Não querem justiça contra Bruno Azevedo. Querem sangue!

O Brasil é um país machista isso é consenso. Nós somos criados sendo bombardeados pela manhã, tarde e noite desde pequenos com frases, afirmações e brincadeiras que tem como fundo o machismo, a ideia de que homens podem, homens devem, o mundo é um grande parque de diversão masculina. Passamos por todas as fases de nossa vida reproduzindo isso, o resultado são as disparidades encontradas no Brasil quando ocorre a comparação homens e mulheres.

Homens no mesmo ofício que mulheres, ganham mais. Não há muitas mulheres em postos de comando, mesmo que muitas tenham formação e habilidades técnicas para exercer altos postos na política.

Apresentamos no Brasil, números de países muçulmanos onde a participação das mulheres na política enfrenta resistência institucional e religiosa. Com esse quadro lamentável e aterrador temos que combater o machismo de todas as formas e onde pudermos fazer, inclusive no local onde ele é mais perigoso e ocorre com mais frequência que é dentro de nós, que como eu disse, foi incutido desde nossa infância.

Os tempos atuais mudam a coisa, temos hoje informações que nos fazem refletir e pensar sobre nós e a forma como nos relacionamos com os outros e as outras. Nós homens temos uma luta diária para combater o machismo em nós mesmos, não somos as vítimas, mas somos parte de um problema sistêmico de solução com enfrentamento e aprendizagem.

Digo tudo isso basicamente para mostrar o meu lugar de fala, e dito isso, gostaria de lamentar profundamente a atitude do Sr. Bruno Azevedo que de maneira lamentável assediou uma jovem. Isso mostrou um lado de nossa doentia criação, a atitude dele é lamentável. É passível de duras críticas e quiçá de medidas judiciais, Bruno errou sim, errou feio. Foi lamentável e me solidarizo com todas as mulheres e homens que se sentiram ofendidas.

No entanto nos debates que olhei pelas redes sociais, vejo que as pessoas perderam um pouco do bom senso, vejo que algumas pessoas não querem, nem almejam justiça. O Bruno Azevedo veio a público, pediu desculpas, assumiu seu erro. Isso só não basta? Não, acho que ele deveria após o ocorrido fazer tudo com seu talento como escritor para que outros não caiam no mesmo mal.

Um grupo que hora quer o sangue do Bruno, não está preocupado com a pauta “combate ao machismo”, não quer usar o ocorrido para “conversão de outros homens e mulheres a causa da defesa do combate ao machismo e o combate à violência contra a mulher”, elas (algumas delas e deles) querem sangue, querem a morte do Bruno, querem ele morto socialmente e não derramarão uma lágrima se quer se ele morrer fisicamente.

Foi promovido um linchamento virtual do Bruno, sim, tal e qual o valentão que lincha um delinquente na rua, estas pessoas querem o linchamento pelo delito que ele cometeu, que ele perca emprego, que ele perca respeito, que ele perca tudo, não estão preocupados em atrair ninguém para nada, não querem educar ninguém, querem a morte do Bruno e apenas isso dará a este grupo, o sentimento de justiça.

Gledson Brito
Professor e Historiador

4 thoughts on “Não querem justiça contra Bruno Azevedo. Querem sangue!

  1. Muito fácil pedir desculpas e deixar para lá. O exemplo deve vir com um bom tempo de cadeia e/ou trabalhos comunitários. Só desculpa não basta, sangue também não, mas a lei ajuda a transformar junto com outros elementos.

  2. Acompanhei o caso e sou um dos debatedores da postagem que foram agredidos. Sim, o discurso do ódio ali presente ultrapassou uma justa renvindicação contra uma atitude indefensável e reprimível do Bruno. Mas, o que se viu ali foi uma histeria e conceito seletivo de que todo homem é um violador. Uma unanimidade burra e pueril, embustida de um sentimento de revolta. elas tão certa? Tão, mas nem por isso quer dizer que várias das interlocutores perpeturaram um discurso do ódio não é umas particularidade masculina, mas, sim, humana.

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