Em entrevista, Raimundo Monteiro volta a afirmar que ele é o presidente reeleito do PT no Maranhão
Nos últimos três meses, um assunto tem dominado os bastidores da política no Maranhão: a eleição do diretório estadual do PT. Toda essa expectativa fica por conta dos desdobramentos que podem ocorrer, após anunciado o resultado final dessa disputa. Finalizada a eleição desde o último domingo (10), ainda existe um imbróglio para o anúncio do fim da apuração das urnas, no entanto o atual presidente Raimundo Monteiro, garante que ele está reeleito no primeiro turno e que não há o que se discutir.
Diante dessa possibilidade ser confirmada começa a ser desenhado o mapa político do PT para 2014, uma vez que tomada essa decisão por parte da militância petista, a tendência que a aliança com o PMDB seja reeditada mais uma vez. Além dessa decisão, Monteiro fala sobre o destino de Washington e sobre quais as pretensões da legenda para o próximo ano.
O Imparcial – Monteiro, acabou ou não acabou a eleição do PT?
Raimundo Monteiro – Da nossa parte, o processo eleitoral já foi encerrado, uma vez que já foi comprovado através dos votos que eu fui reeleito presidente do diretório estadual do Partido dos Trabalhadores no Maranhão. Reafirmo, eu sou o presidente do PT. Agora o que está ocorrendo é um problema na Comissão Eleitoral, os membros tão criando um imbróglio que não existe, porém não há dúvida que eu fui reeleito presidente.
Está ocorrendo alguma interferência externa na Comissão Eleitoral para que ela não anuncie o senhor como vencedor das eleições?
Uma eleição de grande importância interna como essa do PT é fato que existe uma pressão externa sobre a Comissão Eleitoral. Sem falar dos grupos que existem dentro do partido. E o que ocorre é que os grupos derrotados tentam pressionar a Comissão para que o resultado seja modificado.
E qual é a solução para esse problema? É levar para executiva nacional?
Acredito que podemos resolver todo esse problema aqui. Já foi feita toda contagem e totalização, os quais já anunciaram os presidentes dos diretórios municipais, portanto falta somente a segunda etapa que irá confirmar a eleição do presidente e do diretório estadual. Portanto temos a segurança que eu fui eleito. A demora na divulgação do resultado final é muito prejudicial e existem riscos, pois documentos podem extraviados ou até mesmo sofrerem deteriorações.
O que explica tanta disputa interna dentro do PT? Uma vez que o mesmo não ocorre em outros partidos?
O PT é o único partido que discute internamente suas divergências. Dentro do nosso partido existem vários interesses e nós determinamos que o dialogo deve ser aberto para sociedade. Eu sei que é difícil entender o PT, mas funcionamos com uma riqueza de debate interna.
Ainda é possível encontrar uma unidade no PT do Maranhão?
É sim. O povo brasileiro tem muita esperança no PT. Não é pouca coisa melhorar a vida de 40 milhões de pessoas, portanto temos uma grande responsabilidade nas mãos, mas deixamos claros que não fazemos isso sozinho, mas sim contamos com outros partidos. Aí o que ocorre, grupos internos do PT, acreditam que podemos governar sozinhos, mas não é bem assim, temos que ter a capacidade de entender o que o povo fala. Existem companheiros no PT e não conseguem se reeleger, pois não dialogam com a sociedade. Por isso o PT precisa ter a capacidade de governar com todos. Então, apesar que cada um tenha sua posição, o caminho é o dialogo para chegarmos a um consenso e encontrarmos de volta a nossa unidade.
Passada a discussão do PED. O que passa a ser o foco do PT?
Sem sombra de dúvida a reeleição da presidenta Dilma. Essa é a nossa preocupação número 1. Nós não podemos interromper o projeto nacional que tá mudando a América Latina e o Brasil, se isso for interrompido, o povo brasileiro nunca vai nos perdoar.
E no Maranhão, como o PT vai ser posicionar?
Sem dúvida nenhuma, estaremos juntos com aqueles que são favoráveis a Dilma. Aqui nós temos uma aliança muito forte com o PMDB e devemos lembrar a importância desse partido no plano nacional, uma vez que o vice-presidente da Dilma é do PMDB, o presidente do Senado e Câmara são do PMDB. Então no governo ocorre essa parceria, o vice-governador é do PT e temos vários secretários estaduais do partido. É claro que a nossa intenção é ampliar é ampliar cada vez mais. Dessa forma a nossa intenção é manter essa aliança com o PMDB e ampliar nossa participação no governo.
O que falta para ser definida a aliança com o PMDB?
Essa manutenção só vai ser discutida no mês de junho, quando realizamos o Congresso de Táticas para a eleição. Mas quero lembrar que nossa aliança com o PMDB no Maranhão já existe, então a possibilidade dessa parceria ser mantida é a mais provável. E eu defendo a manutenção da aliança com o PMDB.
O presidente Rui Falcão comentou que existe a possibilidade da presidente Dilma ter dois palanques no Maranhão, o senhor acredita nessa possibilidade?
Essa é uma decisão do diretório nacional, parece ser uma decisão sensata do presidente Rui Falcão, mas devemos lembrar que os palanques da Dilma sejam exclusivos para ela e não aceitaremos, que um candidato receba a Dilma, um candidato B e outro candidato C. Então nós não vamos querer esse bolo fatiado, nem com a governadora Roseana Sarney aceitaríamos essa situação. Existem projetos diferentes, o projeto do PT é real e está consolidado, não iremos abrir mão disso.
Ao contrário do Flávio Dino, Luís Fernando garante que o PT já tem a vaga de vice-governador garantida. O partido quer estava vaga e quem são os nomes que podem concorrer a esse cargo?
Com certeza, o PT não abre mão dessa vaga. No entanto não existem nomes no momento para indicarmos a vaga de vice-governador.
O senhor tem interesse nessa vaga?
Depende do PT, o partido que vai indicar. Não irei me colocar nessa situação. O nosso partido tem vários nomes que podem vir a ocupar esse cargo.
Em relação ao destino de Washington. O que vocês têm conversado? Ele vai para o TCE?
O Washington é quem vai decidir a vida dele. De qualquer forma o TCE é outro espaço que merece ser ocupado pelo PT. Pois temos nossos prefeitos, vereadores etc, que precisam ter o dialogo com esse órgão, que hoje é muito fechado. Lá é um mundo, que ainda não temos participação. É um espaço importante, não sei de Washington irá ocupar essa vaga, pois a decisão é da governadora e que deve ser indicado pela Assembleia Legislativa.
Carlos Brandão defende que na coligação em que o PT estiver o PSDB não pode participar, o senhor concorda com essa afirmação?
Ele está correto. Nós temos projetos antagônicos. O PT defende a inclusão da sociedade, o PSDB defende com setores da sociedade. O PSDB trabalha com o estado mínimo, nós defendemos a ampliação da participação do estado. Nós defendemos uma série de programas sociais e políticas públicas que mudam a vida do brasileiro.
E pensando na representatividade do PT na Assembleia Legislativa e para a Câmara Federal, o que está sendo discutido?
Existe uma discussão interna que devemos sair tanto na disputa para deputado estadual como para deputado federal, sozinho. Pois avaliamos que temos condições de eleger a maior bancada no parlamento estadual. Temos uma meta de eleger 5 estaduais e 2 ou 3 federais.
Sobre a saída de Bira do Pindaré e Domingos Dutra, o senhor acredita que o PT perdeu muito?
Entendemos que não tinha mais espaço para os dois no partido e ainda fizemos a leitura, que se impedíssemos a saída deles iriamos mata-los politicamente e não iriamos fazer isso de forma alguma.