Pelos cálculos do governo do Maranhão, vendas em arraiais juninos superam Grupo Mateus em São Luís
A notícia mais importante dos festejos juninos de 2017 no Maranhão foi dada neste fim de semana pelo Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (Imesc), que calcula em R$ 20 milhões a movimentação financeira nos quatro arraiais oficiais juninos de São Luís: Ipem, Praça Maria Aragão, Parque da Vila Palmeira e Praça Nauro Machado. Ainda de acordo o Imesc, se for somada com a movimentação do interior do estado, a cifra pode chegar a mais de R$ 60 milhões, e isto pode ser um resultado superior ao que teria movimentado, no mesmo período das festas, o Grupo Mateus, com suas lojas de supermercados, eletro eletrônicos, atacado e fábrica de pães em São Luís.
Os cálculos do Imesc, pelo que se imagina, levaram em conta apenas a venda de bebidas, comidas típicas e outros produtos do comércio informal (balões, sorvetes, fogos de artifício etc), já que não há meios de aferição do que ocorre num arraial junino, onde a entrada é livre e o comércio quase todo informal, ou seja, não emite nota fiscal e poucas barracas operam com cartões de crédito, o que torna a informação ainda mais surpreendente.
Levando-se em conta este volume, é como se cada morador da capital, cuja população é estimada em pouco mais de 1 milhão de habitantes, tivesse consumido nesses festejos pelo menos R$ 20,00. Como nem 1/3 da populaçãio participa das brincadeiras, esta proporção aumenta ainda mais, dependendo da quantidade de pessoas atraídas para esses espaços, incluindo-se os turistas, que teriam sido milhares.
Para que se tenha ideia do que isto representa, a última Exposição Agropecuária do Maranhão (Expoema) de grande movimentação, a de 2014, teria gerado, em oito dias do evento no Parque Independência, uma circulação de R$ 50 milhões, e os cálculos foram feitos com base nas receitas de bilheteria, estacionamento, vendas de estandes, cinco leilões de animais, vendas de veículos (caminhões, caminhonetes, automóveis, tratores etc) e apartamentos, financiamentos bancários, movimento de transporte e hotéis na cidade etc.
A se confirmarem esses números do Imesc é de se concluir também que os festejos juninos do Maranhão movimentam mais dinheiro do que uma empresa do porte do Grupo Mateus, uma das maiores redes varejistas do País. De acordo com estatística da revista Exame, em 2016, o Mateus movimentou cerca de 2,717 bilhões com suas 55 lojas espalhadas pelo Maranhão, Pará e ainda o Tocantins (de onde saiu este ano).
Mateus – Tendo por base esses números, conclui-se que as vendas médias do Mateus chegaram a R$ 226,4 milhões por mês, que divididos pela quantidade de lojas daria algo em torno de R$ 4,116 milhões/mês para cada uma delas. Levando-se em conta apenas as lojas do Maranhão, que são 49, chega-se a uma média mensal de R$ 201,7 milhões de faturamento da empresa, e se a divisão for pelas 24 lojas da capital, o resultado cai para R$ 98,7 milhões/mês.
Tendo em vista que os arraiais juninos funcionaram apenas 16 dias (e os cálculos foram apresentados antes do encerramento dos festejos) vê-se que o Grupo Mateus neste mesmo período faturou na capital, com base no balanço de 2016, algo em torno de R$ 49,3 milhões, ou seja, bem menos do que as festas de São João, segundo cálculos do governo.
Ainda de acordo com a estatística do Imesc, que foi bastante comemorada pelo governador Flávio Dino em seu artigo deste fim de semana, não estão incluídos o que circulou de dinheiro com as reservas de hotéis (e consumo interno dos hóspedes), uso de táxi, vendas de passagens aéreas, compras no comércio tradicional, aquisição de artesanato etc.
Não surpreenderia se o instituto apontasse algo superior a R$ 100 milhões, e assim pode-se dizer que a melhor maneira de se desenvolver o Maranhão não é atrair empresas, nem estimular o crescimento das que se encontram aqui, mas montar arraial junino.