Em artigo, senadora Marta Suplicy critica administração do também petista Fernando Haddad

Falta tudo. Vá num dos encontros organizados pela Câmara Municipal nas subprefeituras. Parece que São Paulo parou no tempo. No Jaçanã, zona norte, na parte mais carente a demanda é a mesma faz anos: melhores condições de funcionamento para o Hospital Municipal São Luiz Gonzaga, que atende em situação calamitosa. Unidades Básicas de Saúde (UBSs) não foram construídas e uma, segundo relatos, funcionando em “cabana de madeira”.
Na periferia, o problema do lixo não se resolve. O metrô que não chega nunca, o transporte de ônibus é insuficiente e de péssima qualidade. As compensações ambientais acordadas na construção do Rodoanel até hoje não aconteceram. Os mesmos córregos sem canalização: Tremembé, Piqueri e Paciência (olha o nome!!!!). Enchentes sempre!
Alguma novidade? Sim. Em relação à Guarda Civil Metropolitana, que não aparece para controlar a zoeira dos “pancadões”, à falta de equipamentos culturais para juventude se encontrar, mais pistas de skate, mais cultura nos CEUs. Lembrei dos “rolezinhos” , já esquecidos pelos prefeitos. Combate à corrupção é um mantra: “Aqui falta tudo e ainda roubam nossos impostos”.
Saí triste com o sentimento ou percepção de abandono pelo poder público na fala dos moradores. Esta região tem 300 mil habitantes. Nas zonas leste e sul há subprefeituras com mais de 600 mil em igual situação. Faltam planejamento, recursos, contato com a realidade?
Um pouco de tudo. Quem planeja uma São Paulo tem que estabelecer prioridades. O orçamento é de R$ 51 bilhões (trabalhei, em valores atualizados, com R$ 30 bi), mas isso está longe de cobrir as necessidades. As prioridades também passam longe de 350 km de ciclovias.
A Câmara aprovou em março a redução do indexador da dívida de Estados e municípios com o governo federal a partir de 30 dias da aprovação pelo Congresso. É uma enorme vitória para a cidade que vive asfixiada com pesados juros e correções. O debate está no Senado e poderia ter sido votado no início da semana. Foi adiado pois o prefeito Haddad concordou com o ministro Joaquim Levy que esse alívio nas contas da prefeitura pode ficar para o ano que vem. Cooperação de São Paulo para consertar o caos na economia?
O que São Paulo paga para a União (nessa dívida), num ano, daria para construir 500 creches, 150 km de corredores viários e 10 mil habitações!
Na Comissão de Assuntos Econômicos, Levy deixou claro que o que for pago a mais desde agora até fevereiro de 2016 será restituído “se tudo der certo”, isto é, se a recuperação da economia ocorrer.
Com o desastre das contas deste primeiro bimestre lembrei de Adoniran Barbosa: se São Paulo perder esse trem…

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