Cunha foi ‘destinatário final’ de propina, diz delator da Lava Jato

Um dos principais operadores do esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro Alberto Youssef disse, em depoimento à Justiça nesta quarta-feira (13), que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-AL), foi o “destinatário final” do pagamento de propina pelo aluguel de navios-sonda para a execução de projetos da Petrobras, em 2006. Falando em regime de delação premiada, que reduz penas mediante apresentação de provas, Youssef disse que o consultor do Grupo Toyo Setal Júlio Camargo, investigado como executivo do conglomerado que intermediava os pagamentos de suborno, mencionou “exatamente” o nome de Cunha, em conversas sobre o assunto em 2011.

Segundo reportagem publicada hoje (quinta, 14) pelo jornal Folha de S.Paulo, Youssef disse ainda que, naquelas conversas, Júlio Camargo “deixou transparecer” que Cunha era representado pelo lobista Fernando Soares, o “Baiano”, nas negociatas sobre sondas. Falando como réu, Youssef disse ainda que Fernando era um dos operadores do PMDB no esquema de corrupção na estatal e também era destinatário final das propinas.

Youssef relatou que Júlio Camargo “realmente bastante perturbado” ao procurá-lo para apressar um pagamento, que estaria atrasado. A preocupação de Camargo tinha explicação, informou Youssef: os requerimentos aprovados em comissões da Câmara e encaminhados ao Tribunal de Contas da União (TCU), questionando contratos da Mitsui, uma das empresas que Camargo representava, com a Petrobras. O delator disse que os pedidos ao TCU eram uma maneira de Cunha, por meio de outros deputados, pressionar Camargo a pagar as propinas.

Mas Júlio Camargo, que depôs instantes após Youssef, negou ter mencionado Cunha ou atribuído ao deputado qualquer participação no negócio das sondas. O executivo também está contribuindo com as investigações sob regime de delação premiada.

Eduardo Cunha tem negado toda e qualquer denúncia que surge nesses depoimentos da Lava Jato, e diz que jamais foi beneficiário do esquema de desvios de dinheiro em contratos da estatal.

 

Congresso em Foco

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