A repulsa que vem gerando os blogueiros

Esta semana participei de um encontro que entre os convidados só tinham jornalistas de fato e de direito, e que atuavam em veículos de comunicação com nome no mercado. Até aí tudo bem, nenhum fato que chamasse a atenção, porém o que ganhou destaque para mim nessa ocasião, foi quando um dos sócios da empresa, tentou falar na surdina para seu assessor de comunicação, “vamos marcar um novo encontro desse para apresentar a nossa nova marca, mas vamos manter esse padrão, nada de blogueiro (a)”.

Daquela frase surgiu esse texto e uma necessária reflexão. Como já disse, em minha primeira publicação deste meu blogue – “Igual, mas diferente: blogueiro não é jornalista” (veja aqui) – reitero que existe semelhanças, mas também são inúmeras as diferenças entre o desempenho desses dois papeis na comunicação.



Em primeiro lugar, se faz necessário frisar, que a proliferação de blogues não ocorre apenas no setor da política, mas também na moda, economia, cultura etc. Não há nenhum problema no boom de criação de blogues, pelo contrário é bem melhor, desenvolvemos a “inteligência coletiva”, que Pierre Lévy já previa em 1997. O problema são as práticas que são tomadas por estes, por esse motivo a palavra ou até para alguns, a profissão blogueiro, se tornou algo vulgar, que chegar a gerar repulsa.

Devemos entender que existem sim jornalistas nos espaços virtuais, aqui um exemplo, porém outra grande parte, se quer pisou em uma sala de aula de uma Faculdade de Comunicação Social ou quem sabe de qualquer curso superior. Partindo desse pressuposto, todas as noções que vão desde a apuração jornalística até a ética jornalística estão ocultas no imaginário de alguns blogueiros, uma vez que não são conhecidas.

O problema do blogueiro de carreira é tão grave que quando em ocasiões que servem para apuração jornalística, acaba se misturando com apresentação de proposta comercial para divulgação de um produto. Um absurdo!

Tirando essa parte financeira, situações de falta de apuração ou de unilateralismo, também provocam à aversão aos blogueiros. No jornalismo existe o direito do contraditório, o outro lado tem o direito a fala, em alguns blogues infelizmente isso não acontece. “O ouvir dizer” é outro fato que desencadeia acessos de raiva contra os blogueiros, pois alguns bastam escutar apenas uma palavra lá do outro lado da rua que já vão fazer um “post” sobre o assunto, sem ao menos checar ou ter conhecimento do que se trata, mas uma pessoa falou e ele terá que dar a exclusividade. Lamentável essa postura!

As vezes gosto de frisar bem, “antes de mais nada, sou jornalista”. Afinal até a palavra blogueiro causa aversão a mim e repito, que não é por conta do exercício do ato, para deixar bem claro, mas pelas práticas que uma parcela considerável vem tomando e que acabam colocando todos em um mesmo saco.

Como defendido por mim, blogue é um espaço virtual e pessoal, opiniões são totalmente aceitas, o problema é quando você quer misturar opinião e informação sem ter condições de fazê-lo ou realizar de forma induzida, descaracteriza toda a função social inicial de um blogue.

De vez em sempre blogues de moda são acusados de apontarem recomendações forçadas de um produto, simplesmente por estarem sendo pagas por alguma marcas ou fabricante. Isto pode acontecer nos tradicionais veículos de comunicação, mas sem sombra de dúvida em menor incidência, até pelo fato de que o nome da empresa está em jogo, ainda mais em um mercado tão canibalista como o da comunicação.


Por isso vale a pena uma reflexão de qual postura deve ser tomada por alguns blogueiros, para que a discriminação e o preconceito, possam parar de existir, pois é fato em que uma comunicação cada vez mais inserida no contexto interação e interatividade, os blogues passam a ser parte fundamental do processo.

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