Eliziane Gama se posiciona contra a Reforma da Previdência e a favor do ex-presidente Lula

Conhecida por ser uma das parlamentares maranhenses de maior atuação na Câmara Federal, Eliziane Gama se posiciona contra a Reforma da Previdência. A deputada considera um verdadeiro “monstro” o modelo que está sendo apresentado, prejudicando os mais pobres. A pré-candidata ao Senado também fala que a participação de Lula na eleição cumpre a legitimidade, legalidade e moralidade.

Eliziane ainda diz se posicionar contra o atual governo Temer e que este não representa o Brasil.

Confira a entrevista na íntegra:

Qual a sua visão sobre a reforma da previdência?

Eliziane Gama – Após discutirmos a reforma da previdência para cargos de altos salários e privilégios como o de políticos e magistrados, eu aceito discutir reforma da previdência dos trabalhadores em geral. Não aceitarei debater a reforma da previdência penalizando única e exclusivamente os trabalhadores mais pobres, muito menos vindo de um presidente que se aposentou aos 55 anos e recebe 48 mil de aposentadoria. Primeiro cortamos dos privilegiados, que é de onde vem o déficit, depois discutimos os outros casos. Precisamos tratar esta reforma não só como insuficiente, mas como uma espécie de “monstro” capenga que só servirá para sinalizar ao mercado. Muitos pesquisadores de economia do trabalho têm feito estudos simulando os impactos da reforma trabalhista sobre a arrecadação previdenciária. A hipótese deles e que já tem materialidade nas publicações do IBGE, é que a reforma trabalhista tem contribuído para agravar o problema da previdência, pois o visível aumento dos postos de trabalho informais e de contratações com novas modalidades farão com que a contribuição à previdência seja de responsabilidade do próprio trabalhador que entre sua sobrevivência diária e sua seguridade em um futuro incerto ele certamente deixará de contribuir.

Qual a sua avaliação do atual governo Temer?

Desde o primeiro dia fui oposição a este governo, Temer é presidente do mercado, dos lobistas. Eu sempre votei contra as propostas do atual governo e sempre fui favorável a abertura de investigação para apuração das denúncias contra ele, medida que lamentavelmente o congresso nacional não o tomou. Votei contra a PEC 241 que congela investimentos na saúde e educação e outras áreas sociais importantes por décadas, votei contra a reforma trabalhista que só serviu até agora para precarizar as relações de trabalho no país e votarei com toda certeza contra a reforma da previdência. Este governo não representa o Brasil e até termos novas eleições manteremos posição contra este governo.

A senhora tem qual posicionamento em relação à política públicas para as minorias?

Nos meus 8 anos de mandato como deputada estadual mantive o combate a todo e qualquer tipo de discriminação ou violação de direitos. Durante esse período tive a honra de presidir a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Maranhão, onde pude trabalhar ao lado de grupos de defesa de minorias, além de uma atuação próxima a órgãos e iniciativas de direitos humanos. Como cidadã penso que o combate à discriminação se baseia em não se admitir discriminação em qualquer hipótese, pois as pessoas são naturalmente diferentes e precisam ser respeitadas nas suas diferenças. Todos precisam ter a garantia dos seus direitos fundamentais, à vida, à saúde, à educação, ao trabalho, à dignidade, ao lazer, enfim.

Na sua visão qual a importância do PT no atual contexto da política brasileira?

O PT quando ascendeu ao poder levantou bandeiras importantes e que estruturalmente mudaram as políticas sociais no país. Essas políticas sociais transformaram-se em políticas de estado e são um marco em nossa história. Portanto, devem ser melhoradas e protegidas! Existiu um Brasil antes e outro depois do PT.  Programas como Minha Casa, Minha Vida, a ampliação do Bolsa Família e do acesso a universidade de grupos sociais que antes não podiam nem sonhar o ensino superior foram prioridades do governo petista. Todos os grandes partidos brasileiros estão inseridos na maior crises política no país. Infelizmente, a corrupção alastrou a todos as dimensões. O PT, mesmo sofrendo dos mesmos males, deixa um legado.

Qual sua a opinião sobre a tentativa de deixar o Lula fora da eleição presidencial desse ano?

Sou jornalista de formação, fui deputada estadual por 8 anos e estou deputada federal a 3 anos. Não tenho formação jurídica, por isso não me arvoro a discutir doutrinas jurídicas e os autos do processo a que o ex-presidente Lula responde. No entanto, a celeridade apenas um processo soa estranho. Penso que diante das atuais circunstâncias, o cenário eleitoral brasileiro está em frangalhos e a eleição deste ano precisa ter legitimidade, legalidade e moralidade atestada pelas ruas, só assim resolveremos a crise política. O presidente eleito em 2018, seja ele qual for, precisa ter o seu resultado eleitoral inquestionável. Sem o presidente Lula na disputa isso pode vir a não será possível, pois quem vota e acompanha o ex-presidente precisa ter esta opção. Só assim poderemos voltar à normalidade institucional e política.

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