Carlos Brandão diz que PSDB terá candidatura própria a prefeito de São Luís em 2016
Considerado um dos mais habilidosos políticos do Maranhão, Carlos Brandão (PSDB), concedeu uma entrevista exclusiva. O presidente do Ninho Tucano no Maranhão falou sobre a sua missão no governo Flávio Dino, a participação do seu partido e principalmente sobre as relações político-partidárias internas e externas da legenda que ele comanda no estado.
A nível de governo, Brandão aponta avanços e destaca principalmente a moralidade dos recursos públicos, mas destaca melhorias na educação, agricultura e outros setores. O vice-governador ainda revela que não tem apenas um cargo no governo, mas desempenha ações orientadas pelo governador, que passam inclusive pela articulação política.
Brandão ainda fala sobre a sucessão municipal e diz qual será o papel do PSDB na disputa de 2016, assim como o que ele pensa para 2018.
Confira na íntegra a entrevista:
Diego Emir – Brandão, hoje como é a relação entre o vice-governador e o governador Flávio Dino?
Carlos Brandão – Muito boa. Sempre esteve. Primeiro que temos uma amizade antiga e nosso relacionamento vem se mantendo muito bom. Eu tenho recebido várias missões do governo. Tenho ajudado a administrar o governo junto com o Flávio Dino. Dessa forma acredito que um vice-governador com uma série de demandas, demonstra uma confiança por parte do governador. Eu e Flávio conversamos todos os dias. Nunca tivemos nenhum problema nesses meses de governo.
Quais são essas missões?
As missões são em relação ao trabalho em algumas secretarias, quando ele precisa de um reforço ele nos pede um apoio, pois existem algumas ações do governo em que o secretário não está desempenhando a contento e então ele nos chama para ajudar, assim fortalece a ação do governo. Não existe área especifica. As vezes é uma ação nova como essa que fui aos Estados Unidos. Então de acordo com as minhas aptidões e com o feeling do Flávio Dino, eu recebo a orientação, ‘toca isso Brandão’.
O PSDB acabou ocupando apenas uma secretaria no governo. O senhor acha que seu partido já está bem contemplado?
Houve uma disputa muito grande pela vice-governadoria e o PSDB ficou com esse cargo. Eu tenho colocado o seguinte, o Neto Evangelista ficou como secretário, mas inúmeros colegas de partido também estão ocupando cargos em outras secretarias. Não necessariamente secretários, mas adjuntos e outras posições. Hoje temos muitos membros do partido já trabalhando no governo, existem outros que ainda não foram, mas estamos trabalhando para que eles sejam contemplados com espaços.
Em relação ao posicionamento do Flávio Dino em criticar algumas posturas do PSDB e fazer uma defesa exacerbada em relação a presidente Dilma. Como o senhor reage?
Todos os governadores estão buscando apoio do governo federal. Então é natural essa aproximação. Outro dia, os governadores Marcone Perillo e Artur Virgílio fizeram uma grande recepção para a presidente Dilma. Afinal, eles precisam do governo federal. Eles não podem romper essa relação. O governador Geraldo Alckmin tem inúmeros projetos com o governo federal, isso desde o presidente Lula. O próprio Aécio Neves trabalhou em sintonia com o governo federal. Você não pode fechar porta. O Flávio Dino vem abrindo, já trouxe sete ministros ao Maranhão. Então se ele não se posicionar de forma aberta ao governo, como é que ele vai trazer recursos para o nosso estado? Nós encontramos um estado em uma situação difícil e o Flávio Dino tem de fazer gestos para a presidente Dilma. O próprio João Castelo quando era prefeito, dizia ser fã da presidente Dilma, pois ele obteve muitos recursos do governo federal. Na campanha, metade dos partidos apoiava a Dilma e a outra o Aécio, e não houve campanha ostensiva para nenhum dos dois lados. Dessa forma é natural entender que o Flávio Dino faz confete para presidente Dilma, aguardando o repasse de recursos federais.
Imaginando que em 2018, o Flávio terá que fazer palanque para o candidato do PT e o senhor para do PSDB. Como vai ficar a relação de vocês?
A gente não sabe. Não é possível já fazer esse prognóstico. Até por que, sinceramente a gente não tem a segurança que o PT vai ficar com a gente. O comando partidário do PT é muito ligado ao grupo Sarney. Eu acredito que Flávio vai manter uma eleição suprapartidária. A eleição tá muito longe. Vamos aguardar.
Pegando um cenário mais próximo. Como vai ficar em 2016? Afinal em vários municípios o PSDB terá candidatos e o PCdoB também terá. Como fica o comportamento de vocês?
Nós temos municípios que tem 3 ou 4 grupos que apoiaram Flávio Dino, então é bem provável que o governador não se meta nessas disputas. O Flávio vai respeitar as posições partidárias. Por exemplo em São Luís. O Flávio é aliado do Edivaldo. É aliado da Eliziane. É aliado do Pinto e do Neto. Então se ele for tomar partido, ele vai acabar ganhando adversário e correndo o risco de serem impostas derrotas. São grupos diferentes, ele não vai se meter. Vai que Eliziane Gama ganha a eleição, aí ele vai ganhar uma adversária de graça, se a Eliziane ajudou ele. O Flávio já disse que só vai falar de política em agosto de 2016, que não vai se meter nessas questões de coligações. Onde não tiver 2 ou 3 candidatos, ele vai, como por exemplo Tuntum e Caxias. Em Imperatriz, ele não deve se meter na disputa. Onde tiver bola dividida, acredito que ele não vai entrar.
E o que PSDB vem pensando para disputa em São Luís?
Nós estamos nos preparando para ter uma candidatura própria em São Luís, assim como em vários municípios.
Nas últimas quatro eleições para prefeito de São Luís, o Castelo disputou a eleição. Ainda existe essa possibilidade em 2016?
Conversei recentemente com o Castelo em Brasília e ele me disse que não pensa em disputar a prefeitura, assim como sua filha ou esposa. Então abriu a janela para outras candidaturas como o Pinto Itamaraty, o Neto Evangelista que está no governo, mas que tem um pré-compromisso com Flávio, mas estamos aguardando se essa norma será cumprida, a principio o Neto tem esse compromisso com o Flávio de não sair candidato e temos também o Sérgio Frota, que demonstrou interesse em disputar a prefeitura. O candidato será decidido democraticamente, cada um vai buscar se viabilizar.
Existe a possibilidade de outros nomes serem apresentados pelo PSDB como candidatos, assim como Luís Fernando ou Eliziane Gama?
Nunca conversamos sobre esse assunto com os dois. O PPS hoje está com o PSB. Nossa conversa com o PPS nunca andou, talvez lá na frente, ande.
O PSDB pode vir apoiar algum nome na disputa?
Não. Nós vamos lutar pela candidatura própria. Só se não tiver viabilidade. Temos quadros.
Sobre a situação de Castelo no PSDB. É verdade que existe uma insatisfação por parte dele em relação ao partido?
Vou explicar o que aconteceu. A esposa do Castelo, comandou por 16 anos o diretório municipal de São Luís, muito bem e com excelência. No inicio do ano, o Castelo e a Gardênia me falaram que não tinham mais interesse em presidir a legenda. E aí começou a surgir o interesse do Pinto e do Neto em comandar o partido. Aí o Castelo voltou atrás, disse que gostaria de manter a Gardênia no comando. Então busquei fazer um acordo, o Neto abriu, mas o Pinto não. Aí levei a discussão para executiva nacional e eles nos orientaram a fazer uma votação na executiva estadual e escolher um presidente por dois meses. O Pinto foi eleito por 5 votos a 1. Não quer dizer que ele será o presidente, ele está provisório, vai haver a convenção para decidir, se não houver acordo vai ter que haver uma nova disputa. Eu tentei de todas as formas um acordo, não consegui. Quando não tem acordo tem que ir para o voto, isso é democracia. O que eu não posso fazer é algo na marra. Depois de tudo isso, o Castelo se chateou, ele não se conformou com o resultado.
E o Castelo manifestou desejo de deixar o partido?
O Castelo me chamou e disse: ‘se não desmanchar essa decisão e não deixar o comando do PSDB de São Luís com minha mulher, eu vou sair do partido’. Eu achei algo muito autoritário, radical, o que deixa parecer que ele não concorda com o processo democrático. Eu falei ao Castelo que lamentava, mas que não podia desfazer algo orientado pela nacional.
Castelo deixando o PSDB, o partido vai entrar com um processo por infidelidade partidária?
Quem vai decidir é a nacional. O problema não é só o PSDB, mas a suplente. A Luana Alves com certeza vai atrás. Já temos histórico de deputado federal maranhense que se desfiliou do partido e a nacional foi atrás. Existe um entendimento no PSDB, que se o partido não for atrás, abre uma janela para uma série de desfiliações. Então acho que se o Castelo deixar o PSDB, ele pode sofrer um processo por infidelidade partidária. Mas gostaria de deixar claro, a questão democrática interna do PSDB, não existe canetada, existe diálogo e voto.
E no diretório estadual? Existe um interesse do Madeira assumir o PSDB no Maranhão?
Não. O Aécio já me chamou e disse que hoje eu sou a pessoa que tem mais condições de comandar o PSDB no Maranhão sou eu. No diretório estadual não há disputa. Reconheço que administrar um partido como o PSDB é muito trabalho, mas entendo que tenho essa missão.
E em relação à disputa presidencial. Existe a possibilidade de o candidato ser o Geraldo Alckmin?
Olha, nunca houve essa discussão. Hoje o que se tem é o nome do Aécio Neves. De repente, o Geraldo pode estar melhor que o Aécio aí muda o jogo.
Quais são os principais avanços do governo?
O salário dos professores, pagamos as professores, isso foi um grande avanço, promovemos uma estabilidade. A construção de escolas, dos IEMA, deve demorar 1 ou 2 anos, são avanços mas não acontecem imediatamente. Na agricultura estamos oferecendo um grande apoio. Porém acredito que o principal avanço foi: moralizamos o uso do recurso público. Acabaram os escândalos, o que estamos fazendo é desarmar contratos questionáveis que estavam firmados. Um exemplo disso é o Porto de Itaqui que em três meses deu mais de R$100 milhões de lucro, enquanto que em 2014 foi apenas R$100 mil, pois todo dinheiro que entrava, era retirado para pagar uns projetos que não era palpáveis. É normal que existam denúncias no nosso governo, sempre vai haver. Mas o Flávio é bem claro com sua equipe, ‘quem quiser meter a mão no dinheiro público, peça pra sair’.
Como é o momento do PSDB atualmente?
Olha existe uma procura muito grande pelo PSDB. Não só por conta da onda do momento em que o país vive. Mas o partido tem se mostrado limpo. Com pessoas honestas. De caráter. Você não vê o PSDB envolvido em escândalos. Então muitas pessoas estão querendo vim, mas nós estamos fazendo inclusive um crivo. Nós estamos renovando o partido.
Existe alguma chance do PSDB não ganhar a eleição para presidente em 2018?
Só se houver uma virada muito grande. A Dilma perdeu o controle da governança. E a rua não apoia mais esse governo. Todos nós torcemos para que o país dê certo, tenha um ajuste fiscal, inclusive para o próximo presidente. Torcemos para que o PT se encontre, mas dificilmente acho que isso vai acontecer.
Muito boa essa entrevista, nosso vice Carlos Brandão mostrou que tem competencia e por que ele está no diretório nacional do nosso partido,parabéns.