Qual o problema de preservar a memória do Maranhão?

“Todo mundo canta sua terra. Eu também vou cantar a minha”. Escreveu o maranhense do século, João do Vale em companhia de João Aguiar Sampaio. E acompanhado desses versos, vale o questionamento diante do tema que está em voga. Como outros estados tratam seus conterrâneos que chegaram a Presidência da República? Não é necessário gostar, nem endeusar, muito menos detestar ou demonizar. Gostando ou não de José Sarney foi Presidente da República. E é Maranhense, ou seja, faz parte da nossa história e deve ser contada. 

Memorial Getúlio Vargas no Rio de Janeiro é mantido pela
prefeitura municipal.
Em outros estados, existem museus que guardam, preservam, contam e divulgam a história de ex-presidentes. No Rio de Janeiro, a prefeitura mantém o Memorial Getúlio Vargas e olha que ele nem era fluminense ou carioca, o ex-presidente era gaúcho. Mas no Rio Grande do Sul a memória de Vargas também está preservada, tanto em Porto Alegre como em São Borja. E sinceramente desconheço a existência de “getulistas” no Rio Grande do Sul, deve até ter, mas é uma parcela tão minima que nem se entra em discussão.

Qual é o problema de preservarmos a história do maranhense que chegou a presidir a República? Esse fato é de domínio público e não vai ser mudado, aconteceu. Como será contada, aí já é outra discussão.

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Se a discussão fica por conta de onde o acervo está sendo guardado e colocado em exposição, que se mude. Coloque em outro ambiente, talvez onde ele tenha nascido ou crescido ou algum espaço que tenha identificação com a história do próprio, como acontece com tantas outras figuras que pontuaram de forma mais ou menos ilustre a história brasileira e até mesmo maranhense.

Quanto ao Convento, inúmeras utilidades podem ser dadas a ele, poder ser convertido em escola pública, centro de pesquisa (como o instituto Manguinhos no Rio de Janeiro) ou na faculdade de historia ou artes da universidade estadual do Maranhão ou até mesmo se manter a Fundação da Memória Republicana e seus inúmeros projetos sociais.

Não parece ser muito saudável para os valores democráticos e republicanos o culto a personalidade como se fazia nos governos do Maranhão do passado recente. Mas querer apagar da memória histórica que houve um presidente da República Maranhense e chamado José Sarney lembra aquelas cenas da Rússia Stalinista, em que se apagavam das fotos a figura de Leon Trotsky, só porque era dissidente do regime político dominante. 


Isso não deve condizer com o Flávio Dino, governador este que mais de 60% da população maranhense ajudou a eleger governador, acreditando na tolerância, em um ser democrático e também com caráter republicano. 

Deve ser encontrado um destino adequado para esse rico acervo e que o Convento das Mercês pode continuar oferecendo a população maranhense, projetos sociais e para os turistas um pouco da beleza arquitetônica, natural e história do Maranhão.

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