Senador Edison Lobão diz que permanece na política

O senador Edison Lobão (PMDB-MA) evitou a palavra despedida no discurso em que fez um breve balanço de sua atuação política, ao encerrar o quarto mandato de senador. “Quem tem a vocação da política, dela jamais se despede”, disse Lobão, ao anunciar que, mesmo sem mandato, vai permanecer na política “como guardião incansável dos interesses do povo brasileiro, em especial do povo maranhense”.

Lobão, que iniciou a carreira como deputado federal, elegeu-se senador em 1986 e, em 1990, para o governo do Maranhão. Quatro anos depois retornaria ao Senado. Licenciou-se do Senado para exercer o cargo de Ministro de Minas e Energia nos governos Lula e Dilma Rousseff. Foram quatro os mandatos como senador.

Depois de ouvir o discurso de Lobão, a senadora Ana Amélia (PP-RS) exaltou a forma como ele conduz, como presidente, as discussões da Comissão de Constituição e Justiça. “Queria aproveitar para agradecer a vossa excelência pela forma republicana com que tratou todos os senadores, sempre com honestidade e firmeza de propósito”, declarou Ana Amélia.

O senador pelo Distrito Federal, Hélio José, disse que acompanha a trajetória do senador Edison Lobão  e ressaltou o período em que esteve à frente do Ministério de Minas e Energia.  “Acompanho ao longo do tempo a história de vossa excelência e posso afirmar a pessoa proba, competente e realizadora que o senhor é. Temos que agradecer ao Lobão pela época que foi ministro de Minas e Energia.  Sei da importância da obra de Vossa Excelência no setor de energia.

Me honra muito poder ter convivido com vossa excelência e ter sido servidor público na época em que o senhor esteve à frente do Ministério de Minas e Energia”, afirmou.

O senador Cássio Cunha Lima elogiou a decisão de Lobão de não abandonar a política. “Quero felicitá-lo por seu pronunciamento e pela decisão de não deixar a política. Há várias formas de exercer a política, com o  seu espirito público e a forma sempre com que se dedicou. Desejo-lhe sucesso”, disse Cunha Lima.

Discurso

Em seu discurso, Edison Lobão fez um breve balanço de sua atuação no

Congresso Nacional, desde sua primeira eleição para deputado federal, em 1978. Lembrou que foi o autor da emenda Constitucional que restabeleceu as eleições diretas para governadores e senadores, em 1979.

Lobão destacou que durante a Assembleia Nacional Constituinte presidiu comissão da reforma agrária, segundo ele, “a rumorosa de todas as comissões. Ele foi também um um dos responsáveis, na Constituinte,  pelo capítulo que garantiu ao Ministério Público a importância e a independência de que dispõe hoje”, afirmou.

Ministro de Minas e Energia

Em seu discurso, o senador referiu-se ao período de  sete anos em que comandou o Ministério de Minas e Energia. “Cheguei ao Ministério sob o coro dos que prenunciavam um racionamento de energia, o que seria uma catástrofe para o País.  Com investimentos e o manejo competente do sistema por nossos técnicos e especialistas, evitamos o colapso anunciado. Durante o período em que fui Ministro, o sistema de geração e distribuição de energia elétrica foi ampliado em mais de 30 por cento”, afirmou.

Com o programa Luz para Todos, Lobão disse ter levado  energia elétrica para os lares mais de 15 milhões de brasileiros, sendo que desse total, mais de 1,5 milhões de maranhenses foram contemplados.

Agradecimento

 O senador Edison Lobão finalizou seu discurso agradecendo ao povo do Maranhão. Ele também desejou boa sorte aos novos senadores que representarão o estado.

“Quero agradecer especialmente ao povo do Maranhão,  que  tenho a honra de aqui representar, e que é a razão da minha luta. Quero também saudar os novos representantes do meu Estado nesta Casa: os senadores Weverton Rocha e Elisiane Gama, recentemente eleitos. São dois jovens de talento e grande futuro, aos quais desejo boa sorte e felicidade no desempenho de seus mandatos”, encerrou.

Segue a integra do discurso:

Senhoras e senhores,

A poucos dias do encerramento da presente legislatura e da conclusão dos nossos atuais mandatos, quando já nos deixamos contagiar pelo espírito natalino e aguardamos, com renovadas esperanças,  a chegada do Ano Novo, venho hoje a esta tribuna, como tenho feito com regularidade no exercício de quatro sucessivos mandatos de Senador, para dizer-lhes algumas palavras sobre essa jornada que se está cumprindo.

         Não se trata de balanço nem de despedida.

Quem tem a vocação da política, dela jamais se despede. 

A política é o instrumento de ação dos que pensam no bem comum, nas pessoas, na fraternidade e na justiça.

Ela é uma atividade que deveria estar reservada exclusivamente aos que têm a vocação para servir. Porque a vocação para servir, uma vez despertada,  nunca mais nos abandona. 

Por isso, graças a Deus, tenho o pensamento e a ação voltados para o bem-estar coletivo.

Vou, assim, permanecer na política, como guardião incansável dos interesses do povo brasileiro, em especial do povo maranhense, que me deu inúmeras oportunidades de trabalhar por meu Estado e por meu País.

O meu interesse pela vida pública nasceu, como se sabe, muito antes da ação política; veio com o Jornalismo, profissão que abracei e procurei exercer,  com  honra e dignidade,  durante a primeira fase da minha vida. 

Repórter da Última Hora, da revista Maquis, diretor de jornalismo da Rede Globo em Brasília, colunista político do Correio Braziliense, acompanhei os principais acontecimentos da vida brasileira: da chegada de Juscelino Kubitscheck ao poder,  sobraçando o projeto de construção de Brasília, à ascensão e renúncia de Jânio Quadros; dos tempos conturbados de João Goulart  e da longa intervenção dos militares à abertura política e a sonhada  redemocratização do Brasil.

Entrei para a política propriamente dita na época da “distensão lenta e gradual” do antigo regime para a democracia, cujas portas seriam escancaradas pela pressão popular.

Duas vezes eleito para a Câmara Federal, participei dos grandes debates do Brasil da abertura democrática.

Poucos talvez saibam que é de minha autoria a emenda Constitucional que restabeleceu as eleições diretas para governadores e senadores, em 1979, a famosa Emenda Lobão. Foi a primeira incursão nesse campo, à época.

 

Senhoras e senhores,

Pertenço com honra e orgulho a esta Casa desde 1987, quando me elegi pela primeira vez Senador da República.

Quatro anos depois, o povo do Maranhão elegeu-me seu governador.

Fiz um governo voltado para a modernização do meu Estado, consolidando a sua infraestrutura de transportes e comunicações, ampliando e melhorando as redes estaduais de educação, saúde e segurança pública, realizando, enfim, tudo o que me foi possível fazer, nas circunstâncias que vivíamos, para construir um ambiente de entusiasmo e progresso, sob um governo feliz.

Para meu orgulho e satisfação, o povo concedeu ao meu governo os maiores índices de aprovação em todo o País.

 Meu retorno ao Senado Federal  foi  o reconhecimento ao trabalho que, na condição de governador,  procurei realizar com  todas as minhas forças e a minha fé, em benefício dos meus conterrâneos.

Hoje, com quatro mandatos completos, sou o decano desta Casa.

Aqui, fui líder, presidente do Senado e presidente de quase todas as suas comissões técnicas.

Lembro que, ao presidir, pela primeira vez, a Comissão de Constituição e Justiça, votamos a reforma do Judiciário.

Na oportunidade, criamos os Conselhos do Ministério Público e o da Magistratura.

Criamos também a súmula vinculante, com a qual foi possível desobstruir, pelo menos em parte, a pauta do Judiciário.

Durante a Assembleia Nacional Constituinte, presidi a mais rumorosa de todas as comissões, a da reforma agrária.

Também na Constituinte, fui um dos responsáveis pelo capítulo que garantiu ao Ministério Público a importância e a independência de que dispõe hoje.

Tantos anos depois, e eis que presido, mais uma vez, a Comissão de Constituição e Justiça, sem dúvida a  mais importante do Congresso Nacional, conduzindo as discussões sobre os temas mais urgentes da nossa institucionalidade, entre os quais o da segurança pública.

 

Senhoras e senhores,

Foi como Senador da República que o meu partido, o PMDB, indicou-me, em duas ocasiões, para o Ministério de Minas e Energia. Primeiro, no governo do presidente Lula; em seguida, no governo Dilma.

Cheguei ao Ministério sob o coro dos que prenunciavam um racionamento de energia, o que seria uma catástrofe para o País.

Com investimentos e o manejo competente do sistema por nossos técnicos e especialistas, evitamos o colapso anunciado.

Durante o período em que fui Ministro, o sistema de geração e transmissão de energia elétrica foi ampliado em mais de 30 por cento.

Sob os governos Lula e Dilma, concluímos a hidrelétrica de Estreito e construímos as de Teles Pires, Jirau, Santo Antonio, Belo Monte e outros.

Em dezembro de 2009, promovi o primeiro leilão de energia eólica do País. Hoje, o Brasil já tem uma capacidade eólica instalada de 14 gigawatts de energia, quase 10 por cento de toda a energia disponível no País.

Tive a honra de conduzir um dos mais importantes programas sociais do mundo, o Luz Para Todos, que levou energia aos lares de 15 milhões de brasileiros.

Assisti, como ministro, à primeira extração de petróleo da província marinha do pré-sal, em águas profundas.

Coordenei a elaboração da Lei do Pré-Sal, que, entre outros benefícios, destinou à Educação parcela expressiva dos recursos obtidos com sua exploração.

Foi de nossa autoria a proposta da nova lei do Setor Mineral, que abre amplas perspectivas para o uso racional dos nossos recursos naturais.

Nenhuma dessas conquistas teria sido possível sem a decisão presidencial e sem o apoio do PMDB, do PT  e dos demais partidos  que davam sustentação ao governo no Congresso Nacional.

Senhoras e senhores,

Aqui cheguei, como disse, em 1987, com a reverência que sempre julguei que devo ter por esta Casa, consciente do que  ela representa para o País, a partir mesmo da definição de nossa nacionalidade.

Foi o Senado Federal que consolidou a nossa Independência, numa época em que não sabíamos sequer onde estavam as nossas fronteiras.

Naquele momento, esta Casa nos dava a noção de perpetuidade da Nação que estava nascendo.

Na Constituição de 1891, a primeira do Brasil Republicano, ela incorporou a concepção de Rui Barbosa, tornando-se a casa legislativa da Federação, representada pelos Estados, garantindo a unidade nacional.

Por aqui passaram grandes homens que lideraram ou inspiraram a construção deste País. 

Homens cuja dimensão pode ser sintetizada na figura de Rui Barbosa, nosso Patrono, cuja presença está aqui perenizada em bronze.

Como jornalista e como Senador, tive o privilégio de conviver aqui com figuras como Pedro Aleixo, Milton Campos, Petrônio Portela, Paulo Brossard, Luís Vianna Filho, Fernando Henrique Cardoso, José Sarney, Henrique de La Rocque Almeida, Tancredo Neves, Antonio Carlos Magalhães, Auro de Moura Andrade.

Devo ressaltar a figura inesquecível do Senador La Rocque, meu amigo e fonte de inspiração. Foi ele quem me incentivou e apoiou nos inícios da minha atuação política.

E não posso deixar de homenagear todos os atuais senadores com os quais tenho convivido nos últimos anos, a começar pelo presidente desta Casa, senador Eunício de Oliveira.

Figuras como o senador Renan Calheiros, Simone Tebet, Romero Jucá e meus conterrâneos Alexandre Costa, João Alberto e Roberto Rocha.

A todos, o meu reconhecimento, a minha gratidão, pela boa e produtiva convivência.

Na hora dos agradecimentos, não posso esquecer os técnicos e servidores desta Casa, competentes e dedicados no assessoramento aos senadores.

Meu reconhecimento e minha gratidão aos funcionários do meu gabinete – técnicos, assessores e amigos – que conviveram comigo nessa jornada e sempre me ofereceram apoio, colaboração e solidariedade.

Quero agradecer especialmente ao povo do Maranhão, a quem tenho a honra de aqui representar, e que é a razão da minha luta.

         No encerramento destas minhas palavras, devo saudar os novos representantes do meu Estado nesta Casa: os senadores Weverton Rocha e Elisiane Gama, recentemente eleitos. São dois jovens de talento e grande futuro, aos quais desejo boa sorte e felicidade no desempenho de seus mandatos.

         Boa sorte desejo igualmente ao Presidente Jair Bolsonaro, que, em poucos dias,  assumirá a condução dos destinos do nosso País.

Meus votos são os de que ele realize, em sintonia com o Congresso Nacional e o Poder Judiciário, um bom governo, que corresponda à confiança e às esperanças  do povo brasileiro.

A política, como disse no início desta fala, é a arte de promover o bem comum, e, fora dela, não há salvação, porque não há democracia.

Por isso, despeço-me da legislatura que se encerra, mas não me despeço da política.

2 thoughts on “Senador Edison Lobão diz que permanece na política

  1. Claro que vai permanecer na política. Não quer largar o osso. Sempre foi sustentado pela política e pelo o Maranhão, então, infernizar a vida do Flávio Dino. Nesse meio tempo com todas as aposentadorias, vai aproveitar a vida e os trouxas dos eleitores vão bancar os salários deles e do clã Sarney…fim dos tempos. E quando imaginamos que nem presidentes têm direito a aposentadorias, como pagar quieto as aposentadorias dessa raça? Um Estado já totalmente quebrado, como? O bom é que sem foto, de repente “pinta” um Papuda pra todos eles…Deus é grande!

  2. Senador Lobão, um grande homem com uma vasta lista de feitos pelo nosso estado. Tomara que esses “novos” políticos tenham ao menos 1/2 da carreira e competência do senhor Lobão

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