A hipocrisia do Conselho Regional de Medicina

No minimo intrigante a postura do presidente do Conselho Regional de Medicina do Maranhão, que afirma nos microfones da mídia: “O Conselho Regional de Medicina do Maranhão não vai aceitar a vinda ilegal de médicos estrangeiros. Estamos anunciando que não vamos aceitar porque é uma maneira ilegal de introduzir médicos no mercado de trabalho”. Só que imagino que ele esquece de um fato: O Maranhão tem o menor percentual de profissionais de medicina em comparação a todos os outros estados. Para se ter ideia, a média maranhense é 0,7 médico por 1000 habitantes, enquanto a média nacional é de 2 médicos para cada 1000 pessoas.

Faz sentido impedir o exercício da profissão de médicos que passaram pela mesma formação, quem sabe até melhor dos que trabalham no país? Eu respondo: não faz!! Porém o meu posicionamento nem vai se fixar no fato da reserva de mercado pretendida pela classe médica.


O que intriga é que o CRM-MA não faz um esforço para coibir e fiscalizar o exercício ilegal da profissão. Para se ter uma ideia é uma prática corriqueira nos corredores das faculdades de medicina, a oferta de trabalho, o que mais acontece é um colega de faculdade informar o outro: “olha tão pagando R$700 por plantão lá no interior tal, para tirarmos no lugar do médico“.


Lamentável!!


E isto quem faz não são pessoas aleatórias, mas sim, médicos que tem o CRM (registro profissional) e não estão mais dispostos a ir ao interior. Por isso é bem mais fácil oferecer uma “ajuda de custo” para o estudante, afinal ele vai aceitar, pois ele precisa se manter, uma vez que fazer medicina mesmo em Universidade pública no Brasil, é caríssimo. Fora que qual estudante não fica tentado em ganhar um bom dinheiro por 6, 12 ou 24 horas de plantão?


Eu apoio os médicos até o momento que eles reclamam que falta estrutura e tudo mais na rede pública de saúde. E inclusive defendo que o médico deve escolher onde quer trabalhar, se é na capital ou no interior, tanto faz, o direito é garantido pela Constituição. Porém impedir a entrada de profissionais capacitados para o exercício da profissão, possibilitando oferecer assistência ou até mesmo garantir que vidas sejam salvas, não podemos aceitar.


Pior ainda é fazer vista grossas as irregularidades internas da profissão! Quer dizer que a falta do diploma médico dos estudantes que exercem a profissão de forma ilegal tem mais valor que o certificado dos estrangeiros, pelo simples motivos que ele veio escrito em outra língua. Será que somos tão burros, para não compreender que aquele médico estrangeiro também a capacidade de exercer a profissão?


O Conselho Regional de Medicina do Maranhão, que a propósito tem o mesmo presidente por quanto tempo? Não lembro, só recordo que faz um bom período que ouço escutar de apenas um nome.


Mas independente de quem esteja a frente, o CRM-MA deveria inicialmente resolver problemas mais graves do que se importar com a vinda de “mais médicos” para o Maranhão.


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