“Eu sou a favor do bolsa família”, diz Aécio Neves
Foram apenas quatro horas em território maranhense, mas suficiente para sacudir o cenário político local mais uma vez. Aécio Neves esteve na última sexta-feira (9) em São Luís, para anunciar apoio do PSDB a pré-candidatura de Flávio Dino (PCdoB), concomitante com a indicação do deputado federal Carlos Brandão para o cargo de vice-governador. Porém, muito mais de tratar de acordos políticos, o senador mineiro veio com o objetivo de mostrar o seu discurso e tentar convencer o eleitorado maranhense, que ele pode fazer um governo melhor que o PT.
Com índices altíssimos de desconhecimento no estado, Aécio Neves diz que isso não é algo negativo, pois é natural que o seu nome ainda esteja começando a ser divulgado, uma vez que ele nunca participou de uma eleição presidencial.
Durante sua rápida passagem pela capital maranhense, Aécio Neves concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Imparcial, aproveitou para expor suas ideias sobre o que ele pensa para o Brasil e para o Maranhão. Mostrou como pretende convencer o eleitorado, que a população precisa mudar o modelo de governar o país.
O tucano ainda aproveitou para falar sobre o bolsa família, lembrou que isto foi criado no governo de Fernando Henrique, nome este que é lembrado em diversas oportunidades ao longo da entrevista. Aécio defende o programa como ação de estado e não de governo. Diz ainda que as conquistas efetivadas pelo PSDB ao longo dos governos presidenciais não podem ser esquecidas, mas sim evidenciadas, porém essa eleição não será a discussão do legado, mas sim do futuro.
Sobre o Maranhão, ele diz ter feito a melhor escolha ao conceder apoio a Flávio Dino. Pois segundo o próprio, existe um desejo muito forte de mudança no estado e no país.
Confira na íntegra a entrevista exclusiva do senador Aécio Neves:
O Imparcial – Nas últimas eleições presidenciais, os candidatos do PSDB não evidenciaram as conquistas do governo Fernando Henrique Cardoso. Nesta eleição o senhor vai trabalhar de forma contrária?
Aécio Neves – Eu pretendo mostrar o nosso legado, pois grande parte dos avanços que o Brasil vive hoje vieram em razão do que foi feito no governo Fernando Henrique. A estabilidade da moeda, a responsabilidade fiscal, a privatização de determinados setores, a internacionalização da economia, temos que resgatar o legado do PSDB, pois é essencial para que possamos mostrar que temos condições de enfrentar os desafios de hoje. Eu tenho feito isso e o Fernando Henrique tem estado do meu lado em toda essa caminhada. Agora essa não vai ser uma eleição de legado, mas sim de futuro. Quem tiver as melhores propostas e melhores condições de voltar a dar esperanças para as pessoas terá maior chance de vencer as eleições.
Mas por qual motivo isto não aconteceu nas eleições passadas?
Foram opções do momento. Não cabe a mim julgar. Hoje é o sentimento latente de mudança e o PSDB é o partido que melhor encarna esse sentimento. Mudança de estado, mudança de mundo. Vamos buscar parcerias para gerar emprego e renda no Brasil. Mudança no comportamento ético. Vamos propor que o governo caminhe paralelamente com a ética política.
No Maranhão e na maioria dos estados da região norte e nordeste, existe uma larga diferença entre o senhor e a candidatura do PT. O que senhor irá fazer para mudar este cenário?
Olha com toda verdade, mesmo no nordeste, onde houve uma grande presença dos candidatos do PT, existe um sentimento de cansaço e até mesmo de indignação com tantas denúncias de irregularidades e a tão baixa eficiência do serviço público. O governo do PT não entrega o que promete, frustra as pessoas. A saúde é de péssima qualidade, a segurança é pior ainda, o Brasil é um cemitério de obras inacabadas. A ferrovia Norte-Sul é um exemplo disso. Hoje as pessoas querem entrega. Querem transporte de qualidade, educação, saúde e segurança com eficiência. Acredito que no nordeste teremos bons resultados, pois carregarei a minha experiência de uma boa gestão como governador de Minas Gerais. No final do meu governo, gastei mais de R$3 mil por pessoa na região nordeste do meu estado, então com a proximidade com os demais estados, eles podem perceber a diferença.
Com constância surgem boatos que o senhor vai acabar com os programas sociais criados pelo PT. Isto é verdade?
Isso é uma leviandade daqueles que não tem argumentos. Como vou acabar com algo que começamos? O bolsa família é originário do bolsa escola criado no governo do Fernando Henrique. Na verdade o que eu quero é que o programa bolsa família, seja um programa de estado e não de governo, eu sou a favor do bolsa família. Apresentei ao Senado, um projeto que eleva o bolsa família a lei federal, para que independente do governo que vier, o bolsa família irá continuar, inclusive com avanços, pois ele está enraizado em várias regiões brasileiras. E quem está contra este projeto é o PT, pois prefere usar o bolsa família como moeda de troca nas eleições. Mas acredito que as pessoas são suficientemente informadas para saber que estes argumentos que usam contra mim são leviandades e evidencia que eles não têm propostas.
Recentemente o senhor declarou que não se considera adversário do Eduardo Campos. No entanto o presidenciável socialista disse que é totalmente diferente do senhor. Como o senhor reagiu a esse posicionamento?
Olha as divergências existem e é bom que isso ocorra. Não devemos temer esse debate, assim como não devemos temer nossas convergências. O Eduardo Campos é um candidato correto, sempre estimulamos sua candidatura. Eu não vou fazer o jogo do PT, que é causar uma briga entre as oposições, tanto eu como o Eduardo temos um objetivo, que é discutir o atual modelo de governar o país que está sendo imposto pelo PT. Estamos nos preparando para derrota-los, pois iremos dar um novo norte para o país.
Falando em vice-presidente. O José Serra seria o nome ideal para ocupar este espaço ao seu lado?
O companheiro José Serra em qualquer chapa é um honraria imensa. É um dos políticos mais experimentados e um dos mais experientes. Mas esta é uma decisão coletiva dos partidos e das forças que nos apoiam. Isso ainda não foi colocado, mas somente uma especulação. No momento certo iremos definir o nome ideal. Independente da posição que tomemos, tenho certeza que o José Serra estará conosco nessa campanha vitoriosa e no governo para ajudarmos a conduzir o país.
Qual a importância do Maranhão para a sua eleição e o senhor já tem projetos para o nosso estado?
Olha é extremamente o peso do Maranhão na eleição. Seja pela importância que tem na região, seja pelo contingente eleitoral, mas principalmente por necessidade ter parcerias sólidas com a união. A capacidade da nossa recuperação, passa pelo fortalecimento dos municípios e estados. Nós queremos fundar uma nova federação. Precisamos que os recursos cheguem com maiores volumes nos municípios e isso fortalecerá o Maranhão. Quero modificar o pagamento do endividamento interno, vamos propor que esses valores possam ser reinvestidos. Vamos retomar obras estratégias no Maranhão como a norte-sul, teremos uma gestão mais solidária na saúde e na segurança, onde existe uma omissão crescente o governo federal. Existe uma necessidade injeção na veia dos nossos governantes.
Sendo eleito, qual será sua prioridade número um?
Um conjunto de medidas precisam ser tomadas no inicio do governo. Eu diria que os primeiros momentos de um novo governo são valiosos. Pois existe o capital político e o apoio popular. Vamos diminuir a carga tributária, vamos declarar guerra ao custo Brasil, incentivar quem produz no Brasil. Retomar as obras que foram abandonadas no país. O nosso governo iniciará com capítulos discutindo o nordeste e políticas de desenvolvimento para esta região, sempre com os municípios e com a sociedade organizada.
Hoje existem 39 ministérios e isso é muito questionada. Em seu governo esse número será enxugado?
No primeiro dia do meu governo, vamos acabar com a metade do número de ministérios. Isso é um acinte a sociedade brasileira. Pois esses ministérios servem apenas para atender a ânsia por espaço dos aliados do PT. Eles não entregam resultados e serviços de qualidade à sociedade. Vamos resgatar as agências reguladoras como instrumento do estado. Vamos introduzir a meritocracia na gestão pública. Vamos confrontar esse aparelhamento absurdo que hoje é a principal marca desse governo, que ainda tem a ineficiência e a condução de desvios. Não procurarei fazer o governo do PSDB, mas sim dos brasileiros, que marcará um crescimento sustentável e uma nova relação com o mundo desenvolvido, porém prezando o respeito e a ética com o dinheiro público.
O PSDB vem perdendo muitos espaços nas últimas eleições. Existe uma crise de identidade no PSDB atualmente?
Pelo contrário. O PSDB tem conquistado vitórias ao longo de sua história. Venceu as eleições presidenciais com o Fernando Henrique, porém nas últimas disputas perdeu e isso faz parte do jogo democrático. Hoje nós somos o maior partido de oposição do país. Nas últimas eleições tivemos vitórias significativas, inclusive no nordeste como em Salvador, Maceió, Aracaju e Teresina, apenas para citar algumas. E temos companheiros muito representativos no Maranhão, ao lado dessas lideranças, temos uma grande identidade partidária. Juntos vamos construir uma grande agenda para esta região. O PSDB será o partido que apresentará o melhor projeto de desenvolvimento sustentável.
Qual será o papel do Flávio Dino na sua eleição?
Nós fizemos aqui uma aliança adequada para o Maranhão. Toda essa articulação foi conduzida pela direção nacional do nosso partido e com muito orgulho vamos seguir com a candidatura honrada do Flávio Dino, que contará com nosso valoroso Carlos Brandão como candidato a vice-governador. Ele terá o nosso absoluto apoio. Tenho certeza que as condições são enormes de vencer com Flávio Dino, que tem qualidade e experiência para gerir o estado. A nossa experiência de Minas Gerais já está a disposição, inclusive o Flávio Dino já marcou uma visita ao nosso estado, onde vai buscar conhecer nossos modelos para implantar em seu programa de governo. Nossa experiência vai proporcionar ao Flávio Dino, uma possibilidade de salto de qualidade de vida no estado. Sendo eleito presidente, vamos trabalhar em parceria, melhorando os índices sociais do estado. Levando bem-estar e mais qualidade a sua gente.
Quanto ao senado, o PSDB irá discutir esse assunto no Maranhão?
A decisão é que o PSDB está com uma aliança com Flávio Dino e isso ocorrerá através da nossa participação na chapa majoritária com a indicação do vice-governador, que é o deputado federal Carlos Brandão. Fora isso, não existe discussão