Vereador Honorato Fernandes engajado no combate à cultura do estupro
Nesta segunda-feira (30), durante sessão realizada no plenário da Câmara Municipal, o vereador Honorato Fernandes (PT), lamentou o caso de estupro coletivo que vitimou uma adolescente de 16 anos, no Rio de Janeiro e alertou a sociedade em geral e, sobretudo, os demais parlamentares para a necessidade de colocar a luta contra a cultura do estupro no centro das discussões da Casa.
O vereador iniciou o pronunciamento, explicando que a cultura do estupro tem raiz no ideal machista naturalizado em nossa sociedade, que legitima as relações de poder e submissão.
“A repugnância desse crime que alarmou toda sociedade brasileira nos últimos dias evidenciou a necessidade urgente de falarmos sobre a cultura do estupro. Cultura esta, nada mais nada menos, que reflexo de uma sociedade machista, onde as relações são movidas pelo poder e pela submissão”, afirmou o vereador.
Baseado em pesquisas, o parlamentar destacou ainda que, impregnada pela cultura do estupro, a sociedade tende a retirar o foco do criminoso, transferindo para a vítima a culpa do crime.
“A lógica perversa da cultura do estupro, naturaliza o crime e busca deslegitimizar a vítima, que tem o foco do delito transferido para si e não para o estuprador. Dados estatísticos do IPEA estão disponíveis e comprovam essa lógica”.
Os dados citados pelo parlamentar se referem à pesquisa divulgada pelo IPEA em 2014. De acordo com o levantamento, 26% dos entrevistados afirmaram que mulheres que usam roupas curtas merecem ser atacadas e 58% acreditam que, se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros.
Dando sequência ao pronunciamento, Honorato criticou o modelo de gestão do presidente interino, Michel Temer, que extinguiu o Ministério da Mulher, quando reformulou o quadro de ministérios.
“Diante desse cenário, quero dizer que repudio a decisão desse governo ilegítimo de extinguir o Ministério da Mulher. Assim como repudio também o projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados que dificulta o acesso ao aborto por mulheres vítimas de abuso sexual”, afirmou o vereador, criticando também o projeto de lei, que tem como co-autor o líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-SE).
Concluindo a fala, o vereador alertou os demais parlamentares para a necessidade de engajamento na luta contra a cultura do estupro, sugerindo que a Câmara Municipal fomente as discussões sobre gênero.
“Precisamos, enquanto parlamentares, trazer o debate sobre questões de gênero para o plenário desta Casa, só assim, gradativamente, vamos desconstruir a cultura perversa do estupro. É preciso deixar claro que discutir questões de gênero não significa ensinar crianças a fazerem sexo, como muitos propagam por aí”, finalizou.