Natalino Salgado: “uma palavra de gratidão”

Uma jornada chega ao fim. Um amálgama de sentimentos me invade a alma, mas uma palavra me vem à mente: gratidão. Sou invadido pela imagem da “pesca maravilhosa”, conforme descreve o Evangelho de Lucas, pois houve dias em que lançamos as redes, cheios de confiança na experiência, no saber, no conhecimento e elas voltaram vazias. Limpamos as redes, consertamos os rasgos e esperamos outra oportunidade. Então houve dias em que as habilidades foram necessárias, mas acima de tudo, fomos abençoados por Deus que nos deu tino e sensibilidade para lançar as redes da melhor maneira e no lugar certo e elas vieram cheias, tão cheias que tivemos que chamar mais companheiros para ajudar. Tenho orgulho de ter servido 24 horas por dia a minha instituição, com alma e coração. A única política que abracei nesse período foi a política universitária e estimulei outros a adotar a mesma prática. Quando se caminha uma jornada, nunca voltamos iguais. Sou outro agora e os que caminharam comigo certamente também são. Tudo que se move, tudo que flui se muda de forma e lugar, se torna algo novo, assim pensava Heráclito quando cunhou a frase famosa de que não se pode entrar duas vezes no mesmo rio. Quando nos lançamos numa tarefa, no fazer nos fazemos também porque ela trará desafios, testará decisões e escolhas. Assim, olho para trás e tenho aqui comigo a mesma centelha acesa de quando iniciei a jornada nestes últimos oito anos à frente da Reitoria da Universidade Federal do Maranhão. Como resultado, elevamos nossa instituição a um patamar de respeito como nunca antes visto. Costumo sempre dizer que nenhuma vitória é singular. As palavras ditas pelos amigos que me incentivaram, o ombreamento nas tarefas mais exigentes, cada um foi essencial, sem o que o eu não teria conseguido. Agradeço a cada um dos colaboradores, desde aqueles que fazem as tarefas mais simples até às mais complexas. Não esqueço de reconhecer a atuação da bancada de deputados federais e senadores do Maranhão que também tiveram a sensibilidade de olhar para a UFMA e trabalhar pelo seu maior engrandecimento. Ao chegar neste ponto, lembro Cora Coralina: “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.” Mas cada cansaço, cada exigência do serviço valeu a pena. Arrependimentos? Do que não conseguimos realizar. Tristezas? Poucas. Alegrias? Todas. A UFMA da qual agora me despeço na condição de Reitor é outra. É maior, é melhor, seus servidores e alunos dela podem se orgulhar ainda mais. Drummond nos aconselhou: andemos de mãos datas, não nos afastemos muito. Voem agora, companheiros, experimentem outras jornadas. Todos realizaram seu melhor porque ouviram Pessoa que nos sussurrava a cada passo: Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. / Sê todo em cada coisa. Põe quanto és / No mínimo que fazes. Obrigado pela companhia, obrigado pelo desprendimento de seu esforço.

Obrigado pelo que me ensinaram. Deus os abençoe.
Natalino Salgado

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