O Imparcial

Raimundo Borges

Se tivesse consultado o seu signo (Gêmeos), ontem, Roseana Sarney teria tido a seguinte resposta dos astros: “Um pouco de ar puro, movimento e novidade ao seu redor trazem ânimo e liberam a tensão.” De fato, o horóscopo da governadora dava-lhe ainda “boas notícias e desenvolvimento positivo de projetos e intenções pessoais”. Foi exatamente nesse clima de visível tensão que Roseana convocou a imprensa, para anunciar, numa salinha apertada do Palácio dos Leões, a decisão de permanecer no governo até o fim do mandato.

Acompanhada da secretária de Comunicação Carla Georgina e do ex-secretário das Cidades, Hildon Rocha, a chefe do Executivo postou-se diante da Câmara para anunciar o que a manchete de O Imparcial antecipara, chamando a data de “Dia do Fico”, acrescido apenas de um ponto de interrogação. A brincadeira, que acabou se confirmando, fez alusão ao dia 9 de janeiro de 1822, quando o então príncipe regente D. Pedro de Alcântara foi contra as ordens das Cortes Portuguesas que exigiam sua volta a Lisboa, e anunciou, solene “se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico”.

A decisão de Roseana, porém, tem outro sentido, motivos e circunstâncias. Ela programou renunciar ao mandato e disputar o Senado, com Luís Fernando, sentado em sua cadeira e concorrendo ao governo. Deu errado, porque na Assembleia Legislativa, onde se daria a eleição indireta, tinha um plano secreto. A oposição, que tem 11 votos, lançaria José Reinaldo Tavares para concorrer com quem aparecesse.

Reinaldo, um político que já foi de sala e cozinha e se gaba de ter “pós- doutorado” em Sarneísmo, além profundo conhecedor das “necessidades” de campanha de cada deputado, teria tudo para atraí-los, vencer a indireta na Alema e partir para a eleição direta com a faca e o queijo na mão. Uma montanha de dinheiro, o diário oficial e a caneta, nada mais lhe faltaria para terminar o serviço, amansando a “rebeldia” pragmática dos deputados e tocar a todo vapor a campanha de Flávio Dino.

Afinal, com uma máquina de triturar adversários e produzir aliados aos magotes, perder eleição seria uma miragem. E aí, olhando a arapuca armada, Roseana, pensou, pensou, e, de semblante tenso, disse aos jornalistas: “Vou ficar”. Ela mesma respondeu por que: “Quero terminar minhas obras, quero terminar as ações do governo, quero deixar aqui cumprido o compromisso que eu tive com o povo maranhense ao me eleger governadora do Maranhão”. E foi embora, sem dar tempo a qualquer pergunta.

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