Chaguinhas: de baixo clero a presidente da Câmara de Vereadores de São Luís

A Câmara Municipal de São Luís tem um novo presidente, após uma decisão inédita de Paulo Victor (PCdoB), que decidiu pedir licença do comando do parlamento para assumir a Secretaria de Cultura do Maranhão. Em seu lugar assumiu o vice-presidente, Chaguinhas (Podemos). E o novo chefe do legislativo atinge o seu ápice da sua carreira política, após altos e baixos, mas sempre colocado como baixo clero no plenário Simão Estácio da Silveira.

Chaguinhas surge na política no ano de 2004, quando concorre pela primeira vez a vereador de São Luís pelo extinto PAN que foi incorporado pelo PTB, não consegue a vitória, mas obtém 3569 votos, mais do que o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior, que obteve 3376 votos e foi eleito vereador. Na eleição seguinte em 2008, já no PRP, ele soma 3987 votos e assume pela primeira vez o mandato na condição de titular da vaga.

É entre 2008 e 2012, que Chaguinhas seu momento áureo ao assumir o comando do PRP, tanto que na eleição de 2012, ele atingiu sua maior votação ao garantir 6532 votos. Seu resultado foi tão expressivo, que ele figurou entre os 10 mais bem votados de São Luís.

Mas logo em seguida, em 2013, Chaguinhas perdeu o comando do PRP e tentou ganhar uma sobrevida nos holofotes da política ao apoiar a CPI do Bom Peixe, que investigava a gestão de João Castelo (falecido). O presidente da CPI, Pedro Lucas Fernandes, e outros vereadores, logo desistiram de continuar as investigações, mas Chaguinhas, então vice-presidente tentou levar ao fim, mas o resultado até hoje é desconhecido.

Em 2016, Chaguinhas apostou no PP para manter o seu mandato e com 4879 votos, ficou em terceiro lugar na sua coligação com o PSB, mas foi o suficiente para garantir o terceiro mandato seguido. Já com uma linha mais radical e discursos prolixos na tribuna, o vereador da região do São Cristóvão, voltou para o limbo, onde tinha pouca atenção da imprensa e pouco destaque no cenário político.

Resultado disso foi que em 2020, sua votação despencou, caiu para o patamar da sua primeira disputa política em 2004. Chaguinhas teve 3450 votos e se elegeu graças a uma boa montagem do Podemos, que foi feita pelo prefeito Eduardo Braide, então principal liderança do partido no Maranhão.

Entre 2021 e 2023, Chaguinhas viveu as “turras” com o prefeito Eduardo Braide e com colegas parlamentares, dentre eles Octávio Soeiro (Podemos) e Fátima Araújo (PCdoB), que ganharam espaço entre o eleitorado da região do São Cristóvão.

No entanto, Chaguinhas nos bastidores trabalhou de forma acertada a ser um dos primeiros a aderir ao projeto de Paulo Victor, uma vez que estava insatisfeito com o prefeito Eduardo Braide e não acompanharia o candidato do chefe do executivo, que na época seria Dr Gutemberg.

Ao optar por Paulo Victor, Chaguinhas foi escolhido pelo colegiado como o primeiro vice-presidente e quis o destino colocar o então vereador do baixo clero no comando da Câmara Municipal de São Luís. Ainda que seja de forma provisória, o líder da região do São Cristovão já entrou na galeria dos presidentes.

Agora Chaguinhas, já fala em passar o “bastão” para o filho Júnior Chaguinhas. Se isso se confirmar, o vereador vai se despedir do parlamento municipal aos 66 anos em grande estilo, terminando sua trajetória no auge da política, afinal ele deve permanecer como presidente da Câmara Municipal de São Luís no mínimo até abril de 2024, quando Paulo Victor deve retornar por conta do período de desincompatibilização para disputar a Prefeitura de São Luís, mas caso isso não ocorra, o líder político do São Cristóvão pode terminar seu mandato no exercício da função de chefe do poder legislativo.

Em tempo, vale lembrar que não é a primeira vez que o vice-presidente da Câmara de São Luís, assume o comando por um longo período. Em 2013, logo após ser reeleito para o quinto mandato de presidente, Isaías Pereirinha, pediu sucessivas licenças por motivo de saúde e deixou Astro de Ogum na chefia do parlamento municipal e logo em seguida, se efetivou no cargo ao ser eleito presidente.