a eleição da Dilma e o resultado foi muito satisfatório, uma vez que alcançamos o melhor percentual do país. Nós entendíamos que não podíamos deixar que o nosso projeto fosse interrompido, por isso a eleição da Dilma era fundamental.
Comentários: A eleição de Dilma no Maranhão sem dúvidas foi o centro da tática do PT, porém a grande votação de Dilma no estado ocorreu mais por acerto das políticas sociais do PT a nível nacional do que de articulação/mobilização do PT estadual. A prova da ineficiência da condução do partido em nível local foi a redução da bancada de deputados estaduais, onde saímos de 3 vagas para apenas 2 vagas. Cumpre ressaltar que a chapa de deputados estaduais teve 39 mil votos a menos, o que foi emblemático e ao mesmo tempo sintomático de falhas graves na condução do processo.
No Maranhão, o PT optou por apoiar o Lobão Filho. O que faltou para que os votos dados ao partido na disputa de presidente, também fossem dados ao governador?
Monteiro- A eleição do Lobão Filho teve problemas graves. Ele entrou no meio de uma pré-campanha eleitoral e não conseguiu empolgar o eleitor. O Flávio Dino já vinha em campanha há 4 anos e também existia um grande sentimento de mudança por parte da população.
Comentários: o grupo Sarney fritou seu único candidato competitivo ao governo, o ex- Secretário de Infra-Estrutura Luis Fernando Silva. Após esse desgaste gigantesco, veio o candidato Lobão Filho, que não tinha acúmulo político-eleitoral necessário para vencer a disputa, especialmente contra um candidato altamente preparado e com imagem predominantemente positiva, com recall de 2 pleitos (2008 e 2010), além de ter sido o grande avalista da vitória de Edivaldo Holanda Jr. em 2012. No mais, concordo com o presidente sobre a força da ideia de mudança nesta eleição.
O senhor acredita que se o PT, tivesse indicado o vice, o resultado teria sido diferente?
Monteiro- Poderia ter sido diferente. Pois a presença do PT acaba influenciando.
Jornal – E a decisão de não ter vice na chapa do PMDB?
Monteiro- Olha veio da direção nacional e eu não sei o motivo. Ainda houve uma tentativa do PMDB em colocar o PT como vice, mas a nacional não quis.
Comentários: A Nacional do PT queria distanciamento do grupo Sarney e de alguma forma era necessário facilitar o caminho do PCdoB, aliado histórico e não de conveniência, tal qual era o PMDB. Tanto que a militância do partido foi na contramão da direção e foi em cerca de 70% com Flávio Dino.
Hoje, o senhor acredita que a melhor decisão para o PT do Maranhão era ter apoiado o Flávio Dino ou lançado a candidatura própria?
Monteiro- Tudo isso era possível, mas por conta da aliança nacional com o PMDB e o Maranhão era estratégico para o Sarney e Lula, foi importante manter o PT aliançado.
Comentários: A aliança com o PMDB nunca teve razões próprias em nível local, foi apenas uma contrapartida nacional para a eleição e reeleição de Dilma. Em 2014, essa aliança deu seu último suspiro. A Direção Nacional, percebendo o esgotamento dessa contrapartida, foi trabalhando a recomposição partidária a partir da tese que unificou a maioria do partido, não por sua direção, mas pela sua base, com a eleição do Governador Flávio Dino. Com isso, a Nacional fez com que aliança PT/PMDB em 2014 fosse do tipo “juntos, mas nem tanto” , possibilitando ao PT local a modesta indicação do 1o suplente de senador, como forma de suavizar a imagem da campanha da Dilma a partir dessa demonstração de distanciamento do Grupo Sarney.
Como será a posição oficial do PT em relação ao governo Flávio Dino?
Monteiro- Não faremos oposição. Mas manteremos uma posição de independência ao governo. O PT vai construir sua própria marca.
Comentários: o Presidente parece que ainda não tomou ciência do quadro político atual, onde temos dois secretários do PT em secretarias expressivas (de Direitos Humanos e Esporte) , diferentemente das sinecuras que o partido tinha no Governo Roseana (à exceção da SECTEC). Além disso, temos algumas secretarias adjuntas do PT, como é o caso da Secretaria de Juventude. Dito isto, soa com estranheza dizer que o PT tem posição de “independência” ao Governo. Muito pelo contrário, com Flávio Dino, PT caminha para ter a melhor participação institucional em governos estaduais de sua história e o mais importante, dentro de uma concepção de governo democrático e popular. Desta forma, pensamos que o PT integra o governo Flávio Dino e o realinhamento politico com a Direção do partido certamente se dará na política e no seu devido tempo, sem atropelos.
E em relação ao governo do prefeito Edivaldo Holanda Júnior?
Monteiro- O diretório municipal do PT tomou a decisão de apoio ao prefeito Edivaldo. Pois inclusive, o nosso partido chegou a ter o líder do governo na Câmara Municipal.
Comentários: o PT saiu da liderança do governo Holanda Jr, em março de 2014, há quase um ano. Atualmente, o PT tem apenas a modestíssima FUNC sob o comando de membros da Resistência Petista. Soa contraditório o presidente falar em independência ao Governo Flávio Dino e em apoio ao governo Edivaldo Jr, tendo em vista que o PT quase não tem espaço na Prefeitura.
O deputado federal eleito Zé Carlos ganhou força no PT. Ele será o interlocutor da nacional com a estadual?
Monteiro- Olha o PT tem direção. O Zé Carlos é deputado federal tem sua força, mas o PT do Maranhão tem presidente. O papel do Zé Carlos será importante como parlamentar, mas em relação as discussões e conversas com o diretório nacional, nada muda.
Comentário: o Deputado Federal Zé Carlos a cada dia tem aumentado sua interlocução com o Diretório Nacional, afinal, ele é o dono do voto nas matérias de interesse da Presidência.
Qual será o principal desafio do PT em 2015?
Monteiro- Se organizar e se preparar para as eleições de 2016. Fazer com que o projeto do PT, seja abraçado pelo povo do Maranhão.
Comentário: falta ao presidente definir o que vem a ser projeto do PT.
Como está o atual momento do PT no Maranhão?
Monteiro- Tem sempre umas brasinhas acesas. O que nós temos discutido é que precisamos nos unir, acabar com essas divergências. Devemos fazer um encontro agora dia 30 e definir todas as estratégias do partido para os próximos anos.
Comentários: Espera-se que o encontro seja pautado pela necessidade de ajustamento das relações internas e pela definição do que venha a ser o “projeto petista”.
O senhor já buscou o diálogo com o governador Flávio Dino?
Monteiro- Não. Os companheiros que foram para o governo, foram por mérito próprio. O Márcio Jardim comunicou, os demais não.
Comentários: há dificuldade da Direção Estadual do PT e o Secretário de Articulação Política, Márcio Jerry, em avançar no diálogo. Espera-se nada mais que grandeza desses dirigentes no sentido de avançar no debate em prol de um Maranhão apressado, que necessita de um PT fortalecido e de um governo reconhecido e apoiado no plano federal , a partir do ajustamento da relação com o partido em nível local. O Maranhão deve ficar acima das feridas de campanha.
Existe possibilidade de nova intervenção no Maranhão?
Monteiro- Não. O PT não é um partido intervencionista, não sai cassando mandatos de presidente. Ele respeita a democracia.
Comentário- É o que se espera, um PT cada vez mais forte, contribuindo para o novo momento do Maranhão.
Jornal- Existe a possibilidade do PT ter candidato a prefeito de São Luís?
Monteiro- Não temos condições de eleger um prefeito na capital. Não nos preparamos. Nosso objetivo principal é eleger uma bancada forte.
Comentários: o Presidente do PT Estadual começa atravessando uma fala que seria do Presidente do Diretório Municipal, Fernando Magalhães. Portanto, não lhe pertence e além de tudo fragiliza o partido. Uma fala açodada, dois anos antes do pleito e que tem unicamente como resultado prático apequenar o PT no debate. É o típico gesto que chamamos internamente de fruto do “dirigismo nanico”. Além disso, o PT possui bons quadros pra disputa municipal, entre deputado federal eleito, vereador de mandato, secretários de governo e suplente de estadual com expressiva votação em São Luís. Fechar os olhos para tantas opções é mais uma vez apequenar o PT perante a classe política e a opinião pública. No nosso caso, temos pontuado com cerca de 6% das intenções de voto em algumas pesquisas, onde percebemos bom potencial de crescimento. Estes resultados são animadores, pois quando analisamos a série histórica, vemos que o próprio governador Flávio Dino e o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, quando se lançaram a prefeitos em 2008 e 2012, respectivamente, partiram da casa dos 2% e tiveram desempenhos formidáveis. Isso nos motiva a colocar nosso nome à disposição do partido para as eleições de 2016. Por fim, o sentimento é que o partido tem bons nomes para lançar, empolgar a cidade com nossa militância e desta vez, os nomes são do PT.