Por que eles preferem a política?

Não faltam exemplos de homens de sucesso na recente história da política local, que acabam trocando suas carreiras para mergulhar na vida política. O discurso para justificar a escolha é praticamente o mesmo, “quero entrar na vida pública para melhorar a realidade da nossa população e do do nosso estado“, dizem alguns. Porém quando passam para esse lado, o discurso fica na verbalidade e as ações ficam para trás. 
Edson Travassos Vidigal quer transformar a política
O que me motivou a discorrer sobre esse assunto, foi o discurso de anúncio do desejo de disputar um cargo eletivo do advogado e filho do ex-ministro Edson Vidigal, o Edson Travassos Vidigal. Concursado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com um salário bom e uma estabilidade garantida, Edson Travassos Vidigal alcançou o que mais da metade da população brasileira deseja. Porém para ele não foi suficiente, pediu exoneração para embarcar em uma nova proposta, ser político. O pai dele fez algo semelhante, deixou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) para se lançar governador do Maranhão em 2006. 
Loucura? Talvez sim, talvez não. Difícil de responder.
Voltando ao sonhador Edson Travassos Vidigal, pois é assim mesmo que ele se denomina, fez um discurso bem diferente daqueles que são vistos, um discurso diferenciado de fato, mas bem distante da realidade que ele estar por enfrentar. Para começar, o ex-servidor do TSE lançou para a platéia, uma visão bem romântica do que ele acredita o que seja a política, com palavras emotivas e bem polidas, afinal ele tem embasamento suficiente para formular uma boa prosa, mostrou-se que ele vai em busca de algo que não conseguiu realizar enquanto servidor público, professor (leciona no curso de Direito em algumas faculdades) e também como cidadão que não tenha um cargo político.
Edson Vidigal abriu mão do STJ para vida na política
Se ele vai conseguir obter êxito, adianto que será bem difícil, mas quem sabe ele tenha a oportunidade alcançar a vitória, mas tenho certeza que a realidade será bem mais complicada do que os sonhos que ele vem buscando alcançar.
Outros exemplos de pessoas que largam o sucesso profissional e a estabilidade garantida para o resto da vida são fáceis de ser encontrados. Além dos citados nós temos o pré-candidato ao governo Flávio Dino (PC do B), que largou a carreira de Juíz Federal para entrar na política, o médico doutor Yglésio Moyses (PT), que era tido como uma das grandes promessas da medicina maranhense, mas preferiu largar os centros cirúrgicos e os artigos científicos, para estar no meio da confusa política. E assim são outros inúmeros exemplos.
Mas por que eles escolheram transformar o mundo e a vida dos mais humildes através da política?
Como jornalista, quando pergunto: Por que você quer ser isso ou aquilo? Ouço geralmente como resposta: “Diego, pode olhar no meus olhos e perceber que falo a verdade, mas eu desejo a mudança, eu desejo algo melhor para a sociedade etc”.

Flávio Dino era Juiz Federal e hoje deseja ser governador
Não tenho muitos anos de experiência jornalística, mas já é possível distinguir quem tá falando a verdade e quem está querendo lhe dizer palavras bonitas para chamar atenção.
Acredito que tenha pessoas que são bem intencionadas sim na política, apesar de ser difícil de acreditar. Mas o grande questionamento, por qual motivo precisa-se da política para modificar algo? Como juiz ou médico, um cidadão não pode fazer muito mais? Talvez ele não alcance a amplitude de um governador, que seja o responsável pela vida de quase 7 milhões de maranhenses, mas acredito que seria mais tangível, mesmo que para poucas pessoas, do que as eternas promessas de melhorias.
A política infelizmente vai para além de uma visão romântica de um cidadão que deseja melhorar o seu bairro, cidade, estado país e o mundo. O universo político lamentavelmente obriga o cidadão com boas intenções a se submeter coisas que acabam se tornando necessárias para obter êxito no seu propósito, aqueles que não aceitam esse tipo de situações, possivelmente ficam pelo caminho, basta acompanharmos diariamente exemplos de pessoas que formam alianças que chegam a ser consideradas esdruxulas e mesmo sabendo que em alguns casos, os próprios sabem que não desejavam aquilo, mas ao mesmo tempo tem noção de que é necessário para alcançar o resultado positivo.
Yglésio: dos centros cirúrgicos para as polêmicas da
vida pública
O sonho de que a política seja algo mais limpo e que possibilite, sim, modificar a vida das pessoas é praticamente utópica, palavra esta que foi utilizado uma dezena de vezes no discurso do jovem Edson Travassos Vidigal, durante o anúncio de sua pré-candidatura a deputado estadual. Não tenho dúvidas, que ele não terá prejuízos financeiros caso não alcance o sucesso, afinal o mesmo vem de uma família que lhe garanta o suporte necessário para o resto da vida, porém em outros aspectos sua vida pode acabar mudando muito e a linha tênue do prejuízo e lucro, retirando o fator financeiro, será algo difícil de avaliar quando enfim tiver embebido da vida política.
Sem sombras de dúvidas para alguns pode ser difícil de entender o por quê dessa escolha, mas nada explica melhor do que a palavra: poder.

4 thoughts on “Por que eles preferem a política?

  1. O correto é SUPERIOR tribunal de justiça.
    No mais, acredito que pessoas boas e bem sucedidas podem e devem, sim, seguir a vida política. Isso é necessário, fundamental. Se isso não ocorrer, o destino do país continuará nas mãos de canalhas estúpidos, como Sarneys e Castelos.

  2. Se as pessoas de bem não abandonarem suas carreiras e se dedicarem à gestão pública, os corruptos vão fazê-lo, como continuam atuando desde a colônia, só que agora estão enfrentando o novo realinhamento político, que ocorreu em 2002, no qual conseguiu dar uma significativa resposta à pauta da sociedade em áreas como a educação superior; distribuição de renda; valorização do salário mínimo; taxas de desempregos baixas; combate a corrupção com investimentos na PF, concursos públicos para os tribunais federais, órgãos fiscalizadores, consolidação das leis trabalhistas sem falar da lei de acesso à informação que deu a sociedade o direito de solicitar informações sobre como estão sendo usados os recursos públicos, etc. Estes são alguns itens que a sociedade só conheceu nos últimos dez anos do governo Lula-Dilma.
    Apesar desse realinhamento, ainda temos pouco para comemorar, pois a sociedade continua lutando contra a força dos partidos da elite, representado pela oposição e também dentro da situação por meio da barganha no Congresso Nacional (uma consequência da compra de votos e das práticas eleitoreiras de fraude que resultam na eleição de deputados, senadores de grupos políticos que utilizam os cargos para satisfazem interesses financeiros). Isso faz com que boa parte da pauta da sociedade seja travada nas instâncias de decisão. (Vide a luta pelos 10% do PIB para Educação).
    Diego, precisamos continuar lutando pelas mudanças profundas no Brasil e não podemos deixar que as pessoas de bem não tenham vontade pela política( Como você faz no seu discurso), pois dessa forma os corruptos vão se apropriar ainda mais da República e as consequências disso podem ser as mesma daquele Brasil colônia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *