Márcio Jerry: o foco de tensão do governo Flávio Dino
O governo Flávio Dino é longe de ser um excelente exemplo de gestão, porém existem feitos que podem ser comemorados e até agradar parte da população maranhense. No entanto, o Palácio dos Leões vive uma crise permanente e a todo momento segue amarrado por polêmicas que poderiam ser facilmente administradas, as quais tentam ser amenizadas com a divulgação de fajutas pesquisas de avaliação da administração estadual. E o foco dessa tensão é centrada em um único nome: Márcio Jerry.
Por alguns conhecidos como “super-secretário”, por outros como “bi-secretário”, já alguns lhe dão alcunha de “sub do sub” que possui “patamar de vereador”. A propósito foi o autor dessa frase, o ex-governador Zé Reinaldo Tavares (PSB) que alertou um ano atrás que o governo Flávio Dino tem “pecado demais na articulação política”.
Dito e certo, um ano depois, o próprio Márcio Jerry continua demonstrando que não possui nenhuma habilidade para gerenciar crises no governo. Pelo contrário ao invés de abafar, “joga querosene” e o que poderia ser apenas algumas faíscas, se transforma em um incêndio sem precedentes que acaba resultando em exposição extremamente negativa em rede nacional do líder comunista no Maranhão.
As férias de oito dias de Flávio Dino tiveram sabor amargo, apesar de estar provavelmente respirando ares de outros países, o comunista teve que ficar desde o dia 5 de janeiro pregado no celular e se justificando. Na sanha de justificar o injustificável se comparou a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) e mostrou total falta de controle ao responder os questionamentos sobre os “aluguéis camaradas”.
Tudo isso poderia ter sido evitado se o secretário de Articulação Política e Comunicação, tivesse anunciado uma investigação sobre a questão do aluguel, mas não o fez e pior, acabou abrindo a caixa preta de aluguéis expondo os demais aliados, passando desde Roberto Albuquerque (dono da Tv Guará) até o presidente da Assembleia Legislativa, Humberto Coutinho (PDT).
Conhecido também por “coveiro” na época que foi membro do PT, Márcio Jerry enterrou a carreira política do casal Jomar Fernandes e Terezinha Fernandes. O primeiro chegou a ser prefeito de Imperatriz, hoje não pode nem pisar na cidade e ainda responde uma série de processos. A segunda nunca mais foi nada e vive no ostracismo político, assim como o marido. Atento a isso, Edivaldo Holanda tratou de manter uma distância segura do comunista da administração do filho. Apesar da influência do PCdoB na Prefeitura de São Luís, as áreas estratégicas – Educação, Saúde e Transporte – são controlados pelo próprio presidente do PTC.
No governo estadual, Flávio Dino já tirou Márcio Jerry do relacionamento com os deputados estaduais e conferiu ao chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares (PSB), essa tarefa. Sem nenhum trato e antipatizado pelos parlamentares, o presidente do PCdoB estava colocando em risco a excelente relação do executivo com o legislativo, por isso atendeu o pedido dos legisladores e do presidente Humberto Coutinho (PDT).
No entanto não houve redução do poder do “bi-secretário”, pelo contrário, ele é responsável por quase tudo e as vezes é até confundido com o próprio governador. Assemelhando a uma relação existente entre Lula e José Dirceu nos primeiros anos do governo petista entre 2003 e 2004.
Desesperado e sem poder midiático que seu grupo político possui ou a máquina pública consegue transmitir, Márcio Jerry chega a situação vexatória de se oferecer para conceder entrevista a rádio Mirante AM do tão criticado ex-presidente da República, José Sarney. Afinal ele começa a compreender que só o Twitter e o Facebook são muito restritos para impor o seu discurso, fora que já percebeu que ali só recebe curtida e retuítadas dos babões que estão nomeados na estrutura administrativa ou estão agraciados com benesses. Vale lembrar que entre aqueles que mais “puxam” o saco do “rato” está o que tinham as opiniões mais péssimas contra o atual chefe.
É muito improvável que Flávio Dino chegue ao ponto de exonerar o fiel escudeiro, afinal eles vivem no melhor estilo Dom Quixote e Sancho Pança, mas se o ritmo prosseguir, o governador talvez seja obrigado a tomar a mais dolorosa de todas as suas decisões, convidar Márcio Jerry a procurar novas atribuições estratégicas pelo estado.
No entanto é mais provável que Flávio Dino deposite todas as suas esperanças em eleição de 2018, afinal só assim vai se livrar do camarada que vem anunciando pelo interior o desejo de ser candidato a deputado federal, inclusive já vem costurando alianças e até loteando regiões do Maranhão.
Daqui há dois anos, Márcio Jerry deve obter um desempenho bem melhor do que o último obtido em 2006, quando ele tentou ser deputado estadual ainda pelo PT. Naquela oportunidade, ele teve 3.072 votos, pouco mais que a apresentadora Sirlan Sousa que chegou aos 2.996 votos. É muito provável que sua votação seja melhor, mas o presidente do PCdoB sonha com 150 mil votos, um megalomania digna dos comunistas da União Soviética.
O governo do Maranhão provavelmente continuará sendo governado de forma bígame por aquele que foi eleito e aquele que recebeu a incumbência de forma indireta. Pior para o estado e para os maranhenses. E o preço que se paga pela teimosia é uma eterna sensação de que nada mudou ou está mudando para pior, pois parece que o patrimônio público está virando propriedade privada do PCdoB, a qual é distribuída em migalhas aos poucos aliados para que estes se mantenham próximos.
Diego, vc tem uma das melhores análises políticas do cenário maranhense entre todos os colegas. Perfeito.
Obrigado!