Escola de Dança de São Luís leva três prêmios em festival no Rio de Janeiro

Era domingo, 25 de agosto. Já passavam das 21h e dezenas de nailarinos ocupavam as últimas fileiras do Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro.

Havíam acabado de dançar a última coreografia dessa jornada. Para muitos a primeira vez dançando fora de sua cidade natal.

Todos já estavam bastante felizes por estarem alí, participando do maior festival de dança do Rio, mas os acontecimentos dos próximos minutos mudariam suas vidas.

Para sempre.

Mas antes de continuar com essa história, precisamos voltar um pouco.

Na Semana da Dança de 2018 e, durante a mostra competitiva, Frank Lucena, professor do NAI, apresentou a coreografia “Gaga”. Formada por 18 nailarinos – como nós carinhosamente chamamos os bailarinos do NAI – e apenas o seu segundo trabalho, tendo estreado  “Just Britney” apenas um ano antes.

“Gaga” é uma grande homenagem à artista homônima e aos seus mais de XX anos de sucessos.

A coreografia, assim como as músicas que a compõe, fala de empoderamento, aceitação, igualdade e liberdade de expressão.

Tudo muito presente e importante para nossas vidas.

Naquela noite fomos vencedores do Prêmio Ana Duarte na categoria Grupo. Além da enorme felicidade, do reconhecimento de horas e horas de trabalho, ainda veio a surpresa: Carlos Fontinelle, organizador do Festival Movirio, convidou o grupo para se apresentar no Rio de Janeiro em 2019.

Mais emoções e lutas estavam por vir.

A Preparação

A afirmação de que a vida do artista no Brasil não é fácil, é especialmente verdadeira no nordeste.

Sabemos da falta de infraestrutura, de apoio e, principalmente, de oportunidades para a divulgação e apreciação de eventos culturais como um todo.

E quando esta gigantesca porta se abriu em nossa frente, a única escolha era agarrá-la com unhas e dentes, levar mais trabalhos, mergulhar no evento.

O caminho não foi fácil. Como levar um grupo de 22 pessoas para o Rio? Onde ficar? O que comer?

Mobilizamos toda a escola e nossos conhecidos: fizemos rifas, eventos, uma vaquinha on-line e até procuramos apoio de empresas, políticos e figuras de influência, apesar de não termos recebido tanto resultado nenhum destes.

Fizemos o DiversiNAI. Um grande espetáculo no Teatro Arthur Azevedo, que nos foi cedido pelo seu diretor Celso Brandão, e com apoio de toda a comunidade da dança local, que se apresentou de graça em prol de um dos seus. Uma noite linda e que vai para sempre morar em nossos corações.

Todo dinheiro arrecadado nessa noite foi destinado à viagem.

Os Nailarinos economizaram muito também. Praticamente um ano guardando tudo que podiam e apesar de todos os esforços e campanhas. Muito ainda saiu do nosso bolso.

O Festival

Além de Gaga, coreografia convidada, o NAI levou “Além do Caos”, coreografia de Ana Lúcia de Pinho, para concorrer na categoria de dança contemporânea, “Be Italian”, de Taíla Menezes, para concorrer na categoria Jazz Grupo e “She’s Mad”, de Frank Lucena para a categoria Livre.

O nervosismo foi grande. Além da plateia fluminense, tivemos a presença de nomes consagrados internacionalmente na bancada de jurados, como: Renato Vieira, Fran Mello, Regina Sauer.

A experiência, por si só era uma conquista. O maior festival do Rio com a participação uma companhia maranhense. Uma ESCOLA maranhense, repleta de alunos que ainda não conseguem fazer da arte o seu ganha pão.

O festival era novo porém já de grande porte. Vinte e um dias de evento, seis mil pessoas participando, oficinas, workshops, escolas de nomes super conhecidos, como Débora Colker competindo. E nosso grupo do MA chamando atenção por onde passávamos. “Vocês são da onde?” Era a pergunta que mais escutavamos. Nas coxias elogios aos nossos trabalhos, uma receptividade maravilhosa da plateia.

Mais a cereja de todo esse bolo, o evento que iria coroar toda essa experiência, foi a premiação do dia 25.

E então voltamos para o começo  dessa história. Quando ainda não sabíamos que todo nosso esforço seria reconhecido e coroado com três prêmios no Rio de Janeiro.

“Be Italian”, uma de nossas coreografias originais mais conhecidas do NAI ficou com o segundo lugar em sua categoria.

Em meio a lágrimas e uma felicidade que quase não cabia mais no Teatro inteiro, “She’s Mad” foi anunciado com o terceiro lugar de “Categoria Livre – Grupo”. Antes mesmo de subir ao palco, Frank era surpreendido com o anúncio que “Gaga” acumulava, além da premiação na Semana da Dança, primeiro lugar na mesma categoria. Agora no Rio.

O depois

Voltamos para o Maranhão com a mala bem mais pesada.

Não estamos falando dos prêmios – esses vieram nas mãos, não muito longe de nossas vistas. Falamos de conhecimento, de energia e muita responsabilidade.

Aprendemos muito.

Não só no Rio. O contato com todos os artistas do estado foi incrível, mas nossa aprendizado começou aqui mesmo em São Luís.

Aprendemos que esforço e trabalho duro, feito com muito amor e dedicação gera resultado.

Que pessoas boas atraem pessoas boas.

E aprendemos que você deve acreditar nos seus sonhos. É visível quando algo é feito com o mais puro sentimento.

Não vamos parar por aqui.

Agradecemos ao Movirio e a Carlos Fontinelle por acreditarem no NAI e pelo belíssimo parágrafo que tiveram em nossa história, mas não podemos deixar que seja um ponto final.

As aulas já começaram, os ensaios do final de semana continuam e os novos projetos estão a todo vapor.

A dança não pode parar.

TEXTO FERNANDO PORTELADA

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