Cenário de disputa eleitoral de 2020 em São Luís tem muita semelhança com 2008
Com a aproximação do prazo final de filiação partidária e a consequente desincompatibilização de cargos no executivo, o cenário eleitoral vai ficando um pouco menos turvo. Somente na última semana, três fatos importantes ocorreram: filiação de Duarte Júnior no Republicanos; anúncio de Rubens Júnior como nome do PCdoB e acordo entre Yglesio e PROS. E com o desenrolar dos acontecimentos a disputa de 2020 vai ficando cada vez mais parecida com 2008.
Para contextualizar, devemos lembrar que naquela oportunidade, o prefeito Tadeu Palácio lançou Clodomir Paz; o governador Jackson Lago apoiou João Castelo; Flávio Dino surgiu como um nome alternativo e ainda existia uma espécie de consórcio da ex-governadora Roseana Sarney composto por 5 nomes – Raimundo Cutrim, Cleber Verde, Gastão Vieira, Waldir Maranhão e Pedro Fernandes – que juntos tiveram precisamente 11,7% dos votos no primeiro turno. Na disputa ainda participaram os nanicos do PSTU, PSOL e PCB, totalizando 11 candidatos.
Obviamente que em 2020 existe uma situação diferente, mas o cenário é muito semelhante só que ao inverso. O governador Flávio Dino não tem um candidato oficial e acaba estimulando a formação de um consórcio para tentar vencer Eduardo Braide (Podemos), que apresenta independência política sem ligações diretas com o Palácio dos Leões, Grupo Sarney e até mesmo com o senador Roberto Rocha.
No consórcio de Flávio Dino apenas Duarte Júnior tem destaque e sem dúvidas é o que possui chances reais de ir ao segundo turno contra Eduardo Braide.
As demais pré-candidaturas pulverizadas: Rubens Júnior – PCdoB; Neto Evangelista – DEM; Madeira – SDD; Yglesio – PROS; Bira do Pindaré – PSB e um possível nome do PT, até o momento não mostram viabilidade eleitoral.
Mas é inegável a montagem de uma artilharia para tentar vencer a eleição de qualquer jeito. Tanto que chama atenção a ida de Yglesio para o PROS, o qual é comandado por Gastão Vieira, que é suplente de Rubens Júnior, ou seja, um ponto totalmente fora da curva.
Recentemente, Gastão Vieira chegou até declarar em entrevista à rádio Nova FM que a sua proposta era um ampla aliança envolvendo PCdoB, PT e PROS, e descartava a possibilidade de candidatura própria do partido. Aí explica-se a anomalia por conta da filiação de Yglesio.
Porém fontes palacianas confirmam que a ida de Yglesio foi um pedido do Palácio dos Leões, ou seja, eles esperam tentar dividir ao máximo os votos para forçar um segundo turno.
Acontece que 2008 é uma prova que essa estratégia nem sempre dá certo, pelo contrário pode apequenar aqueles que tem alguma estatura política.
Com ressalvas apenas para Duarte Júnior que com certeza chegará no mínimo a um patamar de 10% e se consolidará com uma liderança, outros três também não terão prejuízos caso de Madeira, Yglesio e algum candidato do PT que serão franco atiradores, e qualquer que seja resultado será um lucro.
Já para Rubens Júnior, Neto Evangelista e Bira do Pindaré, o resultado inferior a 5% pode trazer consequências extremamente negativas que inviabilizaram projetos políticos para 2022.
Obviamente que Eliziane Gama prova que nem sempre isso é verdade, após uma derrota acachapante em 2016, ela foi eleita senadora em 2018.
Rubens Júnior vive uma permanente ascensão política, eleito em 2006 deputado estadual na coligação de Roseana Sarney; reeleito 2010 pelo grupo de Flávio Dino; 2014 eleito deputado federal e reeleito em 2018 também no grupo do Flávio Dino. O pai – Rubens Pereira – já avisou que 2022, o filho não irá disputar reeleição, mas sim irá para algum cargo majoritário – governador, vice e senador – ou seja, 2020 é uma especie de trampolim para daqui dois anos, mas 2018 pode se tornar uma escavadeira e enterrar o sonho político em caso de um vergonhoso desempenho.
Neto tem apoio de Weverton, Juscelino e Othelino, mas caso seu desempenho seja pífio terá que se contentar no máximo com mais uma reeleição para estadual, herança está que recebeu do pai – João Evangelista (falecido).
Por fim, Bira do Pindaré, que vive uma indisposição com o Palácio dos Leões e já foi alijado da disputa municipal três vezes (2008 e 2012 pelo PT; 2016 pelo PSB), pode viver um declínio eleitoral também em 2020, caso apresente um desempenho pífio.
É claro que tudo isso são apenas projeções e recuperação dos fatos que já ocorreram. E vale lembrar que tudo muda muito rápido, tanto que dos personagens de 2008, apenas Flávio Dino tem uma posição diferente daquela eleição, hoje é cotado para ser candidato a presidente da República.
João Castelo, o vencedor, faleceu; Clodomir Paz terceiro colocado deixou o PDT, trabalha para Roberto Rocha e já não possui expressão política; Raimundo Cutrim e Waldir Maranhão estão sem mandatos; Cleber Verde e Gastão Vieira são deputados federais e Pedro Fernandes é pré-candidato a prefeito em Arame.
E agora quem será o Flávio Dino de 2020?
Vale lembrar que a disputa desse ano, ainda deve ter os nomes de Wellington do Curso, Adriano Sarney, Jeisael Marx, Franklin Douglas (PSOL), e ainda um nome do PSTU. O total de candidatos pode repetir 2008, mais de dez concorrentes, mas tudo isso é só a história se repetindo com outros personagens, alegorias e enredos.