Roseana a um passo de seu dia do “fico”. Entenda os motivos

O Imparcial – Raimundo Borges


A governadora Roseana Sarney tem cinco motivos fortes para arquivar a ideia de renunciar o governo até o próximo dia 4, prazo-limite de desincompatibilização, e apenas três para enfrentar mais uma eleição, desta vez concorrendo à vaga no Senado Federal. Ela conversa todo dia sobre o impasse em que se encontra, mas a ninguém revela claramente o que vai fazer nesses poucos dias 12 dias que a lei lhe garante para ser candidata ou não.

Os motivos do “fico” são: concluir o quarto governo com um conjunto de obras que superam a tudo que ela fez nos anteriores; lançar novos projetos que, mesmo não sendo concluídos, mas ficarão como marca de sua gestão; agir politicamente na eleição deste ano, arregaçando as mangas para eleger o sucessor Luís Fernando Silva; poder mostrar à população maranhense que a realidade social do estado em 2014 e completamente diferente do que a oposição tenta passar; que o setor privado nunca acreditou tanto no Maranhão como faz agora.


Já as razões para a governadora renunciar são puramente de caráter político. Ela avalia, consulta especialistas em marketing político, compara cenários de outras eleições e troca opiniões até em família sobre como se dará a transição no Governo. Como é improvável que o presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo (PMDB) a substitua na renúncia a deixe a eleição indireta acontecer sem participar como candidato, Roseana reluta e reluta. Sem chance de eleger Luís Fernando (PMDB) no mandato-tampão, ela fica e vai correr atrás do fortalecimento do peemedebista.

Ao saudar a inauguração da fábrica da Suzano, gigante na produção de celulose e papel, instalada em Imperatriz ao custo de R$ 6 bilhões, Roseana Sarney, disse, na presença da presidente Dilma Rousseff, que o Maranhão hoje tem investimentos garantidos que somam R$ 130 bilhões. Ela relatou todo o seu empenho para que o megaprojeto fosse instalado em Imperatriz, gerando 3,5 mil empregos.


Hoje ela é recebida na cidade com entusiasmo pela população e a classe empresarial, além do prefeito Sebastião Madeira, do PSDB. Para quem sempre perdeu eleições em Imperatriz, Roseana até se surpreende com o assédio de populares para tirar fotos ao seu lado. Quem acompanhou Roseana, ouviu de um radialista da região, o seguinte: “Imperatriz, finalmente, está sendo respeitada e reconhecida pelo governo do Estado”.


Em São Luís, outro reduto do “contra”, em que só veio ganhar uma disputa do governo na eleição de 2010, contra o ex-governador Jackson Lago, Roseana manda o secretário da infraestrutura, Luís Fernando acelerar as obras das Avenidas Via Expressa e Quarto Centenário, além da duplicação das rodovias estaduais que dão acesso a Raposa e São José de Ribamar. Contabiliza, ainda a favor, as melhorias no setor de saúde, com os hospitais do Estado e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), em parceria com o governo federal.


Quanto o desfecho de uma eventual renúncia da governadora, não há quem acredite nem na Assembleia Legislativa, nem no governo, que o presidente Arnaldo Melo assuma o mandato para depois sair. Mesmo sem ele revelar o que faria, quem acreditaria que o governador, com plenos poderes, inúmeras obras para inaugurar, um orçamento quase inteiro para governar e a Assembleia de seu lado, deixaria de disputar a eleição indireta?


Para o que der e vier, Roseana deixa escapar, entre frases e palavras soltas, as razões para encerrar o governo, um ciclo de quatro mandatos – sendo um pela metade, quando substituiu Jackson Lago em 2009. Ela desfruta de inegável popularidade onde quer que ande no interior do Maranhão e tem o nome considerado favorito caso disputasse o Senado. Mas não é isso que o grupo que comanda tem presenciado.


Roseana, na verdade preparou um plano para deixar como sucessor Luís Fernando Silva, depois da eleição indireta provocada por sua renúncia. Ele é de sua mais completa confiança. Afinal, o Estado tem um orçamento de 2014, no valor R$ 14,1 bilhões ainda quase inteiro para gastar; outros quatro R$ 4 bilhões em empréstimos do Banco Mundial e do BNDES, que estão garantidos e parte já liberada. Mas a pressão familiar – exceção do pai – pode pesar mais do que a conjuntura política.

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