Viagens, tentativas, perseverança e fé

O sábado, 30 de abril de 2016, 4:30 h da manhã, a bordo de um Boeing da Gol, partimos pra Guarulhos. 7:30 h chegamos ao destino. Em face às dificuldades de locomoção de dona Beta no aeroporto e trânsito intenso, somente chegamos ao hotel, as 9:30. Às 16 horas, depois de uma hora de táxi, cheguei para tomar informações, ao Mosteiro de Pai Santo, no jardim Mirna, região de Santo Amaro, São Paulo. Conversei com uma voluntária de nome Cláudia, entrei na igreja cumprimentei mais alguém e retornei ao hotel onde estávamos hospedados.

Domingo, primeiro de maio, foi o primeiro domingo do mês e é dia de missa de cura na Igreja do Pai Santo, celebrada pelo Padre Eugênio Maria, às 14:30 h. Chegamos às dez da manhã e já se faziam presentes, um grande número de pessoas e muitos voluntários de apoio, todos que já alcançaram alguma cura através das celebrações de Padre Eugênio. Ambiente que transmite paz.

Permanecemos lá até 19 horas. Às 14:30 h em ponto começou a celebração campal, onde mais de 2.000 pessoas participavam. A fé naquela gente era algo comovente. Entre ministros e padres, mais de cinquenta pessoas ajudavam padre Eugênio que atuou esbanjando satisfação. Contou como tudo começou, desde quando morava na Itália, sua terra natal, quando recebeu o chamamento de Cristo. A primeira pessoa, que foi curada de diabetes e com as mãos com feridas abertas. Enfim, o Padre contextualizou naquele momento a forma que Deus lhe concedeu o dom da cura.

Uma celebração diferente, em vários atos, que durou três horas e trinta minutos debaixo de uma temperatura que fazia doer os ossos, mas não sentimos qualquer tipo de cansaço. Assistimos várias pessoas afirmarem em público terem sido curadas das mais variadas doenças que eram apontadas pelo Padre. Muitas outras, dentre elas dona Beta, sentimos a sensação de algo diferente acontecer. Algo que conforta e aponta pra outras possíveis ocasiões e a certeza de que voltaríamos naquele local que irradia paz, fé e esperança.
Segunda feira, 02 de maio, às 14 horas chegamos ao consultório do Dr Pedroso, Médico Neurologista, estudioso das doenças do neurônio motor, que há dois anos acompanha o comportamento da doença de dona Beta.

Como sempre bem humorado, Dr Pedroso nos recebeu com um sorriso. Fez a entrevista, constatou pequenos avanços e alguns retrocessos, nos falou do acompanhamento dos estudos com OLIGONUCLEOTIDEO que deverão ser submetidos novamente em congresso internacional sobre doenças do neurônio motor, no caso de Beta, esclerose lateral amiotrófica ( ELA ).

Mas aí veio uma novidade. Em recente congresso no Canadá, do qual Dr. Pedroso fez parte, foi submetido e aprovada, uma medicação injetável chamada metilcobalamina, que objetiva dar uma possível freada no avanço da doença. Conseguimos algumas ampolas que deu pra dois meses,de um total de três meses para que fosse feita avaliação.

Retornamos cheios de esperanças de uma viagem muito interessante. Estamos conjugando agora ciência e religião, as duas, instrumentos de Jesus Cristo através dos homens. Com fé em Deus vamos conseguir e quem sabe a qualquer momento chegará nossa vez sem mais precisar de andador ou cadeira de rodas pra andar e sem depender exclusivamente de WhatsApp pra nos comunicar?

Início de agosto retornamos novamente a São Paulo e repetimos nossa maratona: missa da cura no primeiro domingo do mês e na segunda feira retornamos ao Dr Pedroso para além do acompanhamento, fosse avaliado o efeito da metilcobalamina. Como já praticamente sabíamos, a medicação não surtira efeito, mas mesmo assim resolvemos completar as dosagens recomendadas em princípio.

Completado as doses, em 05.11.2016, retornamos e depois da mesma rotina, segunda feira dia 07/11, depois da avaliação , Dr Pedroso suspendeu o uso do medicamento e nossas esperanças voltaram a serem depositadas na substância OLIGONUCLEOTIDEO, subemetida em sucessivos congressos realizados mundo a fora.

08/11, fomos juntos até o aeroporto de Guarulhos e lá nos dividimos. Eu fui para outro destino a negócios, enquanto Beta, Deusa e minha nora Aldeneide voaram para Brasília, para de lá se deslocarem até Abadiânia Goiás a 120 km de Brasilia, em que Beta foi pela quinta vez em busca de cura, na casa de Santo Inácio dirigida pelo Seu João de Deus, homem diferenciado, cujo trabalho espiritual está traduzido numa dezena de idiomas, cujos relatos, inclusive de colaboradores, são surpreendentes. Um dia e meio de permanência e procedimentos que renovaram a fé.

Organizamos nossa primeira viagem pra São Paulo este ano de 2017, Beta com altos e baixos constitui-se numa exceção dentre os portadores da doença, pois em março já se foram oito anos desde os primeiros sinais da doença. Com esse tempo grande parte das pessoas já se foram ou estão imobilizados. Ela ainda consegue ( apesar de já ser com muita dificuldade ) se locomover com o andador em pequenas distâncias e deglutir também com dificuldade, sem no entanto, conseguir evitar engasgos, vez por outra. Continua numa maratona de médicos locais, fisioterapeuta, Fonodiologa, variados medicamentos, em fim, tudo que é possível por aqui e o acompanhamento periódico do Dr Pedroso em São Paulo.

Consulta marcada, passagens reservadas, eis que a viagem ganhou contorno de otimismo, pois dias atrás, veio do FDA, órgão americano regulador de remédios, o anúncio da aprovação de uma droga capaz de interferir no desenvolvimento da doença, freando seu progresso.

Denominada EDARAVONE, produzida em um laboratório japonês, traduz-se em grande esperança, pois dos 137 pacientes submetidos aos testes, 40% estabilizaram a doença.

Dia primeiro de julho retornamos a São Paulo. As 14 horas da dia 03/07/2017, Beta novamente foi recebida pelo Dr Pedroso, que acompanhado de outro cientista fizeram uma interessante avaliação da situação da doença que a rigor, não teve avanço. Explicando que essa droga propalada ( EDARAVONE ) é muito mais uma especulação, fizeram uma adaptação na medicação acrescentando um que, com sua eficácia pode melhorar a deglutição. Estamos apostando, é mais uma tentativa, enquanto aguardamos os avanços da ciência e a vontade divina.

Vamos continuar lutando e acreditando, que, com ajuda do Espírito Santo, conseguiremos vencer esta dura batalha.

Nesse 28/07/2017, completamos 38 anos de um sólido casamento. Hoje administramos alguns limites impostos pela doença, mas nos mantemos unidos pelo sentimento de amor, fortalecidos pela existências de três netos: Pedro Estevam, Ana Luísa e Maria Sofia.

Eng. Chico Leitoa

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