Prédio que abrigou hoteis Vila Rica e Grand São Luís Hotel vai virar sede de Secretarias estaduais do Maranhão

Um dos prédios mais imponentes do Centro Histórico de São Luís vai virar um grande centro administrativo que abrigará diversas Secretarias e órgãos públicos do Maranhão. O imóvel em questão é o que abrigou os hotéis Vila Rica que funcionou até 2004 e o Grand São Luís até 2021. Em um projeto de lei aprovado no fim de 2023 na Assembleia Legislativa do Maranhão, a propriedade avaliada em R$30 milhões foi cedida ao Governo do Maranhão em troca do enceramento de dois processos que o Estado movia contra a Internacional Marítima LTDA.

O prédio situado na Avenida Pedro II, 299, era de propriedade dos empresários Edilson Baldez e Luís Carlos Cantanhede, este último publicamente conhecido como presidente do grupo que administra a Internacional Marítima que faz travessias de ferry boat partindo da Ponta da Espera (São Luís) ao Cujupe (Alcântara), e em breve retomará a travessia São Luís-Alcântara por meio da antiga lancha Batevento.

O Governo do Maranhão não pagou os R$30 milhões da avaliação do prédio e também não repassou nenhum valor aos empresários, mas sim, abriu mão de dois processos que movia contra a Internacional Marítima, datados de 1999 e 2019.

O processo de nº 0012777-98.1999.8.10.0001 que tramitou na 1ª Vara da Fazenda Pública do Maranhão, tratava do acidente de 1998 que envolveu a lancha Batevento na travessia de São Luís para Alcântara. Naquela oportunidade, quatro pessoas das 107 que estavam a bordo, lamentavelmente faleceram. Com o acidente, a lancha parou de operar.

Lancha Batevento que pegou fogo em 1998 e matou 4 pessoas durante a travessia São Luís – Alcântara

Na Justiça, o Governo do Maranhão conseguiu em 2017 (gestão Flávio Dino) uma decisão favorável de indenização R$2.128.870,55 milhões, porém este valor que chegou a ser bloqueado das contas da Internacional Marítima Ltda e Luís Carlos Cantanhede Fernandes, nunca foi pago, pois diversos foram os recursos nos últimos anos.

Já o processo nº 0852958-10.2019.8.10.0001 que tramitou na 4ª Vara da Fazenda Pública do Maranhão, tratava da aquisição de terreno de quase 28 hectares, localizado no Distrito Industrial de São Luís/MA, no lugar denominado “Módulo Z1 Marítimo”, margem esquerda do ramal de acesso ao terminal marítimo da Marinha e rampa de embarque do ferry boat da Ponta da Espera comprado em 2006 (gestão Zé Reinaldo Tavares) por apenas R$278 mil reais, mas em compensação a Internacional Marítima assinou o compromisso de instalar um estaleiro no local, projeto este que teria sido concluído em 2017, colocando em operação uma oficina com as atividades de construção, manutenção e reparo de embarcações.

Terreno “Módulo Z1 Marítimo” da Internacional Marítima comprado em 2006 por R$278 mil

No entanto, durante o período da pandemia o Governo do Maranhão (gestão Flávio Dino), no ano de 2020, foi solicitada a devolução da área “Módulo Z1 Marítimo” ao Estado. A Justiça condenou a Internacional Marítima à revelia e desde então tentava recuperar a área, sob argumentação de que a devolução do terreno ao poder público estadual iria “impedir a geração de mais empregos, eliminará os postos de trabalho que já foram criados e impedirá a ampliação das atividades que já são ali realizadas, comprometendo o desenvolvimento industrial do Maranhão” o que implicaria “na cessação das atividades do único estaleiro em funcionamento no Estado do Maranhão”.

Portanto, os dois processos foram encerrados em troca da dação (acordo convencionado entre credor e devedor, onde o credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, mesmo que esta seja mais valiosa) do imóvel que abrigou os hotéis Vila Rica e Grand São Luís.

O projeto de lei 823/2023 que validou esse acordo, ainda determina que a Internacional Marítima a dar continuidade e concluir integralmente a execução do projeto de implantação e ampliação do estaleiro no imóvel. Vale destacar que a empresa comandada por Luís Carlos Cantanhede já opera o estaleiro Indústria Naval Catarinense em Navegantes em Santa Catarina, que fornece embarcações para operações em Salvador, Rio de Janeiro e litoral paulista.

No dia 23 de fevereiro de 2024, venceu o prazo para o Governo do Maranhão colocar o imóvel da Praça Dom Pedro II como sua propriedade. O local atualmente só está funcionando com um estacionamento privado.

Atualmente diversas são as Secretarias que funcionam fora de prédios públicos, pagando aluguel de forma recorrente, caso das Secretarias de Agricultura Familiar; Agricultura e Pecuária; Ciência, Tecnologia e Inovação; Desenvolvimento Econômico e Programas Estratégicos; Meio Ambiente e Recursos Naturais; Desenvolvimento Social; Trabalho e Economia Solidária e outros órgãos públicos.

A ideia é levar as Secretarias e órgãos públicos para o imóvel, e a médio prazo servirá para compensar a perda do Tribunal de Justiça que deixará o Palácio Clóvis Bellacqua, uma vez que será transferido para um prédio moderno no Sítio Santa Eulália a ser construído.

Histórico dos hoteis

Na década de 80, o Grupo Serson abriu em São Luís, o Hotel Vila Rica, que foi palco de grandes eventos sociais nacionais e internacionais. A propriedade chegou a receber a delegação do Papa João Paulo II em uma de suas visitas ao Brasil, e chegou a ser considerado o melhor estabelecimento hoteleiro da capital maranhense.

Em 1999, Luiz Serson, fundador do grupo detentor do hotel, faleceu e, anos depois, a rede Vila Rica decidiu remodelar seu portfólio, e o empreendimento acabou ficando de fora dos planos, fechando as portas pela primeira vez em 2004.

Em 2005, o prédio foi adquirido por Edílson Baldez e Luís Carlos Cantanhede, e entrou em operação o Grand São Luís Hotel que teve seu auge até 2010, a partir de 2011 começou o declínio e em 2020 com a pandemia, a operação entrou em colapso, fechando as portas em 2021.

O prédio chegou a ser negociado com o Tribunal de Justiça do Maranhão, mas como não houve avanço, os proprietários colocaram a venda por R$30 milhões, valor este que não atraiu nenhum investidor.

Sendo assim, o Governo do Maranhão encontrou no prédio de 12 mil metros quadrados (m²), uma solução para continuar o processo de ocupação do Centro Histórico de São Luís.

11 thoughts on “Prédio que abrigou hoteis Vila Rica e Grand São Luís Hotel vai virar sede de Secretarias estaduais do Maranhão

  1. Uma excelente idéia. Tudo qie puder contribuir para revitalização do centro histórico é bem vindo. Parabéns!

  2. RETROCESSO!
    Em vez de ser destinado a ser um novo hotel no Centro Histórico, vai virar repartição pública! Dessa forma segue o nosso turismo, aos Trancos e Barrancos!

  3. São Luís do Maranhão continua como a cidade que já teve. Já tivemos indústrias, ja fomos o terceiro produtor de arroz do Brasil , já fomos chamados de Atenas brasileira, hoje os alunos terminam o segundo grau sem saber fazer uma redação. Kkk

  4. REVITALIZAR KKK A PERGUNTA QUE NÃO CALA : ONDE VÃO COLOCAR TANTOS CARROS ESTACIONADOS EM UM LOCAL QUE JÁ É CRÍTICO COM AS REPARTIÇÕES QUE ALI JÁ SE FAZEM PRESENTES?
    REVITALIZAR?? …CREIO QUE NÃO SEJA ESSA A PALAVRA MAIS CORRETA PARA ESTE CASO! RETROCESSO? … CAMINHAR NA CONTRAMÃO DAQUILO QUE SE PRETENDE TER COMO CONSERVAÇÃO DE PRÉDIOS TÃO IMPORTANTES E IMPONENTES COMO DO NOSSO CENTRO HISTÓRICO, QUE JÁ SENTEM EM SUAS ESTRUTURAS OS ABALOS PROVOCADOS PELA CIRCULAÇÃO DE AUTOMÓVEIS NAQUELA ÁREA… ESPERO QUE NÃO VINGUE.

  5. Na minha opinião o Centro Histórico tem que ser todo voltado para o turismo. Deveria ser proibido a circulação de carros na Praça Pedro II. Com as secretarias do governo a tendência é piorar o já caótico trânsito do local.

  6. Esses críticos!? Querem uma cidade só aos caprichos deles! Se o prédio já esteve desocupado esse tempo todo e nenhum outro grupo empresarial se interessou em reativar o hotel, o que há de se fazer? Melhor decisão do governo do estado. Quanto a estacionamento, a maioria dos barnabés do estado usa transporte público. Com essa grande quantidade de pessoas circulando no entorno melhora o comércio, surgem novos serviços etc. A característica de hospedagem no centro é de pequenas pousadas, hostel e serviços de aluguel por temporada, uma coisa pulverizada que mais gente ganha. Hotel de ponta, cada vez mais concentrado no entorno das praias. Com a ocupação desse hotel, logo logo o prédio do antigo hotel central, que também não serve mais pra essa finalidade, deve ter uma destinação parecida, por exemplo de um prefeito aliado ao governo do estado.

  7. É realmente um retrocesso, elimina-se leitos de hotel, afugenta os turistas, deveria ter uma linha de financiamento com juros mais baixos para que vola funcionários ar um hotel ali. Vai continuar aumentando a máquina pública, os gastos, esse definitivamente não é o caminho. Uma pena.

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