Ser juventude não é só ir às ruas

Por Samuel Jorge

Bem mais do que crise política ou econômica, vive-se, no Brasil, uma crise de legitimidade institucional. As pessoas perderam, sobremaneira, a confiança em tudo aquilo que advém da política estatal e os principais corolários disso são o descrédito e o asco pela política. Perfeitamente compreensível.

Afinal, ninguém é obrigado a compactuar com a agressão sofrida diariamente. O único problema disso é o natural distanciamento da juventude do processo político. A política precisa de juventude.

É fundamental reconhecer que a mobilização popular, e de forma mais enfática a mobilização da juventude, tem sido responsável por transformações sociais consideráveis: desde as organizações estudantis, quando dos governos militares, até o movimento que se iniciou em São Paulo, com Fernando Haddad na Prefeitura, e que exigia, a priori, a manutenção dos preços das passagens no transporte público, percebe-se a importância de que a juventude esteja à frente do processo político, que não significa, necessariamente, processo legislativo.

O processo legislativo, por sua vez, tem sido o sustentáculo de uma democracia representativa que não logra êxito. É simples: os deputados estaduais e federais, vereadores e senadores nos quais votou a maioria da população representam o seu pensamento quanto à atividade parlamentar? Espero que sim, pelo menos em alguma medida. Caso não, chegamos ao ponto chave: falta legitimidade para representar. E como falta…

Quando se tem índices altíssimos de parlamentares sub judice, presos e uma Presidente que sequer tem o apoio da base aliada é que percebemos a importância da juventude e da mobilização popular. O saudoso Ulisses Guimarães disse, certa feita, que a única coisa que mete medo em político corrupto é o povo nas ruas.

O constituinte estava certo. Porém, com a devida vênia e longe de comparações à grandeza de Ulisses, político corrupto tem medo mesmo é de juventude nas ruas e, em seguida, disputando eleição. É a única forma de romper o ciclo de poder que tão mal faz ao Brasil.

Já passou da hora da juventude brasileira se colocar à disposição do país. E estar à disposição implica um número massivo de candidaturas jovens, por sua vez. É inaceitável termos parlamentares que são verdadeiros parasitas do dinheiro público e sem nenhum espírito republicano. 2016 foi um ano crucial para o futuro do Brasil.

Sobretudo porque apresentou quadros capazes de preencher as vagas em 2018, inclusive do cargo de Presidente da República do Brasil. Espera-se, nesse sentido, que esses quadros, já em 2018, sejam ocupados em sua maioria pela juventude.

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