Por Leonardo Arruda

O mês é setembro, e tenho a impressão de que a mesma classe política que entoava os cânticos moralistas em defesa da vida – obrigando a paralisação da atividade econômica -, foi fatalmente acometida pelo políticavírus.E como todo vírus, esse também deixa muitas sequelas, merecendo destaque a perda de memória recente,comprovada neste período de pré-campanha eleitoral,onde vemos o nítido descumprimento dos Decretos de isolamento social por eles criados e duramente impostos à sociedade.

A imprensa foi uma indispensável testemunha dos diversos encontros partidários nos meses de julho, agostoe setembro. O mais contraditório é que a Covid-19 ainda continua a matar mais pessoas do que no dia 21 de março deste ano, quando o Governo do Maranhão, sem nenhuma morte ainda registrada no Estado, baixava o seu primeiro Decreto “de prevenção do contágio e de combate à propagação da transmissão da COVID-19”.

Mas a pergunta é: como fazer política sem o corpo a corpo com a militância, com as comunidades, sem os comícios e sem as pomposas convenções partidárias? Difícil responder. Talvez devêssemos também perguntar como é que os empreendedores e os trabalhadores informaisconseguiram manter as suas dispensas abastecidas, mesmo quando a classe política – com os seus altos salários e privilégios garantidos – obrigava o fechamento do comércio.

Nenhum Maranhense – principalmente aqueles que perderam os seus empregos ou fecharam as suas empresas – jamais se esquecerá do dia 05 de maio, data em que o Governo do Estado, dando cumprimento à Sentença prolatada pela Justiça Estadual, decretou o bloqueio total na Região Metropolitana de São Luís, impendido as pessoas de circularem de carro sem motivo “justificável”, sair ou entrar na Ilha, dentre outras medidas controversas.

A impressão que tenho é que os mesmos grilhões(Decretos) que ainda aprisionam os empreendedores e trabalhadores formais/informais – os condenando a uma recessão histórica e jamais vista-, foram simplesmenterompidos em prol do mais cobiçado oásis ludovicense: oPalácio de La Ravardiere. E o mais inusitado de tudo isso são as justificativas: apelam para os mais belos discursos em defesa da democracia; suscitam os interesses do povoe; exaltam a República!

Fazendo uma análise histórica, dentre as catástrofes mais marcantes do século XXI, o dia 11 de setembro de 2001 é uma data que nos assombra e que jamais sairá da nossa memória. O ataque terrorista ao Complexo Empresarial World Trade Center, nas Torres Gêmeas, ceifou, de uma só vez, a vida de 2996 pessoas. Mas sem dúvidas, o ano de 2020 ficará para a eternidade registrado.

No Maranhão, mais de 3500 pessoas já morreram em decorrência do Coronavírus, e mesmo assim, no dia 12 de setembro de 2020, 19 anos e um dia após ao ataque anteriormente mencionado, vimos demonstrações de quetalvez as mentes de muitos políticos estão tão cauterizadasquanto às daqueles que semeiam o terror pelo mundo. A irresponsabilidade de se colocar até 7 mil pessoas reunidas e aglomeradas em uma Convenção Partidária, numa escancarada queda de braços para demonstrar força política através do impressionismo, é uma prova de que a vida para eles nunca teve toda essa importância e que a lei pode ser flexibilizada para os seus criadores.

Enquanto isso, a população trabalhadora segue apelando para as migalhas da flexibilização que o Estado oferece. De outra banda, deleitam-se ao banquete dos favores da lei somente aqueles que possuem o brasão da alta casta política maranhense. E no final, já sabe quem paga a conta, não é?

1 thought on “O políticavírus e o Maranhão

  1. Ótimas ideias temos que destruir o establishment, a esquerda tirar todo o peso do estado sobre os cidadãos é a melhor forma de fazer isso e levando conhecimento pra grande massa, mostrando prós mais desinformados como o establishment manipula suas vidas

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